Somente Cristo! Somente a Bíblia!

"Fiz uma aliança com Deus: que ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer, tanto para esta vida quanto para o que há de vir." - Martinho Lutero

sábado, 6 de agosto de 2011

A Nuvem Branca


A Nuvem Branca
A Nuvem Branca
A Nuvem Branca
A Nuvem Branca
A Nuvem Branca


Como visões não cumpridas e embaraçosos tropeços de uma profetisa foram acobertados e ocultados por seus seguidores


Dirk Anderson


Lembre-se do 9o Mandamento
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo
Êxodo 20:16


Índice


Prefácio
Introdução
Um Início Decepcionante
A Profetisa da Porta Fechada
O Julgamento de Israel Dammon
Reforma de Saúde ou Mito de Saúde?
Mais Livros Desaparecidos
Alterações, Revisões, e Mudanças
Referências

Apêndice



Prefácio


por Ellen G. White


"'Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. '(Êxo. 20:16) Falar falsamente em qualquer assunto, qualquer tentativa ou propósito de enganar o semelhante aqui se incluem. Uma intenção de enganar é o que constitui falsidade. ... Todo exagero intencional, todo indício ou insinuação calculados para transmitir uma impressão errônea ou exagerada, mesmo a declaração de fatos de molde a enganar, é falsidade." - Patriarcas e Profetas, p. 309.

"Ele [Jesus] ensina que a verdade exata devia ser a lei do falar. 'Seja o teu falar, Sim, sim; Não, não; porque o que passa disso é de procedência maligna' [Mat. 5:37]. Essas palavras condenam ...as falsidades no comércio que se pratica na sociedade moderna ... Ensinam que ninguém que tente parecer o que não é, ou cujas palavras não transmitem o real sentimento do coração, pode ser chamados veraz." - O Maior Discurso de Cristo, p. 68.


Introdução

Recordo-me que, quando garoto, via minha mãe ativamente martelando as teclas de sua máquina de escrever. De vez em quando, detinha-se e apanhava um pequeno frasco contendo um líquido branco pastoso. Cuidadosamente, pintava com o líquido branco a palavra que havia escrito errado, e a palavra desaparecia sob a brancura como que por arte de magia - como se nunca houvesse existido. Para uma criança pequena, isso era fascinante.

Tendo crescido num lar adventista do sétimo dia de segunda geração, e tendo sido educado em escolas adventistas por dezesseis anos, fui completamente instruído sobre a vida e ensinos da profetisa adventista, Ellen G. White. Quando meus professores me narravam as visões e as milagrosas circunstâncias da vida dela, ficava muito admirado. Li a história de sua vida e convenci-me de que essa pequena senhora certamente devia ser profetisa de Deus. O que não percebia é que só estavam me contando parte da história. Como perceberá, trechos críticos da história de sua vida haviam sido "branqueados" por seguidores bem intencionados. Os fatos históricos que estes seguidores decidiram excluir de seus relatos eram ocorrências que não se encaixavam bem no quadro dela como profetisa da igreja remanescente do final do tempo, que estavam buscando pintar.

O propósito deste livro é eliminar o brilhante exterior pintado pelos historiadores adventistas e ter uma visão nítida da verdadeira Ellen White - a Ellen White que seus amigos e associados conheceram. Surpreender-se-á de ver a Sra. White estabelecer datas para o regresso de Cristo - depois do Grande Desapontamento de 1844! Ficará perturbado ao ver a Sra. White em visão dizer a outros adventistas que a porta da salvação havia se fechado para sempre para os pecadores. Contemplará o escandaloso fanatismo que se apoderou das primeiras reuniões nas quais a Sra. White profetizou. Ficará assombrado ao inteirar-se de como as porções prejudiciais dos escritos da Sra. White foram eliminadas silenciosamente e os escritos republicados como se os originais jamais houvessem existido. Verá as citações antes e depois de haverem sido "branqueadas", e averiguará quem as retirou, e por quê.

Este livro lhe mostrará como os adeptos de Ellen White têm-se ocupado através dos anos em corrigir, eliminar, apagar, e polir seus escritos. Passaremos em revista os falsos ensinos que desapareceram de seus escritos, e veremos até livros inteiros que já não se publicaram mais e que desapareceram, como que por arte de magia, nas brumas da história - como se nunca tivessem existido.

Enquanto lê este livro, pode ser que se sinta incomodado. Pode ser que se sinta furioso. Às vezes poderá até rir-se surpreso. Faça o que fizer, por favor tome o tempo necessário para considerar cuidadosamente a evidência apresentada. A Sra. White declarou que seus escritos "resistiriam ao teste da investigação." 1 Assim, mãos à obra nessa investigação!

Dirk Anderson



Um Início Decepcionante



Ellen Harmon era uma frágil garota de 13 anos de idade quando pela primeira vez ouviu William Miller anunciar que o fim do mundo estava às portas. Tinham decorrido quatro anos desde que uma colega de escola lhe havia lançado uma pedra no rosto - um incidente que alteraria sua vida para sempre. O golpe que sofreu causou uma severa lesão cerebral, que quase termina com sua vida. O trauma no cérebro foi tão intenso que não progrediu muito na escola, e finalmente, depois da idade de doze anos, desistiu de tentar freqüentar a escola formalmente.2 Apesar de sua incapacidade para freqüentar a escola, em breve desenvolveu outros interesses. Ellen e sua família se sentiram cativados pelo fazendeiro convertido em pregador que por primeira vez predisse que o mundo terminaria em 1843, mudando depois a data para 22 de outubro de 1844. Ellen foi arrebatada pelo fervor religioso que ficaria conhecido como Clamor da Meia Noite, ou movimento milerita, e movimento adventista.

Ellen cresceu numa atmosfera carregada de "entusiasmo" religioso. Havia profetas de Deus por toda parte. Em princípios do século dezenove, nos Estados Unidos, abundavam "profetas" de toda classe e condição. Era uma época em que os visionários e os profetas eram populares e atraíam grande número de seguidores. Nessa época, o fundador dos mórmons, Joseph Smith, recebia "revelações" de Deus. Na década de 1830, propagou-se verdadeira epidemia de visões pelas comunidades dos quacres; mocinhas "começaram a cantar, a falar de anjo, e a descrever uma viagem que faziam, sob condução espiritual, a lugares celestiais”. Com freqüência, os afetados "caíam ao solo, onde jaziam como mortos, ou lutavam angustiados, até que alguém que estava próximo os levantava, e então começavam a falar com grande claridade e compostura."3

O movimento milerita teve sua própria quota de profetas. John Starkweather, um milerita, e pastor assistente na Capela de Joshua Himes, em Chardon Street, experimentava o que alguns críticos descreviam como ataques "catalépticos e epilépticos" que desconcertavam a seus colegas mais calmos. Finalmente, foi expulso da congregação quando seus dons espirituais resultaram ser contagiosos.4

Foi durante esses anos impressionáveis da adolescência que a jovem Ellen teve a oportunidade de associar-se com os "profetas" do movimento milerita. Estava bastante familiarizada pelo menos com os profetas mileritas. Em 1842, um milerita afroamericano chamado William Foy começou a receber o que cria serem visões de Deus. Passou a percorrer a Nova Inglaterra pregando, e Ellen foi ouvi-lo falar não Beethoven Hall de sua cidade natal de Portland, Maine. Mais tarde, ela também viajou com seu pai para ouvi-lo falar na cidade próxima de Cape Elizabeth.5 Em 1845, Foy publicou um folheto que continha suas visões. Há poucas dúvidas de que Ellen conservava uma cópia das visões de Foy de que tinha posse.6 As esplêndidas descrições do céu por Foy devem tê-la emocionado:

"Então contemplei, não meio desse vasto lugar, uma árvore, cujo tronco era semelhante a vidro transparente, e cujos ramos era como de ouro transparente, que se estendiam por todo o vasto lugar... o fruto parecia cachos de uva, semelhantes ao ouro puro."7

Alguns anos mais tarde, quando recebia suas próprias visões, Ellen descreveu uma visão que recordava a de Foy:

"Num lado do rio havia um tronco de árvore, e outro tronco do outro lado do rio, ambos de ouro puro e transparente... seus ramos se inclinavam na direção de onde estávamos, e o fruto era glorioso; parecia de ouro mesclado com prata."8

Ellen também teve um profeta em sua extensa família. Hazen Foss, cunhado de sua irmã Mary, assegurava haver recebido uma visão de Deus. Enquanto alguns criam nos profetas, nem todos não movimento milerita estavam inclinados favoravelmente a aceitá-los. Nos dias finais do movimento milerita, havia tanta excitação religiosa que o dirigente milerita Joshua Himes se queixou de estar num "mesmerismo de sete pés de profundidade."9

O fanatismo continuava perturbando os mileritas mesmo depois do desapontamento de 22 de outubro, e parecia particularmente prevalecente entre os crentes da "porta fechada." Os crentes da "porta fechada" eram membros do movimento milerita que criam que a porta da salvação se havia fechado em 22 de outubro de 1844 para todos os que tinham rechaçado o movimento de William Miller fixando uma data para a vinda de Jesus. Foi entre os crentes da "porta fechada" que Ellen Harmon mais tarde se converteria na principal profeta.

Em Springwater Valley, Nova York, um partidário da "porta fechada", de raça negra chamado Houston, afirmava que Deus às vezes lhe falava em visões. O grupo da "porta fechada" em Portland, Maine, terra natal de Ellen Harmon, tinha ainda pior fama nos círculos mileritas. Joshua Himes criticava "sua contínua introdução de tolices visionárias."10 Em março de 1845, Himes informou a Miller que uma tal irmã Clemons da cidade natal de Ellen Harmon, Portland, Maine, "se tornou muito visionária e tem desagradado a quase todos os bons amigos aqui." Poucas semanas mais tarde, informou que outra irmã de Portland havia recebido uma visão mostrando-lhe que a Irmã Clemons era do diabo. Himes concluiu: "As coisas estão mal em Portland."11

Quando Cristo não regressou em 22 de outubro de 1844, como se havia predito, o fervor religioso gradualmente começou a diminuir, e muitos dos "profetas" regressaram a suas ocupações anteriores. Embora a maioria tenha abandonado a doutrina milerita, uns poucos persistiram nela. Entre esses poucos estava Ellen Harmon. Suas visões pareciam indicar que o regresso de Cristo ainda era iminente. Sentia-se compelida por Deus a compartilhar essas visões com outros. Começou a viajar pela região nordeste dos Estados Unidos compartilhando suas visões com os dispersos crentes adventistas. Teve resultados mistos. Enquanto alguns se sentiram estimulados por suas visões, outros ficaram em dúvida. Pelo menos uma testemunha teve a impressão de que as visões dela eram mais produto de sua imaginação que da inspiração:

"Não posso respaldar as visões da irmã Ellen como se fossem de inspiração divina, como o irmão e ela crêem... Creio que o que ela e o irmão consideram visões do Senhor, são apenas sonhos religiosos, nos quais sua imaginação corre solta sobre temas nos quais ela está sumamente interessada. Enquanto assim absorta nesses sonhos, permanece alheia a tudo o que lhe ocorre ao redor."12

Deve ter sido frustrante para a jovem profetisa que tanta gente que presenciava suas visões, incluindo de sua própria família, mantinha dúvidas de sua divina origem. Mais tarde, Ellen lamentaria que "muitos" dos que presenciaram suas primeiras visões creram que eram resultado de "excitação e mesmerismo", mais que de inspiração divina.13 Isaac Wellcome, um ministro adventista que presenciou várias das primeiras visões, descreve-as como segue:

"Ellen G. Harmon... estava estranhamente inquieta em corpo e mente... caindo sobre o soalho... (recordamos que a seguramos duas vezes para impedir que caísse sobre o piso)... Nas reuniões falava com grande veemência e rapidez até que caía; nesse momento, como ela afirmava, eram-lhe mostradas maravilhosas cenas do céu e o que sucedia ali. Afirmava haver visto que Cristo tinha deixado o ofício de mediador e assumido o de Juiz, havia fechado a porta da misericórdia, e estava apagando os nomes do livro da vida... Vimo-la em Poland, Portland, Topsham, e Brunswick durante o começo de sua carreira, e a ouvimos falar amiúde, e a vimos cair várias vezes, e a ouvimos relatar maravilhas que dizia que seu Pai celestial lhe permitia ver. Suas visões sobrenaturais ou anormais não foram entendidas em seguida como visões, mas como cenas espirituais de coisas invisíveis, o que era bastante comum entre os metodistas... Essas visões não eram senão os ecos do Pr. [Joseph] Turner e a pregação de outros, e as consideramos como resultado da sobre-excitada imaginação de sua mente, e não como fatos.14

Foi durante 1845 que Ellen Harmon conheceu o jovem ministro que mais tarde se converteria em seu esposo, Tiago White. Tiago e Ellen começaram a viajar juntos, pregando para o rebanho disperso de adventistas que ainda mantinham a esperança de que o regresso de Cristo estava iminente. Aquela gente se havia sentido amargamente decepcionada, e estava ansiosa de ouvir dizer que o regresso de Cristo ainda estava bem próximo. A aspirante a profetisa levantou as esperanças despedaçadas dos crentes mileritas profetizando que o Senhor viria em junho de 1845. Quando esta data passou sem que nada sucedesse, a profetisa deixou de lado o erro e atrasou a data para setembro. Lucinda Burdick, uma esposa de ministro que havia presenciado as visões de Ellen Harmon em 1845, descreve o caos que essas predições sobre as datas causaram entre os crentes adventistas:

"Conheci Tiago White e Ellen Harmon (agora Sra. White) em princípios de 1845... Ela fazia crer que Deus lhe mostrava coisas que não sucediam. Numa ocasião, viu que o Senhor viria pela segunda vez em 1845. A profecia foi discutida em todas as igrejas, e num pequeno 'periódico da porta fechada' publicado em Portland, Maine. Durante o verão, depois de que junho havia passado, ouvi um amigo perguntar-lhe como explicava a visão. Ela respondeu que 'lhe falaram não idioma de Canaã, e ela não entendeu o idioma; que seria o próximo setembro quando o Senhor viria, e o segundo crescimento da erva em vez do primeiro em junho.'

"Passou aquele setembro, e muitos mais já se têm passado desde então, e ainda não vimos o Senhor. Logo ficou evidente para todas as pessoas ingênuas que muitas coisas devem ter sido 'ditas na língua de Canaã,' ou alguma outra que ela não entendia, pois se deram repetidos fracassos. Eu poderia mencionar muitos dos quais eu mesma me inteirei."15

Apesar de seus primeiros dois fracassos em predizer o regresso de Cristo, Ellen e Tiago continuaram pregando o iminente regresso de Cristo. Como estavam surgindo perguntas sobre se era ou não correto que Tiago e Ellen viajassem juntos sem estar casados, decidiram atar o nó matrimonial para evitar a aparência do mal. Ao viajarem através de Maine, as visões de Ellen advertiam que os ímpios se levantariam contra eles e os encarcerariam. Iam de um lado a outro dando a conhecer essas espantosas visões em todas as igrejas pelas quais passavam. Desafortunadamente, esta prática resultou contraproducente quando os eventos profetizados não tiveram lugar. Lucinda Burdick, testemunhas daquelas visões, conta a história:

“Uma vez, quando viajaram rumo à parte leste de Maine, ela viu que teriam grandes problemas com os ímpios, que seriam encarcerados, etc. Contavam isso nas igrejas pelas quais passavam. Quando regressavam, diziam que haviam passado um tempo glorioso”.
"Os amigos lhes perguntavam se haviam tido algum problema com os ímpios ou com as prisões. Respondiam: 'Nenhum, em absoluto.' Logo, os membros em todas as igrejas começaram a abrir os olhos, e se opuseram decididamente às visões; e, tão pronto o faziam, ela via que tinham 'manchas nos vestidos,' como dizia. Eu conheci pessoalmente vários ministros, aos quais ela via que tinham chegado ao reino, e dizia: 'Oh, que coroas tão brilhantes, CHEIAS de estrelas!' Tão logo se opunham estes às visões, ela os via 'condenados, malditos, e perdidos para sempre, sem esperança.'"16

No princípio de sua carreira, a Sra. White revelou uma característica que haveria de segui-la pelo resto de seus dias. Quando uma de suas profecias revelava-se fracassada o quando cometia erros, em vez de reconhecê-los, volvia-se contra aqueles que os haviam notado, e os acusava de estarem "amaldiçoados" e "perdidos”. Antes que estimular a fé em seu dom, esse costume ofendia a um grande número de pessoas. Devido a esse costume, e dada às fracassadas profecias de Ellen, os White agora se acharam numa situação desafortunada. Muitos dos crentes adventistas se haviam voltado contra eles. A credibilidade dos White e seus recursos financeiros estavam no ponto mais baixo. Necessitavam era de um amigo influente que pudesse ajudá-los naquele período difícil.

Os White Conhecem Joseph Bates

Joseph Bates, um capitão da marinha aposentado convertido em pregador, era tido pelos adventistas em alta estima. Era influente, muito bem educado, e homem de caráter. Ele conheceu os White não outono de 1846. Naquela época Ellen tinha só dezenove anos, era débil, não tinha educação, e era ainda desconhecida pela maioria dos adventistas. Tiago tinha vinte seis anos, e apenas uma educação limitada. Ele e a esposa eram pobres e necessitados. Um amigo influente como Joseph Bates era exatamente do que os White necessitavam. A princípio, os White e Joseph Bates eram mutuamente céticos. Os White descriam do sábado de Bates a que atribuíam pouco valor. Por seu turno, Bates demonstrava-se cético quanto ao dom profético de Ellen. Numa ocasião, Bates escreveu:

"Já se passaram uns dois anos desde que vi a autora [Ellen White] pela primeira vez, e a ouvi relatar o principal teor de suas visões que desde então foram publicadas em Portland (6 de abril de 1846). Conquanto nada possa ver nelas que militem contra a Palavra, senti-me em extremo alarmado e desafiado, e por longo tempo nada disposto a crer que aquilo fosse outra coisa senão o resultado de um prolongado estado de debilidade de seu corpo."17

Como muitos outros, Bates tinha a impressão de que as visões de Ellen eram mais o resultado de sua má saúde, causada pela terrível lesão cerebral, do que de revelações divinamente inspiradas.



A Profetisa da Porta Fechada



Quando Cristo não regressou no tempo em que era esperado em 22 de outubro de 1844, houve grande confusão entre os seguidores de Guilherme Miller. Nos meses seguintes, a maioria dos mileritas regressou a suas igrejas, mas outros estavam demasiado envergonhados para admitir seu erro ou sentiam-se demasiado humilhados para regressar. Alguns sentiram que suas antigas igrejas os haviam tratado com um espírito nada cristão, e preferiram adorar com os que tinham experimentado uma peregrinação semelhante. Estas pessoas eram conhecidas como "adventistas", e foi entre elas que o ensino da "porta fechada" se desenvolveu por primeira vez.

O ensino da "porta fechada" se baseia na parábola das dez virgens de Mateus 25. De acordo com a parábola, os mensageiros do Esposo clamam à meia-noite que o Esposo, que representa a Jesus, vem à festa das bodas. (Mat. 25:6). Muitos adventistas continuaram crendo que o movimento de 1844 anunciando o regresso de Cristo era o clamor da meia-noite. Os seguidores da porta fechada ensinavam que o Esposo veio à "ceia das bodas" em 22 de outubro de 1844:

E saindo elas [as virgens insensatas] para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta!”Mat. 25:10”.

Ensinavam que o versículo anterior se cumpriu em 22 de outubro de 1844, quando Cristo se levantou no santuário celestial e passou do Lugar Santo ao Lugar Santíssimo. Ao fazê-lo, Cristo fechou a porta da salvação para todos, exceto para "as virgens prudentes", os crentes adventistas que haviam participado do movimento de Guilherme Miller de 1844. Criam que Jesus agora estava "encerrado" com seu povo especial, preparando-o e purificando-o por meio de uma série de provas e tribulações para que fosse digno de receber o Seu reino. Criam que, desde 22 de outubro de 1844, Cristo estava ministrando só a Israel – os crentes adventistas. Ensinavam que Cristo estava provando Seus filhos sobre certos pontos da verdade, como o sábado, e que Sua obra em favor da salvação dos perdidos havia terminado.
A princípio, Guilherme Miller ensinou a doutrina da porta fechada, como se pode ver no artigo que escreveu em dezembro de 1844:

"Ao advertir os pecadores e tentar despertar uma igreja formal, cumprimos nossa obra. Em sua providência, Deus fechou a porta; só podemos instar-nos mutuamente a ser pacientes."30

Em 19 de fevereiro de 1845, Miller expressou sua crença de que nenhum pecador se havia convertido na terra durante os últimos cinco meses: "Não vi nenhuma conversão legítima desde então [22 de outubro de 1844]”.31 No entanto, pelo final de 1848 quase todos os crentes na porta fechada, incluindo Miller, haviam abandonado a doutrina.

No entanto, havia uns poucos adventistas que persistiam na doutrina da porta fechada. Joseph Bates era um firme crente na doutrina da porta fechada. Sustentava que haveria um período de sete anos durante o qual Cristo provaria Seus filhos. Cria que ao final desse período, em 1851, Cristo regressaria à terra. Em 1847, Bates escreveu:

"A porta aberta de Paulo, então, era a pregação do evangelho aos gentios. Feche-se esta porta, e a pregação do evangelho não terá nenhum efeito. Isto é exatamente o que dissemos que ocorre. A mensagem do evangelho terminou no tempo assinalado com a terminação dos 2300 dias [em 1844]; e quase todos os crentes honestos que estão observando os sinais dos tempos o admitirão”.32

Como Bates, Tiago e Ellen White eram ardentes partidários da doutrina da porta fechada. Já em 1845, Ellen estava recebendo visões que mostravam que a porta da salvação estava fechada. Uma senhora que vivia no Maine, e que tinha mais ou menos a idade de Ellen, era Lucinda Burdick. Ela descreve como conheceu Ellen:

"Ouvi falar pela primeira vez da Srta. Ellen G. Harmon (depois Sra. Ellen G. White) em princípios do inverno (janeiro ou fevereiro) de 1845, quando meu tio Josiah Little veio à casa de meu pai e informou que havia visto uma tal Ellen Harmon no ato de ter visões que ela assegurava receber de Deus. Meu tio disse que ela afirmava que Deus lhe havia revelado que a porta da misericórdia tinha-se fechado para sempre, e que de agora em diante não havia mais salvação para os pecadores. Isto me causou grande inquietude e angústia mental, porque eu não havia sido batizada e meu jovem coração se preocupou muito pelo que sucederia com a minha salvação se a porta da misericórdia estivesse realmente fechada”.33

Ter a informação de que a porta da salvação estava fechada para os pecadores deve ter sido angustioso para a jovem Lucinda. Ela recorda mais experiências espantosas com a profetisa:

"Ellen estava tendo o que se conhecia como visões: Dizia que Deus lhe havia mostrado em visão que Cristo Jesus se levantou no dia décimo do sétimo mês de 1844 e fechou a porta da misericórdia; que havia abandonado para sempre o trono mediador; que o mundo inteiro estava condenado e perdido, e que jamais se salvaria qualquer outro pecador”.34

A mensagem de Ellen White para seus seguidores era de que não restava qualquer obra por fazer a favor dos não-adventistas. O ministro adventista Isaac Wellcome recorda tê-la ouvido relatar esta mensagem em visão em 1845:

"Amiúde, estive em reuniões com Ellen G. Harmon e Tiago White em 1844 e 1845. Várias vezes a sustive enquanto caía ao solo, -- às vezes quando desmaiava durante uma visão. Ouvi-a relatar suas visões destas datas. Várias foram publicadas em panfletos, dizendo que todos os que não apoiavam o movimento de 1844 estavam perdidos, que Cristo havia abandonado o trono da misericórdia, que todos os que seriam selados o haviam sido, e que ninguém mais se arrependeria. Ellen e Tiago ensinaram isto por um ou dois anos. Recentemente, em suas visões publicadas, chamadas ‘Testemunhos,’ suas visões diferem amplamente, e contradizem suas visões anteriores direta e patentemente”.35

Em princípios de 1846, Ellen escreveu acerca de uma experiência em que suas visões ajudaram a convencer almas que duvidavam de que a porta da salvação estava realmente fechada:

"Enquanto em Exeter, Maine, ao estar reunida com Israel Dammon, Tiago, e vários outros, e muitos deles não criam numa porta fechada. Eu sofria muito no início da reunião. A descrença parecia estar por todo lado.

Havia uma irmã ali que era considerada muito espiritual. Tinha viajado e fora uma poderosa pregadora pela maior parte do tempo durante vinte anos. Ela havia sido verdadeiramente uma mãe em Israel. Mas uma divisão havia surgido no grupo sobre a questão da porta fechada. Ela tinha tido grande misericórdia, e não podia crer que a porta estava fechada. (Eu nada soubera da diferença entre eles). A irmã Durben levantou-se para falar. Sentia-me muito, muito triste.

Minha alma parecia em agonia o tempo todo, e enquanto ela falava, caí de minha cadeira ao chão. Foi então que tive uma visão de Jesus erguendo-Se de Seu trono de Mediador e indo para o Lugar Santíssimo, como o Noivo indo receber o Seu reino. Todos estavam profundamente interessados na visão. Todos disseram que era algo inteiramente novo para eles. O Senhor operou com grande poder estabelecendo a verdade em seus corações.

A irmã Durben sabia o que era o poder do Senhor, pois o havia sentido muitas vezes; e pouco tempo depois que eu caí, ela foi atingida, e caiu ao chão, clamando para que Deus tivesse misericórdia dela. Quando eu saí da visão, meus ouvidos foram saudados com o cântico e clamores da irmã Durben em alta voz.

A maioria deles recebeu a visão, e ficaram estabelecidos quanto à porta fechada.”36”.

Pode ser que suas visões hajam convencido a Irmã Durben e outros presentes na reunião de que a porta da salvação estava fechada, mas outros ainda não estavam convencidos. Os White começaram a viajar num esforço por convencer outros adventistas, como o Irmão Stowell, de que a porta da salvação estava fechada. Ellen escreve:

"O primeiro sábado que passamos em Topsham [24 de março] foi doce e interessante. Parecia que Jesus mesmo passava pelo meio de nós e espalhava sua luz e sua glória sobre nós. Todos bebemos um grande sorvo do poço de Belém. O Espírito veio sobre mim e fui arrebatada em visão. Vi muitas coisas importantes, algumas das quais as descreverei antes de fechar esta carta. Vi que o irmão Stowell, de Paris, vacilava sobre a questão da porta fechada. Pareceu-me que devia visitá-los. Embora o lugar ficasse a cinqüenta milhas de distância e o caminho estivesse em condições muito más, cria que Deus me daria forças para fazer a viagem. Fomos e encontramos a necessária força. Não tinha havido uma reunião no lugar por mais de dois anos. Passamos uma semana com eles. Nossas reuniões foram muito interessantes. Tinham fome da verdade presente. Tivemos com eles reuniões livres e poderosas. Deus me deu duas visões enquanto estive ali, para grande consolo e fortaleza dos irmãos e irmãs. O Irmão Stowell foi firmado na doutrina da porta fechada e em toda a verdade presente de que havia duvidado”.37

Os esforços dos White para estabelecer a doutrina da porta fechada foram observados por outros adventistas. Um crente na porta fechada, Otis Nichols, escreveu a William Miller em abril de 1846 elogiando a Irmã White por suas visões acerca da porta fechada:

"Sua mensagem sempre era acompanhada pelo Espírito Santo, e onde quer que fosse recebida como de parte do Senhor, quebrantava e derretia seus corações como se fossem criancinhas, e alimentava, consolava, e fortalecia os débeis, e os animava a apegar-se à fé, e ao movimento do sétimo mês; e que nossa obra para a igreja nominal e o mundo estava terminada, e o que restava fazer era a favor da casa da fé”.38

Ellen teve algumas de suas visões sobre a porta fechada na casa de John Megquier, que vivia em Poland, Maine. Ele compartilha sua experiência como segue:

"Conhecemos bem a trajetória de Ellen G. White, a visionista, enquanto esteve no estado do Maine. Algumas das primeiras visões que teve ocorreram em minha casa de Poland. Dizia que Deus lhe havia dito em visão que a porta da misericórdia se havia fechado, que não havia mais oportunidade para o mundo, que ela podia dizer quem tinha manchas em sua veste, e que essas manchas eram obtidas pondo em dúvida se suas visões eram do Senhor ou não. Então, ela dizia o que fazer, o que cumprir, para recuperar outra vez o favor de Deus. Então Deus lhe mostrava, por meio de uma visão, quem estava perdido, e quem estava salvo em diferentes partes do estado, segundo houvessem aceitado ou rechaçado as visões." 39

Novamente encontramos a Sra. White predizendo quem estava perdido e quem era salvo, baseando-se na receptividade de suas visões. Depois de um tempo, os White pensaram que simplesmente ir de localidade em localidade pregando a porta fechada não era suficiente. Em 1847, Tiago publicou um documento intitulado "A Word to the Little Flock" [Uma Palavra ao Pequeno Rebanho], no qual ele e Ellen promoviam sua doutrina da porta fechada. Nessa publicação, Ellen descreve uma assombrosa visão que recebeu de Deus:

“Enquanto orava no altar da família, o Espírito Santo veio sobre mim, e parecia que estava sendo transportada mais e mais para o alto, bem acima do escuro mundo. Ergui os olhos, e vi um caminho reto e estreito que se estendia muito acima do mundo. Nesse caminho o povo do Advento estava viajando para a cidade, que se situava na sua extremidade. Tinham por detrás e no princípio do caminho uma luz brilhante que um anjo me assegurou ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava ao longo do caminho inteiro e fornecia luz para os seus pés de modo a que não tropeçassem. Se mantivessem os olhos fixos em Jesus, que estava à frente deles, conduzindo-os para a cidade, estariam seguros. Mas logo alguns negaram grosseiramente a luz atrás deles e disseram que não fora Deus quem os conduzira até tão distante”.

A luz por detrás desses extinguiu-se hes deixando os pés em total escuridão, e tropeçaram e perderam de vista o marco e a Jesus, e caíram para fora do caminho, mergulhando para o mundo escuro e ímpio em baixo. Era tão impossível para eles alcançar o caminho novamente e seguir para a cidade, como também para todo o mundo ímpio que Deus havia rejeitado.”40.

De acordo com esta visão, os adventistas caídos não podiam retornar ao caminho que conduzia ao céu porque a porta da salvação estava fechada. Como o "mundo ímpio que Deus havia rejeitado”, os adventistas caídos não tinham esperança de salvação. No mesmo documento, Tiago acrescentou seus próprios pensamentos sobre a porta fechada:

"Jesus está claramente representado na Bíblia em seus diferentes caracteres, ofícios, e obras. Na crucifixão, foi o manso cordeiro que foi morto. Desde a ascensão até que a porta se fechou em outubro de 1844, Jesus continuou com seus braços de amor e misericórdia abertos, pronto para receber e advogar a causa de cada pecador que viesse a Deus por meio dEle. No dia décimo do mês sétimo de 1844, entrou ao Lugar Santíssimo, onde desde então tem sido um misericordioso ‘sumo sacerdote sobre a casa de Deus.’"41

Enquanto Tiago e Ellen continuavam ensinando que em 1847 Jesus já não advogava a causa dos pecadores, a maré estava começando a volver-se contra a doutrina. Pelo fim de 1848, a maioria dos adventistas se dera conta de que a doutrina estava errada abandonando-a. Nesse entretempo, a profetisa de Deus não estava disposta a abandoná-la. Esta era a mensagem que Deus lhe havia dado para pregar, e não ia renunciar a ela, apesar de que sua popularidade estava desaparecendo. Deveriam os profetas alterar suas mensagens só porque são impopulares? Não! Por isso os White e Bates continuaram pregando a doutrina da porta fechada. Na realidade, Tiago iniciou uma nova revista mensal intitulada Present Truth [A Verdade Presente]. A doutrina da porta fechada recebeu atenção especial nessa revista quase todos os meses de sua curta publicação.

No outono de 1849 tinham decorrido quase cinco anos desde que os adventistas da porta fechada recusaram trabalhar pela salvação dos perdidos. É doloroso imaginar quantas almas perdidas nunca ouviram falar do evangelho durante esse período. Quantos dos que se perderam poderiam ter-se salvado? Depois de cinco anos do dogma da porta fechada, alguns provavelmente se perguntavam quando iam os anjos tocar a Ellen no ombro e dizer-lhe que o ensino da porta fechada era ficção. Ao contrário, porém, os anjos lhe diziam que o dia da salvação para os perdidos havia terminado. Em agosto, Ellen compartilhou com os leitores de Present Truth o que o seu anjo acompanhante lhe havia dito:

"Meu anjo acompanhante me convidou a buscar ver o trabalho pelas almas dos pecadores, como antes existia. Olhei, mas não pude vê-lo, porque o tempo da salvação deles havia passado”.42

Em princípios de 1850, os adventistas da porta fechada enfrentaram um dilema. Sua doutrina capengava, e tinham dificuldade para atrair novos adeptos. De acordo com a maneira como Bates entendia a profecia, Jesus devia regressar no outono de 1851, e eles só tinham dezoito meses para se preparar! O mais preocupante de tudo era que seus seguidores somavam apenas centenas e eles necessitavam de 144.000 para o outono do próximo ano. Que iam fazer? Talvez houvessem fechado a porta de forma demasiado hermética!

Em princípios de 1850, apareceram os primeiros sinais de que a porta fechada estava começando a se abrir um pouquinho. Numa carta escrita a alguns amigos em fevereiro, a Sra. White anunciava alguns novos conversos à mensagem adventista:

"As almas estão encontrando a verdade por toda parte aqui. São os que não ouviram a doutrina adventista, e alguns deles são os que saíram a encontrar o Esposo em 1844, mas que desde esse tempo foram enganados por falsos pastores até ao ponto de não saberem nem onde estavam nem no que criam."43

Aqui encontramos o primeiro indício de que os que não eram parte do movimento de 1844 podiam salvar-se. Logicamente, a Sra. White cuida em dizer que essas pessoas eram cristãos que nunca haviam ouvido falar da doutrina adventista. Ainda não havia esperança para os não cristãos e os cristãos que tinham rechaçado a mensagem de Miller de 1844 fixando uma data para a segunda vinda.
Em abril de 1850, a porta fechada se abriu um pouquinho mais para deixar entrar os filhos dos santos. Tinham-se passado quase seis anos desde o grande Desapontamento, e muitas crianças foram nascidas durante esse período. Poderiam salvar-se essas crianças, posto que não fizeram parte do movimento de 1844? A questão foi decidida na revista Present Truth:

"Como elas [as crianças] estavam então [em 1844] num estado de inocência, tinham tanto direito a que seus nomes fossem registrados no peitoral do juízo como os que haviam pecado e tinham sido perdoados; portanto, estão sujeitos à presente intercessão de nosso grande sumo sacerdote”.44

Durante 1850, Tiago White continuou promovendo a mensagem da porta fechada em sua revista. Apesar da crescente impopularidade da mensagem da porta fechada, Tiago e Ellen estavam decididos a seguir promovendo-a. Em maio, Tiago escreveu:

"Mas o pecador, a quem Jesus havia estendido seus braços todo o dia, e que havia desprezado a oferta da salvação, ficou sem advogado quando Jesus saiu do Lugar Santo e fechou essa porta em 1844”.45

Finalmente, pelo final de 1850, a porta fechada se abriu outro pouquinho. Abriu um pouco mais para deixar entrar Herman Churchill, um homem que havia sido inconverso em 1844. A decisão de Herman Churchill de unir-se aos crentes adventistas em agosto de 1850 causou considerável comoção entre os crentes da porta fechada. Tiago escreveu acerca do acontecimento numa carta:

"Um irmão [Herman Churchill], que não havia estado no Advento, e não havia feito profissão de religião até 1845, mostrava-se forte e claro na verdade inteira. Nunca se opusera ao Advento, e é evidente que o Senhor lhe havia estado guiando, embora sua experiência não tinha sido como a nossa. Os que, como ele, vêm para a verdade à hora undécima, podem esperar grandes provas."46

Quase seis anos depois do grande Desapontamento, os adventistas tinham feito o primeiro converso que não havia sido cristão em 1844. Os adventistas se surpreenderam de que alguém, que não era parte do movimento de 1844, estivesse interessado em unir-se a eles. George Butler, presidente da Associação Geral, escrevendo na Review and Herald de 7 de abril de 1885, recorda a assombrosa natureza da decisão de Churchill:

"O seu foi um dos primeiros casos de conversão do mundo à verdade presente, que ocorreram depois de 1844... Lembro-me bem quando chegou a Waterbury, Vermont, e assistiu às reuniões na casa de meu pai, onde uns poucos se reuniam de quando em quando. A princípio, ficaram bastante surpresos de que alguém que havia sido incrédulo manifestasse interesse na doutrina adventista. Não foi rejeitado, mas bem acolhido. Era fervoroso e zeloso, e ao discernir sua sinceridade, aceitaram-no como a um verdadeiro converso”.47

Ao transcorrer o ano de 1851, começou a ser mais e mais evidente para todos que Cristo já não ia regressar no outono. Esperavam sinais que não ocorriam, e sem dúvida as pessoas estavam se cansando de ouvir predições acerca do regresso de Cristo. Também se estavam cansando do ensino da porta fechada. Depois de quase sete anos, Tiago e Ellen finalmente abandonaram a doutrina da porta fechada. Nenhum anjo lhes advertiu de seu erro. Ellen não recebeu nenhuma visão mostrando-lhe seu engano. O tempo mesmo havia matado a doutrina. Simplesmente, já não fazia sentido.

O abandono da doutrina da porta fechada pôs Ellen White numa situação em que todo profeta odeia estar. Como explica alguém a seus seguidores que suas visões estavam erradas? As pessoas esperam que um profeta corrija falsos ensinos, não que os estimule. Bem, a Sra. White permaneceu relativamente tranqüila durante os poucos anos seguintes. Felizmente, o dano foi de extensão limitada. É improvável que mais do que uns poucos milhares de pessoas tivessem sequer ouvido falar de Ellen White. Talvez esta fosse uma ferida que o tempo curaria. Mudar-se para uma nova localidade e a um novo campo de trabalho parecia ser o certo a fazer, posto que sua influência se havia perdido no nordeste do país. Em meados da década de 1850, os White se haviam mudado para o Michigan, e enfocavam seus esforços sobre os estados do meio-oeste norte-americano. Lucinda Burdick escreve acerca da perda da influência deles na área da Nova Inglaterra:

"Pouco tempo depois disso, a confiança e o interesse nesse fanático casal desapareceu, pois as visões, não só eram infantis e vazias de sentido, como absolutamente contraditórias... Havendo perdido tanto sua influência quanto seu campo de trabalho no Maine, logo partiram para o oeste, onde tiveram êxito em despertar considerável interesse e levantar um grande número de seguidores por meio de seus ensinos relativos ao sábado”.48

Imediatamente, Tiago se dispôs a restaurar a imagem de Ellen. Iniciou o que haveria de converter-se na tarefa de toda sua vida – revisar os escritos da esposa. Tiago revisou todos os artigos de sua esposa, e eliminou as partes objetáveis que tratavam da doutrina da porta fechada. Deu fim à revista Present Truth, que alguns haviam chegado a crer que era qualquer coisa, menos a verdade presente. Logo iniciou uma nova revista, chamada "Advent Review and Sabbath Herald”. Voltou a imprimir a versão "corrigida" das visões de sua esposa em 1851 num folheto de 64 páginas intitulado Vida e Ensinos.

Enquanto Tiago aparentemente não sentia embaraço em eliminar os escritos de uma profetisa de Deus, isso não foi do agrado de todos os irmãos. Quando saiu o novo folheto com 19% do texto original faltando, tal fato ameaçou deflagrar uma crise. Como é de se imaginar, alguns membros da diminuta igreja se horrorizaram de que visões inteiras, que criam proceder diretamente de Deus, houvessem sido omitidas. Alguns dirigentes convocaram uma reunião com Tiago. A Sra. White descreve como Tiago acalmou a perigosa crise:

“Certa ocasião nos primeiros dias da mensagem, o Pai Butler e o Ancião Hart se sentiram confusos em relação com os testemunhos. Mui angustiados, gemeram e choraram, mas durante algum tempo não quiseram dar as razões de sua perplexidade. Todavia, pressionados para que explicassem a causa de sua conversação e comportamento sem fé, o Ancião Hart se referiu a um pequeno folheto que havia sido publicado como as visões da Irmã White, no qual, disse ele que sabia com certeza, que algumas visões não tinham sido incluídas. Diante de um grande auditório, estes irmãos falaram vigorosamente dizendo que haviam perdido a confiança na obra”.

“Meu esposo entregou o folhetinho ao Ancião Hart, e lhe pediu que lesse o que estava impresso na página do título. ‘A Sketch of the Christian Experience and Views of Mrs. E. G. White’ [Um Bosquejo da Experiência Cristã e Visões da Sra. E. G. White], leu”.

“Por um momento, houve silêncio, e a seguir meu esposo explicou que havíamos estado muito destituídos de meios econômicos, e que a princípio só pudemos imprimir um pequeno folheto, e prometeu aos irmãos que quando levantássemos os meios suficientes, as visões seriam publicadas mais completamente em forma de livro”.

“O Ancião Butler ficou profundamente comovido, e depois de que se havia dado a explicação, disse: ‘Inclinemo-nos diante do Senhor.’ Seguiram-se orações, pranto, e confissões, como raras vezes temos ouvido. O Pai Butler disse: ‘Irmão White, perdoe-me; temia que nos estivesse ocultando algo da luz que devíamos ter. Perdoe-me, Irmã White.’”.

"Então, o poder de Deus desceu sobre a reunião de uma maneira maravilhosa”.49

Nesse dia, o Irmão Butler aprendeu uma lição que muitos aprenderiam mais tarde. Quando Tiago White corrigia e eliminava partes dos escritos da Sra. White, não estava ocultando "a luz do céu”. Antes, estava ocultando erros e equívocos que, se examinados pelas pessoas, as levariam a indagar-se se sua esposa era realmente profeta.

Cumpriu Tiago alguma vez sua promessa de imprimir todas as visões quando tivessem mais dinheiro disponível? Apesar de sua posição financeira ter melhorado dramaticamente em anos posteriores, Tiago nunca reimprimiu as doutrinas.

Gradualmente, foram esquecidas como relíquias do passado. A porta fechada foi "branqueada”, eliminada da história da igreja, e o tema raras vezes suscitado no princípio da década de 1850. A doutrina da porta fechada poderia ter descansado para sempre no cemitério do silêncio, se não tivesse sido pelos acontecimentos da década de 1880.

A década 1880: Os Primeiros Escritos foram realmente seus primeiríssimos escritos?

Trinta anos mais tarde, as feridas da porta fechada quase haviam cicatrizado. Os artigos de Ellen White na Word to the Little Flock e Present Truth há tempos tinham desaparecido, e bem poucos adventistas sabiam sequer de sua existência. A maioria dos adventistas não tinha idéia de que sua profetisa havia promovido um falso ensino por meio de suas visões. Não obstante, as feridas da porta fechada continuavam sendo uma fonte de irritação de quando em quando. Em 1866, dois ministros adventistas de Iowa imprimiram num livro algumas das suas declarações questionáveis. Isto causou uma divisão na igreja de Iowa, mas aqueles ministros foram criticados severamente pelos White, e essa tormenta, a seu tempo, passou. Contudo, por muitos anos houve rumores na igreja acerca dos escritos da Sra. White que haviam sido suprimidos.
Em princípios da década de 1880, o presidente da Associação Geral, George Butler, estava ansioso de pôr fim a esses rumores. O ministro adventista D. M. Canright conta como Butler se acercou dele e de Tiago White, e falaram acerca de voltar a publicar os primeiros escritos da Sra. White:

"Por esse tempo Butler era presidente da Associação Geral, presidente da Associação Publicadora, etc. Um dia em 1880, veio ao escritório onde estávamos o Ancião Smith e eu. Com muita alegria, disse: ‘Esses rebeldes do Oeste dizem que suprimimos algumas das primeiras visões da Irmã White. Vou fechar-lhes a boca, voltando a publicar tudo o quanto ela escreveu naquelas visões.’ O Pr. White se inclinou para frente, baixou bastante a voz, e disse: ‘Butler, é melhor ir um pouco devagar nisso.’ Foi tudo. Não entendi o que significava essa advertência, tampouco Butler. Pouco depois falecia o Pr. White – em agosto de 1881. Butler então seguiu adiante com o projeto, e em 1882 emitiu a edição atual de Primeiros Escritos”.50

Apesar da advertência de Tiago, Butler foi em frente e publicou Primeiros Escritos para silenciar os críticos de Ellen White. Depois que publicou o livro, Butler escreveu um artigo anunciando-o nos seguintes termos:

"Estes são os exatos primeiros escritos da Irmã White publicados... Muitos desejaram grandemente ter em sua posse TUDO o que ela escreveu para publicação... Tão forte era o interesse em ter esses primeiros escritos reproduzidos que há vários anos a Associação Geral recomendou por voto que fossem republicados. O exemplar sob consideração é o resultado desse interesse. Vem ao encontro de um desejo há muito sentido.

Os inimigos desta causa, que não pouparam esforços por despedaçar a fé de nosso povo nos testemunhos do Espírito de Deus e no interesse manifesto pelos escritos da Irmã White, tiraram o maior proveito possível do fato de que seus primeiros escritos não estavam disponíveis. Eles falaram muitas coisas a respeito de termos "suprimido" esses escritos, como se nos envergonhássemos deles. Alguns tentaram fazer parecer que haveria algo objetável nesses primeiros escritos, que temíamos que viessem à luz do dia, e que cuidadosamente os mantivemos às ocultas. Essas insinuações mentirosas serviram ao propósito de enganar algumas almas desprevenidas. Eles agora aparecem em seu caráter verdadeiro com a publicação de vários milhares de exemplares deste livro "suprimido", sobre o qual nossos inimigos insinuam termos estado ansiosos por ocultar. Alegavam estarem muito ansiosos por obter esses escritos para revelar seu suposto erro. Agora eles têm a oportunidade disso.”51.

Como George Butler disse mais acima, o livro foi escrito para silenciar os críticos de Ellen White. No prefácio, os publicadores nos asseguram que estes são os primeiríssimos escritos da Sra. White.

"Tem-se despertado um grande interesse em todas as suas obras, especialmente nestas primeiras visões, e o clamor para que se publique uma segunda edição é imperativo”. Nenhuma alteração da obra original foi feita na edição atual, exceto o emprego ocasional de uma palavra nova, ou uma mudança na construção de alguma sentença, para melhor expressar a idéia, e nenhuma porção da obra foi omitida. Nenhuma sombra de mudança foi feita em qualquer idéia ou sentimento da obra original, e as alterações verbais foram realizadas sob as vistas da autora, e com sua plena aprovação”.

Antes que silenciar os críticos, o livro causou uma tormenta de controvérsia. Imediatamente depois de que se publicaram Primeiros Escritos, o Pr. A. C. Long publicou um tratado de dezesseis páginas intitulado "Comparison of the Primeiros Escritos of Mrs. White with Later Publications" [Comparação dos Primeiros Escritos da Sra. White com Publicações Posteriores]. Nessa publicação, o Pr. Long mostra, linha após linha, que partes dos escritos da Sra. White foram eliminadas. Resulta que Primeiros Escritos contém os escritos de Ellen White tomados do folheto publicado por Tiago em 1851 e intitulado "Experience and Views”. A publicação de 1851 não continha os primeiros escritos de Ellen White. A publicação de 1851 não continha nenhuma das embaraçosas afirmações acerca da porta fechada. Na realidade, os primeiros escritos foram A Word to the Little Flock e os artigos de Present Truth publicados entre 1847 e 1850.

Um exemplo citado pelo Pr. Long se encontra na página 14 de Primeiros Escritos. Nesse exemplo, encontramos uma das mais famosas visões de Ellen White em que falta uma sentença (entre colchetes, mais abaixo):

"Enquanto orava no altar da família, o Espírito Santo veio sobre mim, e parecia que estava sendo transportada mais e mais para o alto, bem acima do escuro mundo. Ergui os olhos, e vi um caminho reto e estreito que se estendia muito acima do mundo. Nesse caminho o povo do Advento estava viajando para a cidade, que se situava na sua extremidade. Tinham por detrás e no princípio do caminho uma luz brilhante que um anjo me assegurou ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava ao longo do caminho inteiro e fornecia luz para os seus pés de modo a que não tropeçassem. Se mantivessem os olhos fixos em Jesus, que estava à frente deles, conduzindo-os para a cidade, estariam seguros. Mas logo alguns negaram grosseiramente a luz atrás deles e disseram que não fora Deus quem os conduzira até tão distante.

A luz por detrás desses extinguiu-se deixando-lhes os pés em total escuridão, e tropeçaram e perderam de vista o marco e a Jesus, e caíram para fora do caminho, mergulhando para o mundo escuro e ímpio em baixo. [Era tão impossível para eles alcançar o caminho novamente e seguir para a cidade, como também para todo o mundo ímpio que Deus havia rejeitado]. Logo ouvimos a voz de Deus como muitas águas. . .

A razão por que essas linhas foram suprimidas é óbvia. Ensinam a doutrina da porta fechada, que a igreja havia descartado trinta anos antes. Depois que o Pr. Long publicou seu tratado, Butler provavelmente se deu conta do porquê de Tiago White ter-lhe dito que fosse devagar. Conquanto os dirigentes da igreja agora se davam conta de que Primeiros Escritos em realidade não eram os primeiros escritos da Sra. White, não retiraram o livro. De fato, ainda se acha disponível hoje em dia.

Numa tentativa de explicar suas afirmações acerca da porta fechada, a Sra. White escreveu em 1884:

"Durante algum tempo após o desapontamento de 1844 eu de fato mantive, em comum com o corpo de adventistas, que a porta da misericórdia fora então para sempre fechada para o mundo. Esta posição foi assumida antes de minha primeira visão ter-me sido dada. Foi a luz concedida a mim por Deus que havia corrigido o nosso erro, e nos capacitou a ver a Ao mesmo tempo em que admite seu erro, a Sra. White trata de fazer ver que foram suas visões de Deus as que corrigiram o erro. O que não diz é que ela sustentou essa crença por quase sete anos e que a ensinava baseando-se em suas visões. Por chocante que possa parecer, faltava ainda por ter-se a mais alarmante descoberta acerca dos primeiros dias da Sra. White. Mais de 100 anos depois de que se publicaram Primeiros Escritos, um seminarista adventista do sétimo dia fez o que se descreveu como o descobrimento histórico adventista do século. Foi um achado espantoso com relação a Israel Dammon, que havia sido associado de Ellen White nos primórdios do adventismo...




 O Julgamento de Israel Dammon



Foi a descoberta adventista histórica do século. No entanto, alguns dirigentes adventistas provavelmente desejariam que, talvez, o descobrimento jamais fosse feito. Em março de 1986, Bruce Weaver, estudante de pós-graduação do Seminário da Universidade Andrews, descobriu um informe jornalístico acerca da detenção e julgamento de Israel Dammon, um dos amigos de Ellen White. O que Weaver descobriu resultaria num chocante informe que abriria os olhos dos devotos de Ellen White.

Bruce descobriu que o informe do periódico diferia amplamente da versão da Sra. White. Por que a diferença? Para compreender isso, devemos viajar no tempo e remontar ao ano de 1845.

Apenas alguns meses se passaram desde o grande Desapontamento. A confusão religiosa, o fanatismo, e as emoções são abundantes entre os mileritas. Os serviços religiosos entre os adventistas têm lugar quase exclusivamente em lares privados. Tipicamente, as reuniões incluem fenômenos tais como "o ósculo ‘santo’ de saudação, gritos e cantos em voz alta, prostrações físicas, lava-pés mistos, batismos múltiplos por imersão, estranhas demonstrações de humildade voluntária (arrastar-se, latidos), e as apresentações de uns poucos visionários (a maioria mulheres)”.53

No sábado, 16 de fevereiro, Ellen Harmon chega à cidade, procedente de uma reunião em Exeter, Maine, onde suas visões ajudaram a convencer a Irmã Durben de que aceitasse a doutrina da porta fechada. Nessa animada tarde de sábado, está tendo lugar uma reunião de crentes adventistas na casa de Ayer em Atkinson, Maine. A reunião é dirigida pelo antigo capitão de mar Israel Dammon, e tem como atração principal as visionárias senhoritas Dorinda Baker e Ellen Harmon. O Pr. Tiago White também está ali. Talvez uma das mais vívidas descrições da reunião procede de William Crosby, um advogado de 37 anos que a descreveu no tribunal dois dias mais tarde.  

"Às vezes falavam todos de uma vez, gritando a todo pulmão... uma mulher jazia de costas no solo, com uma almofada sob a cabeça; de quando em quando se levantava, e contava uma visão que lhe havia sido revelada... Foi a reunião mais ruidosa a que jamais assisti – não havia ordem nem regularidade, nem nada que se parecesse com alguma outra reunião que eu tivesse freqüentado...”54

O diácono Tiago Rowe acrescentou seu próprio testemunho em relação com a caótica reunião:

"Estava na casa de Ayer por um pouco no domingo passado à noite... Fui jovem, e agora sou velho, e em todos os lugares em que estive, nunca vi tal confusão, nem sequer numa farra de bêbados”.55

As visionárias eram parte importante do culto naquela noite. Loton Lambert, uma testemunha da reunião, deu o seguinte testemunho juramentado no tribunal:

"Estavam cantando quando eu cheguei – depois de cantar sentaram-se no solo – Dammon disse que uma irmã tinha uma visão para contar – então uma mulher no solo relatou sua visão. Dammon disse que todas as denominações eram de ímpios – mentirosos, libertinos, assassinos, etc; também criticou a todos os que não eram crentes como ele. Ordenou que saíssemos. Ficamos. Dammon e outros chamavam Imitação de Cristo à mulher que jazia no solo relatando visões. Dammon nos chamou de porcos e diabos, e disse que se fosse o dono da casa nos expulsaria – a mulher a quem chamavam Imitação de Cristo disse à Sra. Woodbury e a outros que deviam abandonar todos os seus amigos ou ir para o inferno. Imitação de Cristo, como a chamavam, permanecia no solo um pouco, depois se erguia, chamava a alguém, e dizia que tinha uma visão que contar-lhe, o que então fazia. Havia uma garota que diziam dever ser batizada naquela noite ou iria para o inferno. Ela chorava amargamente, e queria ver primeiro a mãe; disseram-lhe que tinha que abandonar sua mãe ou iria para o inferno – uma voz disse: Deixem que se vá para o inferno. Ela finalmente foi batizada. Imitação de Cristo contou sua visão a uma prima minha, de que devia ser batizada naquela noite ou iria para o inferno – ela objetou porque já havia sido batizada uma vez. Diziam que Imitação de Cristo era uma mulher de Portland."56

Mais tarde, o dono da casa, Tiago Ayer, confirmou ante o tribunal que a visionária a quem Lambert se referia como "Imitação de Cristo" não era outra senão Ellen Harmon.

"Vi a mulher com uma almofada sob a cabeça – o seu nome é Srta. Ellen Harmon, de Portland. Não a ouvi nem a qualquer outra pessoa dizer algo acerca de Imitação de Cristo”.57

Como Ellen Harmon, a outra visionária presente, Dorinda Baker, tinha uma saúde muito precária. A testemunha Joshua Burnham a descreve perante o tribunal:

"Conheço a Srta. Dorinda Baker desde que ela tinha cinco anos – tem bom caráter – agora tem vinte e três ou vinte e quatro anos de idade. É uma moça muito doentia, seu pai gastou U$1.000 com médicos. Eu estive na reunião do sábado à noite – foi convocada para que a jovem contasse suas visões."58

A reunião causou tal alvoroço civil na vizinhança que finalmente alguém chamou as autoridades para que a interrompessem. A Sra. White dá sua versão do que sucedeu quando o delegado chegou para deter a Dammon:

"... enquanto eu falava, dois homens espiavam pela janela. Estávamos seguros de suas intenções. Entraram e passaram rapidamente a meu lado até alcançar o Ancião Damman [sic]. O Espírito do Senhor posou sobre ele, e sua força desapareceu, e caiu ao solo indefeso. O oficial exclamou: ‘Em nome do estado do Maine, agarrem este homem!’ Dois homens o agarraram pelos braços, e outros dois pelos pés, e tentaram tirá-lo da habitação arrastado. Só o moveram uns poucos centímetros e logo saíram da casa. O poder de Deus estava nessa habitação, e os servos de Deus, com seus semblantes iluminados por sua glória, não ofereciam resistência. Os esforços para tirar o Ancião D. se repetiam com o mesmo resultado. Os homens não podiam suportar o poder de Deus, e era um alívio para eles sair da casa. O número deles aumentou até doze, e ainda o Ancião D. foi retido pelo poder de Deus por uns quarenta minutos, e nem sequer toda a força daqueles homens podia movê-lo do piso onde jazia indefeso. No mesmo momento, todos sentimos que o Ancião D. tinha que ir-se, que Deus havia manifestado seu poder para sua glória, e que o nome do Senhor seria glorificado mais se deixássemos que fosse levado dentre nós. E aqueles homens o levantaram tão facilmente como se levanta uma criança, e o levaram."59

Apesar de ser muito inspiradora a descrição do ocorrido por parte da Sra. White, indicando uma profunda e impressionante intervenção sobrenatural, seu relato difere amplamente daquele das testemunhas ante o tribunal, como aparece no periódico Piscataquis Farmer. Joseph Moulton, o delegado encarregado de prender Dammon, descreve a detenção num testemunho juramentado perante o tribunal:

"Quando fui prender o prisioneiro, fecharam-me a porta. Vendo que não podia alcançá-lo desde fora, forcei a porta. Cheguei até onde estava o prisioneiro, o tomei pela mão, e lhe informei a que viera. Várias mulheres saltaram e o rodearam – elas se agarraram a ele, e ele a elas. Tão grande foi a resistência que eu e três ajudantes não pudemos tirá-lo. Permaneci na casa e pedi mais ajuda; depois que esta chegou, fizemos uma segunda tentativa, com o mesmo resultado – novamente pedi reforço – depois que chegou, os vencemos e o tiramos detido. Tanto os homens como as mulheres ofereceram resistência. Não posso descrever o lugar - era uma gritaria constante."60

O testemunho juramentado de Moulton indica claramente que foram a mulheres e os homens que saltaram para ajudar a Dammon e o retiveram – não o poder de Deus – o que ajudou Dammon a resistir à detenção provisória. É interessante notar que nenhum dos outros trinta ou mais testemunhas durante o julgamento contradisse o testemunho de Moulton acerca de que as mulheres e os homens ajudaram Dammon a resistir à detenção. Esta importante contradição na versão da Sra. White lança dúvidas sobre a integridade do que escreveu. Bruce Weaver explica quão absurdo é supor que o delegado fosse valente o bastante, ou temerário o bastante, para tentar combater contra forças sobrenaturais para prender Dammon:

"Na realidade, se doze homens tentaram fortemente e sem êxito mover um indivíduo que estava prostrado, mas não tendo nenhum outro impedimento, e se houvesse na habitação uma aura poderosa, porém invisível, a ponto de ser ‘um alívio para eles sair apressadamente da casa’ de quando em quando, homens normais se teriam assustado (ou convertido) o suficiente com a experiência para abandonar a missão muito antes que transcorressem quarenta minutos”.61

Depois de passar o fim de semana no cárcere, Dammon compareceu a juízo na segunda-feira. A Sra. White reenceta a história de Dammon no julgamento:

"Na hora do julgamento, o Ancião D. estava presente. Um advogado ofereceu seus serviços. A acusação contra o Ancião D. era de que havia alterado a ordem. Muitas testemunhas foram trazidas para sustentar a acusação, mas em seguida seus testemunhos foram desmentidos pelos dos conhecidos do Ancião D. que estavam presentes e que também foram chamados a depor. Havia muita curiosidade por saber no que criam o Ancião D. e seus amigos, e se lhes pediu para apresentar um resumo de sua fé. Então ele lhes falou em tom claro de sua crença a partir das Escrituras. Também sugeriu-se que cantassem algum de seus hinos, e a ele foi pedido que cantasse um. Havia um bom número de vigorosos irmãos presentes que o haviam apoiado durante o julgamento, e o acompanharam a cantar ‘When I was down in Egypt´s land, I heard my Savior was at hand.’ [Quando eu estava na terra do Egito, ouvi que meu Salvador estava perto].

"Foi indagado ao Ancião D. se tinha uma esposa espiritual. Ele respondeu que tinha uma esposa legal, e que podia dar graças a Deus de que ela havia sido uma mulher muito espiritual desde que a havia conhecido. Creio que as custas do processo lhe foram cobradas e foi posto em liberdade."62

O periódico Piscataquis Farmer tinha uma versão do processo um pouco diferente. De acordo com o periódico, foi Dammon que "pediu permissão" para cantar. Durante a etapa de sentença do juízo, foi permitido a Dammon falar em sua defesa:

"Ele [Dammon] argumentou que o dia de graça havia passado, que o número de crentes era reduzido, mas que havia muitos ainda, e que o fim do mundo se daria dentro de uma semana. Depois de consultar, o tribunal sentenciou ao prisioneiro passar dez dias na Casa de Correção..."63

O relato da Sra. White da defesa de Dammon não mencionava que ele usou a "porta fechada" e o iminente regresso de Cristo como parte de sua defesa. Aparentemente, o tribunal não se impressionou com essas crenças extravagantes, e sentenciou Dammon a passar um tempo no cárcere.
Uma das facetas mais interessantes do relato da Sra. White é o que ela deixou fora. Nada disse acerca da gritaria, das prostrações físicas, das demonstrações de humildade voluntária (arrastar-se, latidos). Aparentemente, estas estavam presentes em muitas das primeiras reuniões adventistas. Lucinda Burdick observou essas atividades fanáticas em reuniões a que assistia com os White:

"Quando os conheci pela primeira vez [Ellen e Tiago White], eram exageradamente fanáticos – costumavam sentar-se no solo em vez de em cadeiras, engatinhar pelo piso como criancinhas. Tais extravagâncias eram consideradas sinais de humildade”.64

O propósito dessa atividade de engatinhar não era só para demonstrar humildade. John Doore testificou no tribunal que havia "visto homens e mulheres engatinhar pelo solo sobre mãos e pés”.George S. Woodbury disse: "Minha esposa e Dammon passaram pelo piso engatinhando sobre mãos e pés”.
Bruce Weaver explica como se praticava essa atividade entre os primeiros adventistas:

"Um correspondente do Norway Advertiser oferece uma descrição do engatinhar que teve lugar na casa do capitão John Megquier em Poland, Maine: ‘Raras vezes se sentam em qualquer posição que não seja sobre o piso desnudo... na reunião a que ele assistiu, uma mulher se pôs sobre as mãos e pés, e engatinhou por todo o piso como uma criança. Um homem, na mesma posição, a seguiu, chocando-se cabeça com cabeça várias vezes. Outro homem se estendeu de costas sobre a cama em toda sua extensão, e três mulheres o cruzaram com seus corpos”.65

Pelos idos de 1894, a Sra. White parece ter mudado de posição quanto às inusitadas atividades praticadas pelos primeiros adventistas:

"Cada parte do serviço de Cristo se caracterizará pelo decoro e a reverência. A verdade de Cristo não pode limitar-se a um certo âmbito, mas será ativa na criação do ambiente, da conduta, dos hábitos, e das práticas que estarão em harmonia com seu Autor. Tudo se fará decentemente e com ordem. Os métodos descontrolados, os caprichos estranhos, e a confusão não estão autorizados pelo Deus de ordem”.66

Pode-se certamente pôr em dúvida se as atividades na casa de Dammon estavam "autorizadas pelo Deus de ordem”. Outra atividade que a Sra. White não menciona é gritar e cantar em voz alta. De acordo com o testemunho no tribunal por parte do adventista Joel Doore, "o ruído de um sábado pela tarde não é nem a décima parte do que há geralmente nas reuniões a que assisto”.67 É evidente que, no princípio de sua carreira, à Sra. White parecia que gritar era um método eficaz para lutar contra o diabo. Em 1850, escreveu: "Vi que cantar amiúde afasta o inimigo, e gritar o faz retroceder”.68 Por volta de 1900, contudo, a Sra. White parecia haver adotado um ponto de vista diferente acerca das reuniões ruidosas:

"Dou meu testemunho, declarando que esses movimentos fanáticos, esse barulho e confusão, foram inspirados pelo espírito de Satanás, que estava operando milagres para enganar, se possível, os próprios escolhidos”.69

O relato da Sra. White acerca da detenção e julgamento de Dammon foi publicado em 1860 no livro Spiritual Gifts. Quando esse livro tornou a ser publicado em 1877 com o título de Spirit of Prophecy, o incidente Dammon havia desaparecido. Como muitos de seus primeiros escritos, esta história simplesmente desapareceu sem nenhuma explicação. Talvez fosse a publicação em 1874 do livro World Crisis pelo antigo ministro adventista Isaac Wellcome o que influenciou na decisão de deixar que a história desaparecesse. Em World Crisis, um Israel Dammon reformado conta sua relação com os White. Explica como perdeu a fé em Ellen White pelo final de 1846 e abandonou sua crença na porta fechada:

"Estivemos relacionados com o Sr. e a Sra. White, e por um tempo tivemos confiança nas visões dela, mas por muitos anos não a temos tido em absoluto. Quando vimos que se contradiziam entre si, renunciamos a elas por completo, e nos aplicamos à Palavra de Deus.

"Passaram-se vinte anos ou mais desde que estivemos associados com a Sra. White. Recordamos perfeitamente, porém, que suas primeiras visões ou sua primeira visão foi contada tanto por ela mesma como por outros (especialmente pela Sra. White) em relação com a prédica da ‘porta fechada,’ e a fomos respaldar. Enquanto estava sob essa influência, e pregando as visões, ela, em visão, viu N. G. Reed e I. Dammon em estado imortal, coroados, no reino. Depois disso, ela os viu finalmente perdidos. Como podiam ser verdade as duas coisas? Penso que uma era tão verdade quanto a outra, e que Deus nunca lhe disse tal coisa."70

Talvez fosse melhor que a história de Dammon desaparecesse. Seria difícil explicar como a Sra. White viu a Dammon no céu e mais tarde o viu perdido. Manter a história de Dammon impressa poderia dar lugar a demasiadas perguntas espinhosas. Pelo fim do século dezenove, havia se tornado uma ocorrência demasiado freqüente que os primeiros escritos questionáveis da Sra. White desaparecessem de edições posteriores das mesmas obras. Não era tão provável que uma comunidade religiosa mais e mais educada e diversa se impressionasse com um relato tão fantástico como o de Israel Dammon.

O fato de a versão da história pela Sra. White, com sua dramática descrição de manifestações sobrenaturais, diferir tão amplamente do relato feito ao tribunal dois dias mais tarde por 30 testemunhas, põe em dúvida as outras histórias sobrenaturais que circulam entre os adventistas. Há narrações de que a Sra. White susteve no ar uma pesada Bíblia enquanto estava em visão, sem respirar por horas, e outros incidentes incomuns. A. G. Daniells, presidente da Associação Geral dos adventistas do Sétimo Dia, que conheceu a Sra. White por mais de quarenta anos, observa o seguinte sobre essas histórias durante a conferência de 1919 sobre o Espírito de Profecia:

"Por exemplo, tenho ouvido alguns ministros pregar, e vi isso por escrito, que a Irmã White uma vez sustentou uma pesada Bíblia – creio que disseram que pesava 40 libras – com a mão estendida, e, olhando ao céu, citava textos e virava as páginas e indicava os textos, com o olhar dirigido ao céu. Não sei se isso se deu algum vez o não. Não estou seguro. Não o vi, e não sei se alguma vez falei com alguém que o tivesse visto. Contudo, irmãos, não considero esse tipo de coisa como uma grande prova. Não creio que esse seja o melhor tipo de evidência. Se eu fosse um desconhecido em um auditório, e ouvisse um pregador explicando isso, teria minhas dúvidas. Ou seja, eu desejaria saber se ele havia visto isso. E ele teria que dizer: Não, nunca. Então lhe perguntaria: ‘Viu alguma vez o homem que o viu?’ E ele teria que responder: ‘Não, nunca.’ Bem , quanto disso é genuíno, e quanto se introduziu na história?’ Não sei. Mas não creio que esse é o tipo de prova que queremos usar. Já se passou muito tempo desde que eu levantei este tipo de coisas, que não respirava, e que tinha os olhos muito abertos."

Em 1919, era evidente que os dirigentes adventistas estavam prontos para enterrar as caprichosas historietas dos primeiros dias no cemitério do passado. Não só desapareceram de seus escritos as fantásticas histórias, como livros inteiros começaram a desaparecer pelo final do século dezenove...


 Reforma de Saúde ou Mito de Saúde?



Na década de 1860, a Sra. White se interessou profundamente pela reforma pró-saúde. Antes disso, havia manifestado um interesse limitado pelo assunto. Outros adventistas haviam mostrado interesse, mas a profetisa de Deus ainda não via sua importância. Na década de 1850, um casal adventista, Sr. e Sra. Curtis, começou a estudar a questão das carnes imundas e chegaram à conclusão de que comer carnes imundas era errado. A Sra. Curtis queria deixar de comer carne de porco, mas aparentemente pensou que seria prudente consultar primeiro a profetisa de Deus. A Sra. White respondeu ao casal com um mordaz testemunho de seis páginas. Eis aqui parte do que escreveu:

"Se Deus requer que seu povo se abstenha da carne de porco, Ele o convencerá disso. Ele está tão disposto a revelar a seus honestos filhos qual é o seu dever quanto a mostrar a indivíduos sobre os quais não depositou o encargo de sua obra qual é o deles. Se é dever da igreja abster-se da carne de porco, Deus o revelará para mais de dois o três. Ele ensinará a sua igreja qual é o seu dever."71

O açoite com que a Sra. White tratou a família Curtis leva a especular que ela não era muito inclinada à idéia de que as pessoas chegassem primeiro a suas próprias conclusões teológicas sem a aprovação de Tiago e dela mesma. Isto era insubordinação e teriam que enfrentá-la. Além disso, a Sra. White pensava que seu esposo havia resolvido a questão para sempre alguns anos antes quando publicou um artigo sobre o tema em Present Truth:

"Alguns de nossos bons irmãos acrescentaram a ‘carne de porco’ à lista de coisas proibidas pelo Espírito Santo e pelos apóstolos e Anciãos reunidos em Jerusalém. Mas nós nos sentimos chamados a protestar contra essa decisão, por ser contrária ao claro ensino das Sagradas Escrituras. Poremos sobre os discípulos uma ‘carga’ maior do que pareceu bem ao Espírito Santo e aos santos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo? Deus não o permita. A decisão deles, sendo correta, decidiu a questão para eles, e foi causa de regozijo entre as igrejas, e deveria decidir a questão para nós para sempre”.72

Quando Tiago disse "nós nos sentimos chamados a protestar contra esta decisão”, o "nós" ao que se referia deve ter incluído sua esposa, a profetisa de Deus. Por isso, os White devem ter-se sentido agravados de que alguns de seus seguidores tenham levantado o tema novamente depois de Tiago ter decidido a questão "para sempre”.

Um amigo da família Curtis, H. E. Carver, nos conduz aos bastidores e explica o que sucedeu:

"O irmão e a irmã Curtis se contam entre meus amigos mais íntimos por muitos anos, e como vivemos ao lado um do outro parte do tempo, eu conhecia algumas das circunstâncias relacionadas com as instruções da visão dada mais acima. A irmã Curtis era uma mulher muito conscienciosa, e tendo-se convencido (muito antes de que o Ancião e a Sra. White fizessem qualquer movimento nesse sentido) de que comer carne de porco era prejudicial, tratou de descartá-la de sua mesa. Isto causou problemas. A irmã Curtis era uma sincera crente na inspiração divina da Sra. White, e pelo extrato [testemunho] que aparece mais acima, parece que deve ter-lhe escrito pedindo instruções, que recebeu como se descreve mais acima, e professadamente por meio de uma visão.... O Irmão Curtis disse também que o Pr. White havia escrito em essência o seguinte na parte posterior da carta: ‘Para que saiba nossa posição em relação com esta questão, eu diria que acabamos de consumir um leitão de 200 libras.’"73

Certamente, teria sido difícil para os White estar de acordo com a família Curtis quando os White acabavam de devorar um leitão de 200 libras! Se os Curtis aceitaram ou não esse testemunho, provavelmente nunca o saberemos. Mas o que sabemos é que a Sra. White cria que quando escrevia um testemunho, Deus estava falando através dela: "Nos tempos antigos, Deus falou por boca dos profetas e apóstolos. Nestes tempos, lhes fala por intermédio dos Testemunhos de seu Espírito”.74 Não obstante, em questão de poucos anos, a Sra. White estava considerando o tema sob uma nova luz. A próxima vez que deixou que Deus falasse sobre o tema, escreveu: "Jamais deveis pôr em vossa mesa sequer um pedaço de carne de porco”.75

O que causou esta dramática mudança de Ellen White sobre a reforma pró-saúde? Aprendeu isso estudando a Bíblia? Fora uma visão de Deus? Não exatamente. Os jovens White haviam adoecido de difteria em janeiro de 1863 e nesse tempo os White tiveram a fortuna de encontrar os escritos de um proeminente reformador norte-americano de saúde, Dr. Tiago Jackson. Em meados da década de 1800, a mais destacada instituição médica dos Estados Unidos, caracterizada por reformas na dieta e no tratamento dos enfermos, era administrada pelo Dr. Jackson em Dansville, New York. O Dr. Jackson se distinguia por promover uma dieta vegetariana de duas refeições ao dia, "curas de água" (hidroterapia), e um estilo reformado de vestido para mulheres. O neto Arthur White explica a sorte dos White em encontrar o artigo do Dr. Jackson:

"Por sorte – na providência de Deus, sem dúvida – havia caído em suas mãos, provavelmente através de um ‘intercâmbio’ de periódicos com o escritório da Review, ou o Yates County Chronicle, de Penn Yan, Nova York, ou algum diário que o citava, um extenso artigo intitulado ‘Difteria, Suas Causas, Seu Tratamento, e Cura.’ Havia sido escrito pelo Dr. Tiago C. Jackson, de Dansville, Nova York”.76

Tiago ficou tão impressionado, que reimprimiu o artigo de Jackson sobre a difteria na edição da Review and Herald de 17 de fevereiro de 1863. Em junho de 1863, Tiago escreveu ao Dr. Jackson solicitando-lhe alguns de seus livros. Aparentemente, Tiago recebeu os livros em algum momento pelo final do verão ou princípios do outono, pois imprimiu um artigo do livro de Jackson Laws of Life na edição do Review and Herald de 27 de outubro.

Em agosto de 1864, os White decidiram viajar a Dansville, Nova York, para conhecer o Dr. Jackson. Este foi um passo importante para os White. Quinze anos antes, em 1849, a Sra. White havia assumido uma posição forte contra o uso de médicos por parte do remanescente para seus problemas de saúde: "Se alguém entre vós está enfermo, não desonremos a Deus recorrendo a médicos terrenais, mas recorramos ao Deus de Israel”.77 Os tempos, contudo, haviam mudado, e quiçá a declaração de 1849 já não se aplicava aos médicos modernos.

Aparentemente, a Sra. White estava impressionada com as reformas que havia presenciado na instituição de Dansville, e ela e o Dr. Jackson se tornaram cordiais amigos. Mais tarde, desenvolveu-se uma relação tão estreita que a Sra. White pôde escrever que foi calidamente recebida como convidada quando visitou o lar do Dr. Jackson: "No mesmo dia, vi o Dr. Jackson em seu lar, e amavelmente me concedeu uma entrevista”.78 

O Dr. Jackson realizou um exame físico na Sra. White. Seu diagnóstico concordou com o do seu médico adventista. Ambos diagnosticaram seus problemas médicos incomuns como histeria. (A histeria é um estado médico que começa tipicamente na adolescência ou começo da fase adulta, e que ocorre mais comumente na mulher. Os sintomas dos ataques histéricos incluem alucinações visuais e auditivas, paralisia de grupos musculares, e falta de resposta a estímulos externos. Por via de regra, os ataques histéricos diminuem à medida que o paciente envelhece, e com freqüência cessam pela metade da vida.).

Conquanto o Dr. Jackson possa ter atribuído suas visões a alucinações, a maioria dos adventistas cria que as visões procediam diretamente de Deus. É interessante notar que a Sra. White começou a ter visões sobre o tema da saúde durante essa época de sua vida. Quando publicou essas visões sobre saúde, as pessoas que estavam familiarizadas com os escritos do Dr. Jackson ficaram pasmas ao ver que a reforma pró-saúde dela se parecia tanto com os escritos do Dr. Jackson. Surgiram tantas perguntas, que a Sra. White se viu obrigada a responder por meio do periódico da igreja:

“Ao apresentar o tema da saúde aos amigos que trabalhavam em Michigan, Nova Inglaterra, e no estado de Nova York, e ao falar contra as drogas e a carne, e a favor da água, o ar puro, e uma dieta adequada, com freqüência comentavam comigo: ‘As opiniões que expressa são muito parecidas com as que os Drs. Trall, Jackson, e outros ensinam em Laws of Life e outras publicações. Acaso leu esse periódico e essas obras?”.

“Minha resposta era que não, e que não as leria até que houvesse escrito minhas visões por completo, não se desse que se dissesse que eu havia recebido luz sobre o tema da saúde desses médicos, e não do Senhor”.
"E depois de haver escrito meus seis artigos para How to Live, examinei as várias obras sobre higiene, e me surpreendi em encontrá-las tão em harmonia com o que o Senhor me havia revelado”.79

Enquanto os membros de igreja estavam ainda discutindo se a Sra. White havia lido Laws of Life antes ou depois de haver publicado seus artigos sobre saúde, a Sra. White decidiu publicar seu primeiro livro sobre a reforma pró-saúde. Mais tarde, esse livro daria lugar a perguntas ainda mais difíceis para a jovem profetisa. O livro, publicado em 1864, se intitulava An Appeal to Mothers: The Great Cause of the Physical, Mental, and Moral Ruin of Children of Our Time [Um Apelo às Mães: A Grande Causa da Ruína Física, Mental, e Moral das Crianças de Nosso Tempo]. Que preciosa luz sobre a reforma pró-saúde havia recebido a Sra. White de parte de Deus para seu povo especial? O propósito do livro era advertir contra os perigos da masturbação!

Seguindo as pisadas do reformador pró-saúde Sylvester Graham, que havia escrito um livro sobre o tema décadas antes, a Sra. White decidiu que os membros de sua igreja necessitavam ser advertidos quanto aos perigos que a masturbação representava para a saúde: "Tendes observado a alarmante mortalidade entre os jovens?" A seguir, passava a explicar como a masturbação estava causando a morte dos jovens.

A Sra. White enumera uma longa lista de doenças supostamente causadas pela masturbação. Além da morte e loucura, ela menciona a epilepsia, visão diminuída, hemorragia pulmonar, espasmos do coração e pulmões, diabetes, reumatismo, sudorese, tuberculose, asma, e mais de uma dezena de outros males. Ela adverte que "o auto-abuso abre a porta para quase todas as enfermidades das quais sofre a humanidade" e que "o auto-abuso é um caminho seguro para a tumba”.80

Examinemos uns poucos trechos de seu livro:

"Sinto-me alarmada com aquelas crianças... que pelo vício solitário estão se arruinando... ouvis numerosas queixas de dor de cabeça, catarro, tontura, nervosismo, dor nos ombros e do lado, perda de apetite, dor nas costa e membros... e não percebestes ter havido uma deficiência na saúde mental de vossos filhos?.. . A indulgência secreta [masturbação] é, em muitos casos, a única causa real das numerosas queixas da juventude (págs. 11, 13).
A condição do mundo é alarmante. Por toda parte que olhemos vemos imbecilidade, nanismo, membros aleijados, cabeças mal formadas e deformidade de toda descrição. . . . Hábitos corrompidos estão dissipando sua energia, e trazendo-lhes enfermidades repugnantes e complicadas. . . As crianças que praticam a auto-indulgência [masturbação]... devem pagar a penalidade (pág. 14).

A Sra. White então descreve o caso de uma criança de dois anos de idade que sofria de epilepsia e paralisia, cujos problemas supostamente eram causados pela masturbação. Ela escreve: "Por meio do uso vigilante de meios mecânicos para resguardar as mãos e cobrir os genitais, etc., o menino se curou depois de um tempo; agora desfruta de boa saúde”. Se estas medidas fossem tomadas hoje em dia pelos encarregados de cuidar da saúde, com toda probabilidade eliminar-se-ia a liberdade, e até poderiam ser encarados por abuso infantil.
De acordo com a Sra. White, a masturbação não só causa a morte e uma ampla gama de doenças físicas, mas também problemas de saúde mental: "Com freqüência, a mente fica completamente arruinada, e tem lugar a loucura”.85 A Sra. White prossegue:

"Vi uma jovem num povoado de Massachusetts que se havia tornado idiota por causa da masturbação”.86

"A autora visitou o Massachusetts State Lunatic Hospital [Hospital Estadual de Massachusetts Para Lunáticos]... Nossa atenção foi de súbito atraída pela aparência peculiarmente desfigurada, selvagem, hostil de um jovem com o olhar virado por sobre os ombros. Impressionada com esse aspecto chocante, inquirimos... qual seria a causa de sua insanidade”.Vício solitário", foi a pronta resposta (pág. 4)."87

De uma perspectiva médica moderna, as afirmações da Sra. White certamente parecem fora de propósito. As investigações médicas do século vinte têm refutado por completo os antigos mitos de que a masturbação conduz à loucura, retarda o crescimento, causa cegueira, etc. As investigações não têm demonstrado nenhum efeito adverso da masturbação nem a curto nem em longo prazo. Os investigadores descobriram que, em média, os que se masturbam não têm maior incidência de enfermidades, problemas de visão, ou loucura do que a população em geral. Tampouco encontraram qualquer diferença na longevidade. Mesmo entre médicos adventistas do sétimo dia, agora há uma crença quase universal de que a masturbação não causa as enfermidades mencionadas pela Sra. White. Em 1981, o Dr. Gregory Hunt avaliou as afirmações da Sra. White sobre masturbação:

"Qualquer um pode ver que estas enfermidades não são causadas pela masturbação. A tuberculose é causada por um germe, uma bactéria específica. Na realidade, o germe que causa a tuberculose foi descoberto pouco depois destes escritos de Ellen White... Depois de ler estes sábios conselhos, e dando-me conta de que Ellen White afirmava haver sido inspirada para escrevê-los eu diria que há só uma classe de pessoas que continuará crendo que Ellen White é uma verdadeira profetisa. Esta classe de pessoas só pode ser classificada como idiotas”.

Graham advertia que a masturbação podia conduzir à morte:

“... em alguns casos, aparecem chagas ulcerosas na cabeça, peito, costas e músculos, e às vezes crescem até converter-se em verdadeiras fístulas, de natureza cancerosa, e continuam, quiçá por anos, supurando grandes quantidades de pus repugnante e fétido; e não poucas vezes terminam em morte”.90

É muito provável que a Sra. White estivesse familiarizada com os ensinos de Graham. De fato, algumas das reformas pró-saúde da Sra. White se parecem muitíssimo com as reformas de Graham. Em 1849, uns 14 anos antes que a Sra. White tivesse a primeira visão da reforma pró-saúde, Sylvester Graham expunha seus pontos de vista sobre a reforma pró-saúde em seu livro Lectures on the Science of Human Life [Conferências Sobre a Ciência da Vida Humana]. Eis aqui as reformas que propunha:
  • Evitem-se todos os alimentos estimulantes e artificiais; deve-se viver "inteiramente dos produtos do reino vegetal, assim como a água pura”.
  • A manteiga deve ser empregada "mui escassamente”.
  • O leite fresco e os ovos eram mal vistos, mas não eram proibidos.
  • O queijo é permitido somente se for suave e não curado.
  • Os condimentos e as especiarias, como a pimenta, a mostarda, e a canela, são proibidos por serem "todos altamente excitantes e esgotantes”.
  • O chá e o café, bem como o álcool e o tabaco, envenenam o sistema.
  • Os produtos de pastelaria, com exceção das tortas de frutas, contam-se "entre os mais perniciosos artigos que causam aflição aos seres humanos."
  • O sono é preferível antes da meia-noite.
  • O sono deve ser desfrutado num cômodo bem ventilado.
  • Um banho de esponja cada manhã é muito desejável.
  • A roupa não deve ser muito apertada.
  • "Todo medicamento, como tal, é mau em si mesmo”.91
Para os leitores ávidos de Ellen White, as reformas que antecedem soam demasiado familiares. À medida que transcorriam os anos e a ciência médica progredia, as pessoas sem dúvida, começaram a perguntar-se se os conselhos da Sra. White sobre a masturbação procediam de Deus ou de Sylvester Graham. Até Ellen White parece haver deixado de lado o tema mais tarde em sua vida. Apesar de escrever prolificamente sobre o tema no começo de sua carreira, não escreveu uma só palavra sobre o tema nos últimos quarenta anos de sua vida.

A maioria dos adventistas de hoje em dia ignora por completo que o livro Appeal to Mothers alguma vez existiu. Era de se esperar que o primeiro livro de uma profetisa sobre reforma pró-saúde fosse uma obra muito importante para os seus seguidores. Contudo, não foi assim! O livro foi descartado já faz décadas. Como muitos outros de seus escritos e muitas de suas visões que se demonstraram incorretos, este livro simplesmente desapareceu da vista do público. A diferença do de sua colega, a profetisa Mary Baker Eddy – cujo primeiro livro, Science and Health, publicado em 1875, teve dez milhões de exemplares vendidos – o primeiro livro da Sra. White sobre a reforma pró-saúde foi um fiasco. Esforços posteriores demonstrariam ter mais êxito. Com a ajuda de sua equipe de escritores e revisores ela produziu um livro sobre reforma pró-saúde muito melhor, Ministry of Healing, que ainda se acha disponível hoje em dia. Não é nenhuma surpresa que o tema do "auto-abuso" não vem mencionado no livro. Appeal to Mothers pode ter sido o primeiro livro que desapareceu de publicação, mas não haveria de ser o último...



Mais Livros Desaparecidos




1864 não foi um bom ano para os livros da Sra. White. Nesse ano ela fez publicar outro livro que também se revelou de pouca duração. O livro tinha por título An Appeal to Youth [Um Apelo à Juventude]. Ele continha cartas que ela havia escrito a seus filhos ao longo de um período de vários anos. Conquanto menos controvertido do que o Appeal to Mothers, ergueu algumas sobrancelhas com declarações controvertidas como esta:

"O Senhor ama aquelas criancinhas que tentam fazer o bem, e prometeu que estas estarão em Seu reino. No entanto, as crianças más Deus não as ama." "Deus ama as crianças de coração honesto e que são verazes, contudo, não pode amar aquelas que são desonestas."92

Desnecessário é dizer que Appeal to Mothers desapareceu das estantes de livros muitas décadas atrás.

Já na década de 1860 algumas pessoas começaram a questionar se a Sra. White estava recebendo o material para seus livros de Deus ou de fontes humanas. Talvez, uma das primeiras fontes de material para seus livros foram os Apócrifos. Nos dias pioneiros os White consideravam os apócrifos em alta estima. Em 1850 a Sra. White falou enquanto em visão que seus seguidores precisavam entender os apócrifos:

"Vi que os apócrifos eram um material secreto, e que os sábios destes últimos dias deviam entendê-los”.93 Os apócrifos chegaram a ser citados várias vezes pelos White em sua publicação de 1847 "A Word to the Little Flock." A descrição que a Sra. White faz do Jesus alto colocando coroas na cabeça dos santos. . .

"Antes de entrar na cidade, os santos foram organizados num perfeito quadrado, com Jesus no meio. Seus ombros e cabeça destacavam-se acima dos santos e dos anjos... Ao solicitar as coroas, anjos a Ele as apresentavam, e com sua mão direita o amorável Jesus colocava as coroas na cabeça dos santos”.94

…soa por demais familiar com 2o Esdras 2:42, 43…

"Eu, Esdras, vi sobre o Monte Sião uma grande multidão, que não podia contar, e todos louvavam ao Senhor com cânticos. No meio deles havia um jovem de grande estatura, de maior estatura do que todos os demais, e sobre a cabeça de cada um deles ele colocava uma coroa, contudo, ele era mais exaltado do que todos eles”.

Além dos apócrifos, a Sra. White parece que estava familiarizada com alguns outros escritos clássicos da época. A descrição da fulgurante serpente de ouro no Jardim do Éden parece patentemente semelhante com a descrição de João Milton duma serpente "com um pescoço reluzente de ouro verdejante" que se acha no seu Paraíso Perdido. Suas descrições de Enoque que tinha uma "luz santa" sobre o semblante são semelhantes aos do Livro de Jaser onde Enoque tinha uma "aparência divina" sobre seu semblante. Suas descrições do dilúvio de Noé parecem correr paralelas com o Livro de Jaser:

Patriarcas e Profetas
Livro de Jaser
Em meio à prevalecente corrupção, Matusalém, Noé, e muitos outros labutaram para manter vivo o conhecimento do verdadeiro Deus e deter a maré da iniqüidade. (p. 94)
Eles não se dispunham a renunciar a seus pecados. (p. 95)
Tivessem os antediluvianos crido nas advertências e se arrependido de suas obras más, o Senhor teria desviado o seu furor, como fez mais tarde com Nínive. (p. 97)
5:9. E Noé e Matusalém falaram todas as palavras do Senhor aos filhos dos homens, dia após dia, constantemente falando-lhes.
5:10. Mas os filhos dos homens não lhes davam ouvidos, nem inclinavam seus ouvidos às suas palavras, mantendo-se na teimosia.
5:11. E o Senhor concedeu-lhes um período de cento e vinte anos, dizendo, Se se volverem, então Deus se arrependerá do mal, a fim de não destruir a terra.
Mas no oitavo dia, nuvens escuras se espalharam sobre os céus. Seguiu-se o estrondo do trovão e o fulgor do relâmpago. Logo, grandes gotas de chuva começaram a cair. O mundo nunca havia testemunhado algo semelhante, e os corações dos homens estavam paralisados de terror. (p. 99)
6:11. E naquele dia… o sol escureceu… e o relâmpago reluziu, e o trovão ecoou, e todas as fontes na terra foram rompidas, tal como nunca se conheceu entre os habitantes antes; e Deus operou esse poderoso ato a fim de aterrorizar os filhos dos homens...
Outros se mostravam aterrorizados, erguendo as mãos junto à arca e suplicando serem admitidos. Mas seus apelos eram vãos. A consciência por fim foi despertado ao fato de que há um Deus que reina nos céus. Suplicaram-Lhe ardorosamente, mas Seus ouvidos não estavam abertos ao clamor deles. (p. 100)
6:18. E chamaram a Noé dizendo: abre-nos para que possamos ir até vós na arca—e por que haveremos de morrer?
6:23. [Noé respondeu:] "Mas agora vindes dizer-me isto por causa das aflições de vossas almas, agora também o Senhor não vos dará ouvidos, nem vos atenderá…”.
A portentosa arca tremeu em cada fibra ao ser batida pelos impiedosos ventos e saltava de vagalhão a vagalhão. Os gritos das bestas dentro dela expressavam o temor e dor. Mas em meio aos elementos em conflito prosseguiu sua jornada em segurança. (p. 100)
6:28. E a arca flutuou sobre a face das águas, e era sacudido sobre as águas…
6:30. E as criaturas viventes que estavam na arca estavam aterrorizadas e os leões rugiam, e os bois mugiam, e os lobos urravam, e toda criatura na arca falava e se lamentava em sua própria linguagem, de modo que suas vozes alcançavam grande distância. . .

Talvez o mais patente exemplo de plágio tenha ocorrido com o livro que finalmente iria desaparecer de publicação, intitulado Sketches from the Life of Paul. Era uma obra de 334 páginas, publicada em 1883. No prefácio os editores declaravam ter sido escrito com "especial auxílio do Espírito de Deus”. Contudo, um ávido leitor de livros cristãos percebeu que a Sra. White recebera "especial auxílio" de um livro de Conybeare and Howson publicado em 1855, intitulado Life and Epistles of the Apostle Paul. Comparações revelam que a Sra. White copiou uma vasta porção do livro de Conybeare para o seu próprio livro. Todavia, ela nunca fez qualquer referência ao outro livro, nem deu qualquer crédito aos outros autores.
Em 1907, um adventista chamado Dr. Stewart publicou um panfleto de 89 páginas, no qual arranjou em colunas paralelas citações do livro da Sra. White e do livro de Conybeare. O panfleto demonstrava além de dúvida que ela copiara seu material diretamente do livro mais antigo. Após essa controvérsia ter emergido, o livro foi retirado de circulação e não é mais sequer alistado entre os livros escritos pela Sra. White. Acusações de plágio haviam circulado ao longo do tempo, mas este livro talvez seja o mais patente caso disso. O fato de que a Sra. White plagiou este livro certamente suscitaria indagações a respeito de seus outros livros. Já estavam vindo à tona muitas acusações de plágio com respeito a seus outros livros, como O Conflito dos Séculos. Portanto, a fim de aquietar maiores controvérsias e debates a respeito da inspiração e ética da Sra. White, o livro foi retirado de circulação. O presidente da Associação Geral, A.G. Daniells discute o incidente no concílio sobre o Espírito de Profecia de 1919:

"Agora, já sabem algo sobre esse pequeno livro, The Life of Paul. Vocês sabem das dificuldades em que nos metemos por causa dele. Nunca poderíamos reivindicar inspiração do pensamento todo e organização do livro, porque foi posto de parte em vista de ter sido mal preparado. Créditos não foram dados às autoridades apropriadas, e algo disso terminou indo parar no Conflito dos Séculos. Suponho que todos saibam de como acusações foram levantadas contra ela, alegações de plágio, mesmo pelos autores da obra, Conybeare and Howson, e estavam a ponto de trazer problemas para a denominação por haver grandes porções do livro deles introduzidas no The Life of Paul sem quaisquer créditos ou aspas. Algumas pessoas de lógica estrita podem sair dos trilhos quanto a isso, mas não sou dessa estrutura. Descobri o fato, e li-o com o Irmão Palmer quando ele o encontrou; apanhamos Conybeare and Howson, e a História da Reforma de Wylie, e lemos palavra por palavra, página após página, e nenhuma citação, nenhum crédito, e realmente eu não sabia a diferença até que comecei a compará-los. Eu supunha que era obra da própria Irmã White!... Ali eu vi a manifestação do humano nesses escritos. Logicamente, eu poderia ter dito isso, e realmente o fiz, que desejaria que um rumo diferente fosse dado à compilação dos livros. Se cuidado apropriado tivesse sido exercido muitas pessoas teriam sido poupadas de serem lançadas fora do caminho..."96

As revelações a respeito do plágio em Life of Paul aparentemente lançaram um número de pessoas "fora do caminho". Imaginem o choque que seus leais seguidores devem ter sentido quando perceberam que o livro que estavam lendo não era produto de visões inspiradas recebidas pela profetisa de Deus, mas fruto da imaginação de autores não-adventistas. Isso imediatamente pôs em questão outros de seus escritos. A. G. Daniells viu "a manifestação do humano" nos escritos da Sra. White, e assim o fizeram muitos outros.

Aproximadamente 100 anos após a publicação de Life of Paul, o pastor adventista Walter Rea publicou os resultados de sua pesquisa em que descobriu que um montante significativo dos escritos de Ellen G. White foram plagiados de outros autores. Ele explica como a igreja manteve-se alterando o montante que admitiam ter sido plagiado segundo novas evidências vinham à tona:

A defesa para as ações dela [de Ellen White] de que se valiam até nosso tempo [os anos 80] era de que o montante vinha a ser o ponto importante da questão e que esse montante variava de 8% a 10%, dependendo do apologista que se lia ou no qual se desejava acreditar. Não foi senão até a igreja contratar o Dr. Fred Veltmen [teólogo ASD do Pacific Union College] para estudar o livro O Desejado de Todas as Nações que esse número foi elevado a 30% ou mais, dependendo dos capítulos escolhidos do livro que se está empregando. Após grande despesa e quase oito anos, Veltman confirmou o que outros estudos haviam revelado, que dependendo do material usado dos escritos de Ellen White, o trabalho de cópias poderia ser até de 90%. De fato, o Dr. Don McAdams, um erudito adventista [que preparou sua tese doutoral sobre O Conflito dos Séculos] tinha declarado na reunião de Glendale de 1980 que ‘se cada parágrafo do livro O Conflito dos Séculos, escrito por Ellen White, fosse devidamente referido com notas de rodapé, então todo parágrafo teria que contar com tais notas.’ Essa declaração nunca foi seriamente desafiada por qualquer membro da igreja.”97”.

O Dr. Fred Veltman posteriormente publicou suas descobertas em O Desejado de Todas as Nações, e observou:

"Implícita ou explicitamente, Ellen White, e outros que falaram em nome dela, não admitiram, e até negaram, a dependência literária [cópias] da parte dela”. "Devo admitir desde o começo que, na minha opinião, este é o problema mais sério a ser deparado com relação à dependência literária de Ellen White. Isto assesta um golpe ao coração de sua honradez, sua integridade, e, portanto, sua confiabilidade”.98

Não só a confiabilidade da Sra. White foi abalada pelos vários escândalos de plágio, como a credibilidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Fica a impressão de que, enquanto a igreja firmemente defendia Ellen White contra as acusações de plágio, líderes da igreja estavam conscientes, ou pelo menos suspeitavam, de que ela realmente se havia dedicado ao plágio. Dirigentes da igreja discutiram os problemas envolvidos com o plágio a portas fechadas em 1919, mas as transcrições dessa reunião não foram dadas a público senão em 1974. Assim, por 55 anos — até as transcrições serem "descobertas" num cofre da sede denominacional — os membros da igreja foram deixados na ignorância com respeito ao plágio praticado pela Sra. White. Mesmo hoje, a maior parte dos membros da igreja têm pouca idéia da extensão do plágio da Sra. White. O acobertamento da retirada de circulação do Life of Paul foi tão bem sucedido que poucos adventistas hoje têm qualquer idéia de que sua profetisa roubou as palavras diretamente de outro livro e as publicou num livro tendo o seu próprio nome. Poucos adventistas também percebem que a Sra. White ensinava que certas raças de seres humanos descenderam de uma mistura de humanos e animais...



 Alterações, Revisões e Mudanças



A afirmação da Sra. White acerca do amálgama entre seres humanos e bestas era, não só uma das mais controvertidas que ela já fez por escrito, mas também uma das mais embaraçosas para a igreja. Em 1864, a Sra. White escreveu o seguinte:

"Mas se há um pecado acima de todo outro que atraiu a destruição da raça pelo dilúvio, foi o aviltante crime de amálgama de homem e besta que deturpou a imagem de Deus e causou confusão por toda parte”.99

"Toda espécie de animal que Deus criou foi preservada na arca. As espécies confusas que Deus não criara, resultantes da amálgama, foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio, tem havido amálgama de homem e besta como pode ser visto nas quase infindáveis variedades de espécies animais e em certas raças de homens”.100

Nestas afirmações, a Sra. White descreve o amálgama como "um pecado" bastante grave para requerer "a destruição" da raça humana. Ela diz que era um "aviltante crime”, que "deturpou a imagem de Deus”. Diz que ocorreu tanto antes como depois do "dilúvio", e que seus efeitos podem ser vistos "em certas raças de homens”.

A afirmação da Sra. White parece indicar que ela cria que a união sexual entre seres humanos e bestas antes e depois do dilúvio produziu espécies diferentes, amalgamadas. Este era um antigo mito que circulava entre pessoas incultas no século dezenove, mas que não tem base científica. Na realidade, a ciência tem demonstrado que é impossível que a união entre seres humanos e animais produza descendência.

O fato de que o mito do amálgama circulava em princípios do século dezenove é corroborado pelo fictício Livro de Jaser, publicado em 1844 – um livro que alguns dizem que a Sra. White usou para extrair material para seus livros (ver o capítulo anterior). No relato do livro sobre a época antediluviana, encontramos estas palavras:

"E seus juízes e governantes iam às filhas dos homens, e pela força lhes tiravam as esposas aos maridos, segundo lhes parecia, e naqueles dias os filhos dos homens tomavam o gado da terra, as bestas do campo, e as aves do céu, e ensinavam a mescla de umas espécies de animais com outras..."101

Sem se levar em conta as fontes, as afirmações da Sra. White deram lugar a algumas perguntas sérias. Por exemplo: Que raça é resultado do amálgama? A Sra. White disse que os resultados do amálgama podem ser vistos "em certas raças de homens”. As pessoas começaram a perguntar: Quais raças são o resultado da amálgama?

As acerbas críticas contra Ellen White na década de 1860 obrigaram os dirigentes da igreja a tentar defender sua profetisa. Em 1868, quatro anos depois que as afirmações sobre amálgama apareceram impressas pela primeira vez, o dirigente adventista Urias Smith (que nesse tempo professava crer em Ellen White como profetisa) publicou sua ardente defesa de Ellen White. Nesse livro, Smith conjecturava que a união entre seres humanos e bestas havia criado raças como as dos "bosquímanos da África, algumas tribos de hotentotes, e talvez os índios digger de nosso próprio país, etc.” 102

Tiago White revisou "cuidadosamente" o livro de Smith antes que fosse publicado, e a seguir o recomendou em termos entusiásticos aos leitores da revista oficial da igreja, Review and Herald:

"A Associação acaba de publicar um panfleto intitulado The Visions of Mrs. E. G. White, A Manifestation of Spiritual Gifts According to the Scriptures [As Visões da Sra. E. G. White, uma manifestação dos dons espirituais segundo as Escrituras]. É escrito pelo redator da Review. Enquanto lia cuidadosamente o manuscrito, senti-me muito grato a Deus por nosso povo poder ter essa apta defesa daqueles pontos de vista tão amados e entesourados, enquanto outros os desprezam e a eles se opõem. Este livro está destinado a ter ampla circulação. — Tiago White.103

Tiago White explica com abundância de detalhes que Smith não publicou este livro sem uma cuidadosa revisão. É inconcebível que as afirmações acerca dos índios e bosquímanos da África passassem despercebidas a Tiago White. Seu respaldo do livro indica que aprovava a explicação. Na realidade, porque estabelecia as afirmações da Sra. White, Tiago e Ellen levaram 2.000 exemplares do livro de Smith consigo para oferecê-los durante as reuniões ao ar livre [campais] aquele ano!104 Ao promover e vender o livro de Smith, os White puseram seu selo de aprovação a essa explicação da afirmação sobre o amálgama.

Apesar de que a explicação a respeito "dos bosquímanos da África" era o bastante boa para os White e para Smith, com o tempo perdeu favor com os dirigentes adventistas do sétimo dia. A afirmação voltou a ser publicada em 1870 no livro Spirit of Prophecy, Vol. 1, e continuou causando controvérsia. Tornava-se mais e mais difícil explicar essas afirmações dentro de uma denominação mais e mais educada e racialmente tolerante.

Conquanto Tiago e Ellen White, Urias Smith, o filho dela, W. C. White, e sua secretária, D. D. Robinson, nunca tivessem dúvidas de que, ao escrever, Ellen havia tido em mente o cruzamento entre seres humanos e animais105, os ulteriores defensores da Sra. White em anos recentes empreenderiam grandes esforços para tentar convencer as pessoas de que o amálgama se referia ao matrimônio entre as raças – seres humanos com seres humanos. Contudo, esta explicação dava lugar a mais perguntas do que respostas. Como poderia o casamento entre as raças humanas desfigurar a imagem de Deus no homem? Como poderia um ser humano (criado à imagem de Deus) casado com outro ser humano (criado à imagem de Deus) deturpar a imagem de Deus? Se o matrimônio entre raças é "pecado" e "um aviltante crime”, então por que nunca é assim descrito Bíblia? Muitos eruditos bíblicos crêem que Zípora, a esposa de Moisés, era de uma raça diferente. Eram os filhos de Moisés uma espécie amalgamada? Nesse caso, porque ofereceu Deus fazer dos filhos de Moisés uma grande nação? Por que não os destruiu Deus por cometer um crime aviltante?

Um crime aviltante é um ato de imoralidade vil. A Sra. White usa a frase "aviltante crime" só noutra ocasião em seus escritos. Usou a frase para descrever o vil intento da mulher de Potifar de cometer adultério com o jovem José.106 Como poderiam as relações matrimoniais entre as raças ser descritas como crimes vis ou aviltantes? Desde quando são crimes infames as relações sexuais entre os membros humanos de um casal no matrimônio? Não honra Deus o matrimônio, sejam ou não ambos da mesma raça ou religião? A Bíblia é muito clara em que as relações sexuais entre seres humanos e animais são um crime vil e infame. Esse crime é condenado na Bíblia como abominação (Levítico 18:23, 20:16) merecedora da pena de morte. O fato de que a Sra. White descreve o amálgama como um aviltante crime é evidência irrefutável de que ela se referia à bestialidade, não ao matrimônio entre seres humanos de diferentes antecedentes raciais.

Surgiram mais perguntas em vista da afirmação da Sra. White de que o amálgama foi a principal razão do dilúvio. Se a Sra. White está certa ao dizer que o amálgama era "um pecado acima de todo outro que atraiu a destruição da raça" por que esse pecado nunca foi mencionado em Gênesis? Moisés menciona os pecados de corrupção e violência (Gên. 6:11-13), mas nunca o de amálgama. É de se pensar que, se o amálgama foi "um pecado acima de todo outro" que trouxe o dilúvio, Moisés pelo menos o teria mencionado! Como pôde ter-se esquecido desse horrendo pecado sem mencioná-lo?

A afirmação tornou-se tão controversa que finalmente decidiu-se omiti-la quando o livro foi reimpresso em 1890 sob o título de Patriarcas e Profetas. Depois de ter o livro sido publicado, alguns adventistas observaram que faltavam as afirmações. A muitos isso pareceu uma admissão de que as afirmações eram realmente falsas. Os crentes na Sra. White perguntavam por que essas afirmações "inspiradas" haviam sido eliminadas da edição seguinte do livro. Se as afirmações acerca do amálgama eram certas, por que não foram deixadas no livro? Por que foram removidas? Se este pecado causou o dilúvio, as pessoas deviam inteirar-se disso para não repeti-lo.

Se os bosquímanos da África são o resultado da união entre seres humanos e animais, as pessoas têm o direito de saber. Que precedentes há para eliminar os escritos de um profeta? Nenhum dos profetas bíblicos teve que retroceder e alterar seus escritos para retirar afirmações. Por que tinha que fazê-lo a Sra. White?
A eliminação das afirmações relativas ao amálgama criou tal controvérsia que o White Estate decidiu ser importante proporcionar uma explicação das omissões. O filho de Ellen, W. C. White, tenta dar a explicação:

“Com relação aos dois parágrafos que se encontram em Spiritual Gifts e também em The Spirit of Prophecy concernentes ao amálgama, e a razão por que foram omitidos dos livros posteriores, e a pergunta quanto a quem assumiu a responsabilidade de omiti-los, posso falar com perfeita clareza e segurança. Foram omitidos por Ellen G. White. Ninguém relacionado com sua obra tinha qualquer autoridade sobre esse assunto, e nunca ouvi que alguém lhe oferecesse conselho em relação com isso”.

“Em todas as questões desse tipo, pode ter a certeza de que a irmã White era responsável por omitir ou acrescentar as questões desse tipo em edições posteriores de nossos livros”.

"A Sra. White não só tinha bom juízo baseado numa compreensão clara e abarcante das condições e as conseqüências naturais de publicar o que escrevia, como muitas vezes recebia instruções diretas do anjo do Senhor em relação com o que devia ser omitido ou acrescentado nas novas edições”.107

Nessa carta, W. C. White nos informa que é provável que um anjo dera instruções a Ellen White para omitir as afirmações sobre o amálgama na edição seguinte do livro. Isto dá lugar a outra pergunta: Por que não lhe deu o anjo instruções para omitir as linhas antes que fossem publicadas no primeiro livro? Com certeza, isto teria evitado muitas explicações, muita confusão, e muita controvérsia!

Os adventistas continuaram defendendo a afirmação acerca do amálgama como a união entre seres humanos e bestas até 1947, quando um biólogo adventista, o Dr. Frank Marsh, convenceu um painel de adventistas do sétimo dia de que isto não era possível. Isso ocorreu décadas depois que os cientistas haviam demonstrado que o ser humano não pode cruzar com animais.108

O Tropeço Quanto a Herodes

Esta não era a primeira vez que uma afirmação tinha que ser filtrada de um dos livros da Sra. White. No vol. 1 de Spiritual Gifts, publicado em 1858, a Sra. White escreve acerca de Herodes como se o mesmo Herodes que participou no julgamento de Jesus houvesse também matado a Tiago:

"O coração de Herodes havia se endurecido ainda mais; e quando ouviu que Cristo havia ressuscitado, ficou muito perturbado. Ele tirou a vida de Tiago, e quando viu que isso havia agradado aos judeus, apoderou-se de Pedro também, com o propósito de matá-lo”.109

Depois que a Sra. White publicou essa afirmação, descobriu-se que havia sido Herodes Antipas o que tomara parte no julgamento de Cristo, e Herodes Agripa o que executou a Tiago. Este erro foi corrigido quando essa parte do livro tornou a ser publicada em 1878 sob o título Spirit of Prophecy, Vol. 3:

"Ele [Herodes] se apoderou de Tiago e lançou-o na prisão, e mandou um verdugo para que o matasse à espada, tal como o outro Herodes havia feito decapitar o profeta João. Depois se tornou mais ousado, vendo que os judeus estavam bem satisfeitos com as suas ações, e encarcerou a Pedro”.110

Este pequeno tropeço abriu os olhos dos que criam que a Sra. White havia visto estes acontecimentos em visão. Agora era evidente a todos que ela só havia copiado tal erro de outro livro. Isso deve ter decepcionado seus seguidores, que criam que ela escrevia o que havia presenciado em visão. Não era irrazoável que seus seguidores esperassem isto, posto que havia sido ela quem afirmara obter os materiais para seus livros diretamente do céu:

"Vós sabeis como o Senhor se manifestou por meio do espírito de profecia. O passado, o presente, e o futuro, têm passado diante de mim... Eu não escrevo nenhum artigo no papel expressando meramente minhas próprias idéias. Elas são o que Deus me tem mostrado em visão – preciosos raios de luz que brilham desde o trono”. "O Espírito Santo tem traçado verdades em meu coração e em minha mente”.111

A Sra. White até afirmou que o Espírito Santo era o autor de seus livros: "O Espírito Santo é o Autor das Escritoras e do Espírito de Profecia”.112 Se a Sra. White fosse uma escritora cristã comum, seu erro teria passado quase despercebido. Não obstante, quando se é uma profetisa de Deus e se afirma que o Espírito Santo é o autor de seus livros, a gente espera muito da exatidão dos livros. Naturalmente, as pessoas se sentiram decepcionadas ao descobrir que nem todos os escritos da Sra. White procediam de visões do "passado, presente, e futuro”. Muita gente ficou confusa, perguntando-se como decifrar que partes dos escritos dela procediam de Deus e quais vinham de fontes não inspiradas. Quanto a seus outros erros de vulto, o tempo tem curado a ferida. Os livros originais se esgotaram, e poucos adventistas hoje em dia conhecem o erro significativo relacionado com Herodes.

Inicia-se uma nova era

Depois da morte de Tiago White, começou uma nova era nos escritos de Ellen White. Antes de sua morte, ele a havia ajudado a corrigir seus escritos. Agora ela necessitava de um novo ajudante, e encontrou uma na pessoa de uma escritora de talento chamada Marian Davis. Em 1881, a Srta. Davis se encarregou do trabalho de corrigir os escritos da Sra. White. Em 1887, Fannie Bolton passou a integrar o pessoal da Sra. White. Estas damas ajudariam a Sra. White a compor alguns de seus livros mais famosos, incluindo Steps to Christ [O Caminho a Cristo] e Desire of Ages [O Desejado de Todas as Nações].

Fannie Bolton não só escreveu livros para a Sra. White, como também artigos e algumas cartas sob o nome da Sra. White. Fannie confessou a Merritt G. Kellogg, meio-irmão de John Harvey Kellogg, que o que ela escrevia...

"Publicava-se na Review and Herald... como se o tivesse escrito a Sra. White sob inspiração de Deus... Sinto-me muito angustiada por esse assunto, porque sinto que estou agindo com engano. As pessoas estão sendo enganadas acerca da inspiração do que eu escrevo. Parece-me muito mal que qualquer coisa que eu escrevo saia sob o nome da Irmã White como um artigo especialmente inspirado por Deus. O que eu escrevo deveria sair com minha própria assinatura [;] assim crédito seria dado a quem lhe corresponde”.114

Depois de 1881, os escritos da Sra. White foram examinados muito mais de perto pelos dirigentes da igreja para evitar custosas e embaraçosas situações como as afirmações relativas ao amálgama. Os dirigentes da igreja até aprovaram uma resolução da Associação Geral em 1883 criando uma comissão para supervisionar os escritos dela:

"33. CONSIDERANDO, que muitos destes testemunhos foram escritos sob as mais desfavoráveis circunstâncias, estando a escritora sob uma pressão demasiado forte, causada pela ansiedade e o trabalho, para dedicar pensamentos críticos quanto a perfeição gramatical de seus escritos, e que estes foram impressos com tal pressa que estas imperfeições ficaram sem ser corrigidas; e CONSIDERANDO, que cremos que a luz dada por Deus a seus servos é por meio do esclarecimento da mente, comunicando assim os pensamentos, e não (exceto em raros casos) as mesmíssimas palavras em que as idéias deveriam ser expressas; portanto, RESOLVE-SE que na publicação desses volumes, façam-se mudanças verbais para eliminar as imperfeições mencionadas mais acima, até onde seja possível, sem alterar o pensamento de qualquer maneira; e, além disso,

34. RESOLVE-SE que este corpo nomeie uma comissão de cinco pessoas para que se encarregue de tornar a publicar estes volumes de acordo com os preâmbulos e resoluções que antecedem”.114

Aparentemente, os dirigentes da Associação Geral criam que tinham o direito de alterar os escritos da Sra. White, mas 22 anos depois, em 1905, a Sra. White afirmou que as palavras que ela escrevia procediam de Deus e que não deviam ser modificadas:

"A palavra que me foi dada é: 'Repreende fielmente aos que desejem empanar a fé do povo de Deus. Escreve as coisas que eu te darei, para que fiquem como testemunhas da verdade até o fim do tempo.' Eu disse: 'Se algum cidadão de Battle Creek deseja saber o que a Sra. White crê e ensina, que leia os seus livros que foram publicados. Meus trabalhos não seriam nada se eu pregasse um evangelho diferente. O que escrevi é o que o Senhor me ordenou escrever. Não me foi dito para alterar o que enviei”.115

Embora Deus não tivesse dito a Ellen que mudasse o que havia enviado, os dirigentes da igreja se encarregaram de fazê-lo. Os erros passados haviam ensinado que era demasiado arriscado permitir que seus escritos saíssem a público sem serem corrigidos.

Disse a Sra. White: "Não me retratarei de nenhuma palavra da mensagem que transmiti”.116 A despeito dessa garantia, grande número de suas palavras foram retiradas e eliminadas de publicações posteriores. Por exemplo:

1.     Afirmações referentes à porta fechada da salvação.
2.     Afirmações que a ciência tem demonstrado serem falsas, como a referente ao amálgama.
3.     Um capítulo inteiro de The Great Controversy (o capítulo 12: "Deus Honra aos Humildes").
4.     Livros inteiros, como An Appeal to Mothers (ver capítulo 4), um livro mítico acerca dos perigos do "auto-abuso", foram tirados de circulação.

Se a Sra. White não foi autorizada por Deus para retirar uma só palavra da mensagem que transmitia, quem autorizou as mudanças nos seus escritos? Em 1992, a Review revelou o hábito do pessoal do White Estate de revisar e alterar os escritos da Sra. White. Paul A. Gordon, o então secretário do White Estate, escreve:

"É legítimo modificar, condensar, ou simplificar os escritos de Ellen White? A resposta é que sim. Podemos alterar, condensar, ou simplificar as palavras, mas não temos permissão para alterar a mensagem proposta. Eis por que: os adventistas do sétimo dia não se atêm à inspiração verbal. Isto significa que não cremos que Deus ditou a Ellen as palavras que teria de usar... nos anos desde a morte da Sra. White em 1915, mais de 50 novas compilações ou edições dos livros de Ellen White foram preparadas pelos Depositários de E. G. W. Em todos os casos – incluindo edições que foram condensadas ou simplificadas – a mensagem proposta nunca foi perdida, só as palavras foram mudadas”.117

Apesar das garantias de que as mudanças não causariam impacto à mensagem proposta, alguns crêem que as alterações eram muito mais significativas do que só uma palavra aqui e outra acolá. Em 1919 teve lugar uma conferência de dirigentes adventistas do sétimo dia para discutir o que fazer com os escritos de Ellen White. Durante essa conferência, o presidente da escola superior, W. W. Prescott, menciona as mudanças nas quais ele esteve envolvido, e como essas mudanças lhe deixaram dúvidas com relação à inspiração dos escritos da Sra. White:

"Eis aqui o meu problema. Revisei este (O Conflito dos Séculos) e sugeri as mudanças que deviam ser feitas para corrigir as afirmações. Estas mudanças foram aceitas. O meu problema pessoal será conservar a fé nas coisas com as quais não posso defrontar sobre essa base... Se corrigirmos aqui e corrigimos acolá, como vamos ser coerentes nos outros lugares?".

Não era a primeira vez que W. W. Prescott soava o alarme quanto aos problemas nos livros da Sra. White. Em 1915, ele escreveu uma carta pessoal ao filho W. C. White:

"O modo em que se têm lidado com os escritos de sua mãe, e as falsas impressões concernentes a eles, que ainda são fomentadas entre o povo, me têm causado grande perplexidade e prova. Parece-me que o que equivale a engano, conquanto provavelmente não intencional, tem sido praticado ao preparar alguns livros seus, e que não se empreendeu qualquer esforço sério para desabusar as mentes das pessoas do que se sabia ser um ponto de vista errôneo em relação com os escritos dela”.118

Prescott estava profundamente preocupado pela maneira em que se tratavam os livros da Sra. White. Prescott certamente estava em condições de saber como estavam usando os livros dela. Além de trabalhar em O Conflito dos Séculos, havia ajudado em outros livros. De acordo com C. C. Crisler, por muito tempo secretário dos Depositários White, necessitou-se da ajuda de Prescott na preparação do livro Profetas e Reis, que se publicou um ano depois da morte da Sra. White. Numa carta, escrita em 27 de dezembro de 1907, Crisler pediu ajuda a Prescott:

"Na preparação desta série [Profetas e Reis], sentimos a necessidade de conselho, e freqüentemente desejamos poder ter a ajuda dos que estavam familiarizados com o período do Exílio e a Restauração de Babilônia... Desejamos grandemente que leia os artigos restantes, e elimine quaisquer porções que tema poderem vir a fazer mais mal do que bem. Como notará, alguns pontos foram protegidos, outros omitidos, e, em alguns casos, foram tomadas posições... Estamos vivamente conscientes de nossa incapacidade para ver muitos pontos que deveriam ser examinados de perto, e por isso sentimos a necessidade de assistência crítica”.

Esta carta revela o alcance das mudanças. Contrariamente ao que os Depositários White nos querem fazer acreditar, Prescott tinha autoridade para omitir e eliminar seções inteiras dos escritos de Ellen White se chegasse a pensar que de algum modo poderiam prejudicar a igreja. Tal fato nos leva a perguntar-nos se o pessoal dos Depositários White cria na realidade que estavam tratando com escritos inspirados procedentes de uma profetisa de Deus.

Eis alguns exemplos de alterações nos escritos da Sra. White:

Ellen White Revisada
Ellen White Original
"Testifico a meus irmãos e irmãs que a igreja de Cristo, por debilitada e defeituosa que seja, é o único objeto sobre a terra ao qual Ele dedica Sua suprema consideração”. Testimonies to Ministers & Gospel Workers, p. 15.
"A igreja de Cristo é o único objeto sobre a terra ao qual ele concede suprema consideração; e, contudo, se tornou débil e ineficiente por causa de seu egoísmo”. Review and Herald, 11 de dezembro de 1888.
"Mais mortes têm sido causadas por tomar drogas do que por todas as outras causas combinadas”. Mensagens Escolhidas, Vol. 2, p. 450.
"Foi-me mostrado que mais mortes têm sido causadas por tomar drogas que por todas as outras causas combinadas”. Spiritual Gifts, tomos 3-4, p. 133.
"Não só isto, mas também ao Papa se têm dado os mesmos títulos da Deidade. Tem sido chamado 'O Senhor Deus o Papa,' e tem sido declarado infalível”. O Conflito dos Séculos, p. 48 [50-51].
"Não só isto, mas também o Papa a si tem arrogado os mesmos títulos da Deidade. Chama a si mesmo 'o Senhor Deus o Papa,' pretende ser infalível e exige que todos os homens lhe prestem homenagem." Spirit of Prophecy, tomos 4, p. 53.

Não temos meios de julgar quantas afirmações foram alteradas, modificadas, ou omitidas antes de sua publicação.

Ao concluir este livro, fica evidente que se empreenderam muitos esforços para encobrir os equívocos, fracassos, e tropeços evidentes da Sra. White. Muitos dos livros publicados mais tarde durante a vida da Sra. White são tidos por exemplos de inspiração divina. No entanto, esses mesmos livros são os que foram escritos com a maior quantidade de correções e revisões por parte do pessoal de talentosos escritores, com a supervisão da Comissão da Associação Geral. Parece que a qualidade das mensagens de Deus para o Seu povo experimentou uma dramática melhoria, uma vez que a igreja envolveu as pessoas certas no processo.

O que mostra a evidência é que, desde o começo de sua carreira na década de 1840 até a atualidade, os seguidores de Ellen White têm-se sentido obrigados a encobrir os erros dela para sustentar o seu papel profético. A atitude que prevalece entre seus seguidores parece ser a de que, se seus equívocos, fracassos, e seus erros evidentes fossem dados a conhecer à igreja em geral, haveria deserções em massa na igreja. Por isso, para preservá-la, os erros foram varridos para debaixo do tapete e não se falou deles, deixando os membros ignorantes dos fatos, sem saber que têm sido levados a crer numa mentira White.


 Referências

[Paginação sempre segundo originais em inglês]




1. Ellen White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 35.
2. Ellen White, Testimonies, Vol. 1, p. 13.
3. The People Called Shakers, pp. 152-153.
4. Ronald Numbers, Prophetess of Health, pp. 16-18.
5. Manuscript Releases 17, pp. 96-97, Ms 131, 1906, pp. 1, 4- 6 Ellen G. Wite Estate Washington, D. C. (divulgado em 4 de junho de 1987).
6. Ibid., pp. 95-96.
7. William E. Foy, The Christian Experience of William E. Foy, 1845, pp. 14,15.
8. Ellen G. White, Christian Experience and Views of Mrs. White, 1851, p. 17.
9. Numbers, p. 18.
10. Ibid.
11. Ibid.
12. Tiago White, Word to the Little Flock, p. 22, 1847.
13. Ellen White, Primeiros Escritos, p. 21.
14. Isaac Wellcome, History of the Second Advent Message (Yarmouth, Maine: Advent Christian Publication Society, 1874); Jacob Brinkerhoff, The Seventh-day Adventists and Mrs. Whites Visions (Marion, Iowa: Advent and Sabbath Advocate, 1884), 4-6.
15. Miles Grant, An Examination of Mrs. Ellen Whites Visions, Boston: Published by the Advent Christian Publication Society, 1877.
16. Ibid.
17. Tiago e Ellen White, A Word to the Little Flock, 1847, p. 21.
18. Arthur White, Ellen G. White: The Early Years Vol. 1 –
1827-1862, p. 113.
19. Arthur White, p. 113.
20. Carta da Sra. Truesdail’s de 27 de junho de 1891.
21. Joseph Bates, A Seal of the Living God, 1849.
22. Ellen White, Present Truth, set., 1849.
23. Present Truth, abril, 1850.
24. Ibid.
25. Ellen White, Primeiros Escritos, pp. 64-67.
26. Ellen White, Experience & Views, pp. 46-47.
27. Ellen White, Testimonies, Vol. 1, p. 131
28. Ellen White, MS 34, 1885.
29. "The Story of Ellen White’s Suppressed Testimony," Limboline, (Glendale, Calif: Church of the Advent Fellowship), 7 de jan. de 1984, pp. 10,11.
30. Advent Herald, 11 de dez. de 1844.
31. Voice of Truth, 19 de fev. de 1845.
32. Joseph Bates, Second Advent Waymarks, 1847, pp. 97-110.
33. Carta de Lucinda Burdick, Bridgeport, Connecticut, 26 de set. de 1908.
34. Miles Grant, An Examination of Mrs. Ellen Whites Visions, Boston: Advent Christian Publication Society, 1877.
35. Ibid.
36. Ellen White, Manuscript Releases, Vol. 5, p. 97
37. Ibid., p. 93.
38. DF 105, de Otis Nichols para Guilherme Miller, 20 de abril de 1846. (Extraída de The Early Years, Vol. 1, pp. 75-76).
39. Ibid.
40. A Word to the Little Flock, 1847.
41. Ibid., pp. 1-2.
42. Present Truth, ago., 1849.
43. Carta 4, 1850, pp. 1, 2.
44. Present Truth, abril, 1850.
45. Present Truth, maio, 1850.
46. Tiago White, AR, ago., 1850, (Early Years, p. 191).
47. George Butler, Review and Herald, 7 de abril de 1885.
48. Carta de Lucinda Burdick, Bridgeport, Connecticut, 26 de set. de 1908.
49. Mensagens Escolhidas, Vol. 1, p. 53.
50. D.M. Canright, The Life of Ellen White, cap. 8, 1919.
51. Advent Review, 26 de dez. de 1882.
52. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. 1, p. 63.
53. Bruce Weaver, Adventist Currents, "The Arrest and Trial of Israel Dammon", Vol. 3, No. 1, 1988.
54. Piscataquis Farmer, 7 de mar. de 1845.
55. Ibid.
56. Ibid.
57. Ibid.
58. Ibid.
59. Ellen White, Spiritual Gifts, Vol. 2, pp. 40-41, 1860.
60. Piscataquis Farmer, 7 de mar. de 1845.
61. Weaver, Adventist Currents.
62. Spiritual Gifts, Vol. 2, pp. 41-42, 1860.
63. Piscataquis Farmer, 7 de mar. de 1845.
64. Miles Grant, An Examination of Mrs. Ellen Whites Visions, Boston: Advent Christian Publication Society, 1877.
65. Bruce Weaver, Adventist Currents.
66. Ellen White, Signs of the Times, 27 de ago. de 1894.
67. Piscataquis Farmer, 7 de mar. de 1845.
68. Ellen White, Manuscript 5a, 1850; julho 1850, de East Hamilton, N.Y.
69. Ellen White ao Irmão e Irmã Haskell, 10 de out. de 1900.
70. Miles Grant, An Examination of Mrs. Ellen Whites Visions, Boston: Advent Christian Publication Society, 1877.
71. Ellen White, Testimonies, vol. 1, p. 206.
72. Tiago White, Present Truth, "Swine’s Flesh," nov., 1850.
73. H.E. Carver, Mrs. E. G. Whites Claims to Divine Inspiration Examined, 2a edição, 1877.
74. Ellen White, Testimonies, vol. 4, p. 148.
75. Ibid., vol 2, p. 93.
76. Arthur White, Early Years, Vol. 2, p. 13.
77. Ellen White, "To Those Who Are Receiving the Seal of the Living God," (Tablóide 2), jan., 1849.
78. Ellen White, Advent Review and Sabbath Herald, 27 de fev. de 1866.
79. Ibid., 8 de out. de 1867.
80. Ellen White, Appeal to Mothers, pp. 84,85,90.
81. Ibid. pp. 11,13.
82. Ibid. pp. 14.
83. Ibid. pp. 14,15.
84. Ibid. p. 17.
85. Ibid., p. 27.
86. Ibid., p. 3.
87. Ibid., p. 4.
88. Gregory Hunt, M.D., Beware This Cult, "The Masturbation Connection", 1981.
89. Sylvester Graham, Lectures to Young Men on Chastity, 1834.
90. Ibid.
91. Sylvester Graham, Lectures on the Science of Human Life, pp. 224-286, 1849.
92. Ellen White, An Appeal to Youth, pp. 61,41.
93. Ellen White, Manuscript Releases, vol. 15, p. 66.
94. Ellen White, Primeiros Escritos, pp. 287-288.
95. D.M. Canright, The Life of Ellen G. White, cap. 10, "A Great Plagiarist", 1919.
96. A.G. Daniells, Transcrição da Conferência de 1919 Sobre o Espírito de Profecia.
97. Walter T. Rea, "How the Seventh-day Adventist ‘Spirit of Prophecy’ was Born," p. 1.
98. Fred Veltman, Ph.D., Ministry, nov. 1990, pp. 11,14.
99. Ellen White, Spiritual Gifts, Vol. 3, p. 64, 1864
100. Ibid., p. 75.
101. Book of Jasher, 4:18, 1844.
102. Uriah Smith, The Visions of Mrs. E. G. White, p. 103, 1868.
103. Tiago White, Review, 15 de ago. de 1868.
104. "Amalgamation of Man and Beast: What did Ellen White Mean?", Spectrum, jun., 1982, p. 14.
105. Ibid., p. 11.
106. Signs of the Times, 8 de jan. de 1880.
107. W.C. White, Mensagens Escolhidas, Vol. 3, p. 452.
108. "Amalgamation of Man and Beast: What did Ellen White Mean?", pp. 16,17.
109. Ellen G. White, Spiritual Gifts, vol. 1, p. 71.
110. Ellen G. White, Spirit of Prophecy, vol. 3, p. 334.
111. Ellen G. White, Testimonies, Vol. 5, pp. 64,67, Carta 90, 1906.
112. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. 3, p. 30.
113. Declaração de Merritt G. Kellogg [março de 1908], The Story, p. 107.
114. Review and Herald, 27 de nov. de 1883.
115. Ellen White, Review and Herald, 26 de jan. de 1905.
116. Ibid., 19 de abr. de 1906.
117. Adventist Review, 19 de nov. 19 de 1992, pp. 8-9.
118. W.W. Prescott, Conferência de 1919 Sobre Ellen White.


Apêndice

O Testemunho de um Ex-perfeccionista


A pungente experiência de Dirk Anderson transmite sérias advertências e lições aos que se apegam a um ultra conservadorismo tolo, desinformado e preconceituoso.

Nasci no Hospital Adventista chamada Florida Hospital, em Orlando, Flórida, EUA. Ninguém então imaginava que eu passaria parte de minha carreira como adulto trabalhando naquele mesmo hospital. Naquela época o Hospital Flórida era pequeno. Não era a organização de um bilhão de dólares como hoje. Os administradores ainda recebiam salários de obreiros. O hospital ainda não tinha começado a investir seus fundos no mercado de ações. Ao tempo em que meu filho nasceu no mesmo hospital, as coisas haviam mudando dramaticamente. E assim tem havido mudanças na IASD como um todo. Gradualmente, a igreja foi se afastando dos ensinamentos de seus pioneiros.


Minha Educação Adventista


Passei 16 anos em colégios adventistas. Desde meus primeiros anos foram-me ensinadas as doutrinas peculiares adventistas do sétimo dia. Aprendi sobre a Lei Dominical Nacional e como os católicos e protestantes iriam se unir para perseguir os que observavam o sábado. Foi-me ensinado que Ellen White era a profetisa de Deus e que experimentava sinais maravilhosos, como não respirar e sustentar uma Bíblia com mãos estendidas por horas. Ao crescer, aprendi a respeito do juízo investigativo e das três mensagens angélicas. Vivia numa condição de constante temor misturado com expectativa. Temia a perseguição vindoura e o tempo de angústia, mas ansiava pelo retorno de Cristo.


Todos me falavam constantemente que Jesus voltaria em breve, possivelmente dentro de um ou dois anos. Algumas ocasiões apareceram pessoas estabelecendo datas e eu ficava ansioso e preocupado, mas então a data passava e tudo continuava como antes.


Aprendendo a Ser Perfeito


Ao longo dos anos, aprendi que a IASD era o único verdadeiro remanescente de Deus e que Ele estava purificando e provando o Seu povo a fim de prepará-lo para permanecer perfeito sem um intercessor na Sua presença. Como criança, essa era uma pesada carga para suportar.


Tentava ser perfeito e observar o sábado de modo perfeito, mas sempre parecia estar aquém do ideal. Olhava ao meu redor em busca de pessoas perfeitas, mas nunca descobria nenhuma. Os ASD's que eu conhecia eram geralmente boas pessoas, mas podia detectar pouca diferença entre elas e outros cristãos. A maioria dos ASD's que eu conhecia não tomava café (pelo menos, não diante de outros da mesma fé) e não usavam jóias (exceto broches e alfinetes ornamentais), mas quanto a características de amor, aceitação, perdão e pureza, honestamente não podia ver que os ASD's fossem superiores a quaisquer outros cristãos.


Minha Experiência no Colégio


A vida colegial foi uma experiência de abrir os olhos. Estar longe do ambiente restritivo do lar parecia fazer vir à tona o pior, tanto em mim quanto em outros estudantes. Caminhar pelos corredores do dormitório assemelhava-se a estar num concerto de rock, com dúzias de diferentes conjuntos de "heavy metal". A única pausa para as músicas rock era durante os sábados quando os estudantes reduziam os decibéis para evitar repreensões


Um jovem ASD alugava vídeos pornográficos e cobrava entrada para que outros fossem até seu quarto para vê-los. Era chocante ver 25 jovens amontoados num quarto de dormitório para assistirem ao vídeo.


Nas noites de sábado o dormitório se esvaziava, quando os estudantes partiam para bares locais e danceterias. Eu às vezes observava os estudantes caminhando (ou se arrastando) de volta ao dormitório com olhos vermelhos. Os estudantes escondiam cerveja, material pornográfico e facas em seus quartos. Ocasionalmente o preceptor fazia uma "blitz" num determinado quarto para confiscar o material ilegal.

Enquanto no dormitório, tive oportunidade de conhecer o bisneto de Ellen White, Steve White. O seu quarto ficava do outro lado do corredor, em frente ao meu. Ele era um rapaz agradável e não se envolvia em algumas das atividades irregulares dos demais.


Um estudante foi expulso enquanto eu ali residi. Ele morava corredor abaixo, e se chamava Kevin. Era um sujeito amigável, apreciado e muito talentoso. Foi expulso por atividade homossexual. Ele foi transferido para um Colégio ASD na costa oeste. Mais tarde, com idade de 19 anos, cometeu suicídio. Não sei por que se matou. Imagino que não pôde suportar a pressão de ser imperfeito.


Minha Conversão


Converti-me com a idade de 21 anos. Poucos meses antes dessa experiência comecei a ter um senso de minha própria pecaminosidade tal como nunca havia experimentado antes. Comecei a procurar respostas e alguém me deu um exemplar de um dos livros do Pr. Morris Venden. Enquanto o lia, descobri algo que devia alterar minha vida para sempre: "A salvação é pela fé". Parecia-me um conceito totalmente novo. Até então eu tinha a impressão de que me salvaria sendo obediente a Deus e observando os Dez Mandamentos.


Não posso explicar por que julgava que seria salvo pelas obras. Ninguém nunca me disse que eu me salvaria pelas obras. Foi simplesmente algo que apreendi de minha experiência e vida estudantil. Comecei a ver as coisas sob uma luz totalmente diferente. Submeti-me a Deus e dediquei-Lhe a vida.


Ellen White Entra em Minha Vida


Fiquei tão emocionado com respeito ao meu novo nascimento que desejei tornar-me o melhor adventista que pudesse. Assim, iniciei a rotina que deveria durar por mais de dez anos. Comecei uma leitura diária dos escritos de Ellen White, às vezes por horas seguidas. Com grande custo, montei uma biblioteca de mais de 50 livros de Ellen White. Adquiri um CD-ROM com seus escritos e mergulhei neles. Ao todo, li mais de 10.000 páginas de seus escritos. Memorizei passagens inteiras. Comecei a distribuir "Caminho a Cristo" para colegas de trabalho e amigos. Nos sábados à tarde ia de porta em porta distribuindo seus livros, tendo doado mais de 1.000 exemplares de "Caminho a Cristo".


Em 1992 envolvi-me com o "Projeto Grande Conflito", sustentado por um ministério independente chamado "Ministério Terminação da obra". Enquanto vivia em Jacksonville, Florida, distribuímos 110.000 cartões a pessoas oferecendo-lhes exemplares de "O Grande Conflito". Mais tarde tornei-me o Secretário Executivo desse ministério. Foi nessa posição que deparei alguns conflitos que muitas vezes se manifestam entre membros da igreja.


Havia discordância quanto aos escritos de Ellen White e outras questões que finalmente dividiram o ministério. O diretor saiu, unindo-se ao movimento do Santo Nome, e a diretoria decidiu dar fim ao ministério. Eu continuei ocupando diversas posições na IASD, tais como tesoureiro, líder de jovens associado, diácono e líder de ministérios pessoais. Dirigia uma classe de estudos bíblicos nos sábados à tarde e acolhia um pequeno grupo em minha casa às sextas-feiras à noite.


O Impacto de Ellen White Sobre a Minha Vida


Os escritos de Ellen White tiveram um dramático impacto sobre minha vida. Em minhas leituras comecei a descobrir muitas regras que eu e a maioria dos ASD's que eu conhecia não estavam seguindo. Comecei a fazer uma lista a fim de cumpri-las. Minha esposa protestou contra esse sistema, mas fui em frente. Já éramos vegetarianos. Agora eu eliminei em grande medida produtos de origem láctea, vinagre, ovos e açúcar de nosso regime alimentar. Talvez esteja se perguntando, mas o que comiam então? Não muita coisa! Meu peso caiu para níveis bem baixos e perdi energia. O regime alimentar insuficiente, combinado com a tensão de tentar viver uma vida perfeita, tiveram o seu efeito sobre minha saúde de um modo como jamais conseguirei me recuperar.


Adicionalmente às mudanças dietéticas, eu realizei outras mudanças. Recusava-me a usar uma aliança matrimonial e insistia com minha esposa que fizesse o mesmo. Evitava associação com não-adventistas, exceto para o propósito de convertê-los ao adventismo. Evitava ir a médicos e empregar drogas de quaisquer tipos, inclusive aspirina.


Tiramos todas as fotos de crianças e membros da família das paredes porque a Sra. White dissera que isso era idolatria. Cancelei nosso seguro de vida porque a Sra. White declarou que os ASD's não precisam de seguro de vida. Deixei de adquirir títulos de capitalização para aposentadoria porque a Sra. White ensinou a que se evitassem investimentos. Cheguei ao ponto até de dizer à minha esposa para se consultar só com ginecologistas do sexo feminino porque a Sra. White declarou ser impróprio que uma mulher se submetesse a exames por um ginecologista homem.


Unindo-me às Fileiras do Adventismo "Histórico"


Logo descobri que minhas rígidas posições quanto a Ellen White situavam-me fora da corrente maior do adventismo. Conquanto a maioria dos adventistas professem fé em Ellen White, poucos na verdade seguem os seus ensinos à risca. Os que seguem os ensinos tradicionais de Ellen White e dos pioneiros ASD's são chamados de "adventistas históricos". Comecei a associar-me mais e mais com organizações independentes dentro da IASD, tais como a Hope International. Cria que esses grupos estavam pregando o que Ellen White descreveu como "Testemunho Direto".


Comecei a freqüentar uma igreja independente e a ir a campais de independentes. Conheci e conversei com muitos dos líderes do movimento independente, inclusive Ron Spear, Jan Marcussen, e Colin e Russell Standish. Logo descobri que as mesmas disputas e conflitos que ocorriam na corporação regular da IASD se davam também entre os ministérios independentes, com a diferença de ocorrerem em maior intensidade. Havia discussões sobre interpretação profética, versões bíblicas, como observar o sábado, regime alimentar, e outras questões. Contudo, prevalecia um ponto universal de concordância: a instituição da IASD estava corrompida e precisava ser reformada.


Minha Defesa de Ellen G. White


Em 1996 descobri material na Internet atacando a Sra. White como profetisa. Fiquei contrariado. Indignava-me de que alguém criticasse a profetisa de Deus. Por anos havia estado dizendo aos ASD's como deviam obedecer a Ellen White. Tornara-me adepto de identificar que regras de Ellen White uma pessoa não estava seguindo, e logo as criticava por serem relapsas em não seguir os seus padrões.


Agora assumia a nova missão de defendê-la na Internet. Criei uma Web Page e elaborei argumentos para buscar explicar algumas de suas declarações incomuns, tais como sobre o "amálgama de homens e bestas" [Ver artigo "'Amálgama de Homem e Besta' - O Que Ellen White Quis Dizer?"- nº 4 do nosso "Catálogo"]. Forcei-me a desenvolver todo tipo de "ginástica mental" a fim de explicar as coisas, e comecei a indagar-me se não estaria ultrapassando até os limites da honestidade.


Fendas Surgem da Armadura da Sra. White


Minha primeira dúvida sobre Ellen White veio poucos meses após eu ter aberto meu Web Site de apologia dela. O Pr. William Fagal, diretor do White Estate (Patrimônio White), enviou-me um e-mail indicando que alguns dos materiais em meu Web Site estavam incorretos. O material fora escrito por J. N. Loughborough e tratava da história de William Foy, o homem que recebera visões antes de Ellen White.


Fagal fazia notar que pesquisa posterior havia comprovado que Loughborough estava equivocado. Comecei a indagar-me o que mais Loughborough havia escrito que também estaria errado. Que dizer sobre o relato da grande Bíblia sustentada no ar? E sobre a falta de respiração nas visões? [Obs.: Estas questões são tratadas candidamente pelo Pr. Arthur Daniells, presidente da Associação Geral, na Conferência de 1919, segundo o arquivo no. 22 de nosso "Catálogo"]. Comecei a imaginar por que Loughborough transmitiria informações erradas, e seu propósito em reescrever a história. Não obstante, decidi deixar de lado minhas dúvidas e confiar em que Ellen White era a profetisa de Deus.


Minha Apologia de Ellen White Naufraga


Cerca de um mês depois algumas pessoas na Internet me desafiaram a ler o livro de Canright sobre Ellen White. Decidi ler o livro com a intenção de refutá-lo. Li-o e o achei muito perturbador, mas estava determinado a provar que ele estava errado. Assim, dirigi-me à biblioteca da universidade ASD local e comecei a cavar fundo nos velhos documentos para ver o que poderia achar sobre Ellen White e os pioneiros. Gastei muitas horas investigando o material. Para minha surpresa, não pude encontrar nada para refutar Canright. De fato, tudo quanto descobria parecia apoiar o que Canright escrevera. Fiquei perplexo.
Comecei a investigar o tema da "porta fechada" e descobri que Ellen White havia de fato visto que a porta da salvação se fechara para os pecadores em 1844 em pelo menos uma de suas visões [Ver artigo "O Episódio da Porta Fechada", nº 39 de nosso "Catálogo"]. Li a visão vez após vez novamente, lutando para encontrar sua lógica.


Lutei com a questão da visão empregando minha melhor ginástica mental para torná-la compatível com o que cria, mas em vão. Não podia contornar o problema. A Sra. White havia visto uma falsidade em visão. Fiquei confuso e revoltado. Decidi estudar mais a fundo antes de tomar uma decisão.


Comecei a estudar sobre sua condição médica. Seus próprios doutores ASD's a haviam diagnosticado como vítima de histeria e catalepsia, de modo que investiguei essas condições. Descobri que pessoas sob tais condições experimentam alucinações e seus corpos se tornam rígidos e sua respiração quase se detém. Também descobri que tais condições podem ser provocadas por um dano ao cérebro.


Posteriormente descobri que tais condições geralmente se manifestam em mulheres, e que os sintomas amiúde param na meia-idade, tal como as visões da Sra. White, que diminuíram e, finalmente, pararam na sua meia-idade.


Comecei a perguntar-me por que Deus daria a alguém visões numa maneira que se assemelhava tanto aos padrões de uma conhecida condição médica? Parecia, na melhor das hipóteses, ser uma coincidência.


Esmagado pela Evidência


A gota d'água foi o Dia da Expiação. Sentei-me e li Levítico 16 e Hebreus 9 e 10. Li esses capítulos repetidamente. Abri a gramática grega e procurei as palavras. Tudo que eu lia indicava que Cristo entrou no Lugar Santíssimo por ocasião de Sua ascensão. Sem as visões de Ellen White, não podia situar o Dia da Expiação em 1844. A Bíblia claramente o situa em 31 AD.


Finalmente fui forçado a admitir, pelo esmagador peso da evidência, que a Sra. White não era uma profetisa de Deus. Isso me deixou arrasado. Fiquei doente e sobre uma cama por seis dias. Tornei-me deprimido e desanimado. Foram necessários vários meses antes de renunciar a minha condição de membro da IASD. Não podia mais apoiar uma organização que eu julgava não ter sido plenamente honesta a respeito do ministério de Ellen White.


Descobertas Posteriores


Descobri que não estava sozinho. Muitos ASD's atuais e ex-membros da Igreja não crêem em Ellen White como profetisa. Muitos líderes da IASD estão cientes dos problemas com Ellen White, mas não discutem tais problemas com os membros da igreja. Os membros são deixados crendo numa mentira branca.


Há professores de teologia, pastores e estudantes que não crêem na mentira branca. Contudo, eles devem professar algum nível de crença nela a fim de manterem sua posição. Suponho que justificam sua falta de franqueza alegando que a leitura de Ellen White não causará mal algum.


Posso testificar de que esta é uma falsidade. Seguir todas as injunções da Sra. White pode não só causar tensão e desconforto desnecessários em sua vida, como de fato pode terminar custando sua própria existência. Como? Seguindo os extremos em regime alimentar e evitando médicos e remédios. Posso também testificar da perda na vida espiritual.


Quanto mais lia os "Testemunhos", mais me punha a julgar e criticar e manter um espírito severo. Se julga que minhas atuais páginas no Web Site são demasiado duras, tenha misericórdia de mim. Deus está ainda operando para remover esse espírito de mim".


O Que Faço Agora


Sinto-me feliz porque Deus revelou-me a verdade sobre Ellen White. Ainda cultuo a Deus no sábado, mas não mais creio ser o sábado o "selo de Deus" ou a marca de identificação do povo especial de Deus. Quando não estou visitando uma IASD, assisto na Igreja de Deus, observadora do sábado.*


Não incentivo as pessoas a saírem da IASD. Ela segue a Bíblia mais fielmente do que qualquer outra igreja. Incentivo as pessoas a seguirem a direção divina. Para mim, foi a decisão acertada. Pode não ser a decisão apropriada para você. Nunca me arrependi de ter saído da IASD.


Minha única queixa é que os líderes adventistas não me contaram a verdade sobre Ellen White. Esta é a razão deste Web Site. Desejo disponibilizar-lhe informações sobre Ellen White que me custaram meses e meses de pesquisa para obter.


Desejo que tenha a oportunidade de examinar toda a evidência a fim de capacitar-se a tomar uma decisão bem fundamentada quanto à inspiração de Ellen White. A IASD tem prestado um desserviço ao seu povo por prover-lhe somente informações parciais sobre Ellen White. No dia em que a IASD começar a propiciar informações completas sobre ela, eu fecharei este Web Site.


Que Deus abençoe você em sua caminhada com Ele.


Dirk Anderson



* NT.: Temos tradicionalmente sido ensinados que o "Selo de Deus" referido no Apocalipse seja o sábado, partindo de um verdadeiro raciocínio aristotélico: assim como na menção a um governante tem-se o seu nome ligado a um determinado título e o território sobre o qual governa (por exemplo: Elizabeth II, Rainha da Inglaterra) também o mandamento do sábado conteria esses três elementos: "O Senhor Deus, Criador do céu e da terra', devendo, pois, ser entendido como esse "selo de Deus". Contudo, o Novo Testamento em Efésios 1:13 diz de modo claro e objetivo qual é o selo de Deus sem necessidade de quaisquer especulações.

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