O cerco de 51 dias acabou com o incêndio da granja (Arquivo/Reuters) |
Segunda, 19 de junho de 2000, 16h02min
O julgamento, que começou segunda-feira em Waco com a escolha do júri, decidirá se o governo é responsável pela morte de 86 membros da seita, entre eles 17 crianças, durante o ataque ao local, em seguida a um cerco de 51 dias.
"De um lado há um grupo de cidadãos que denunciam graves abusos de poder cometidos pelo Estado. Do outro, há um governo que terá que explicar seus atos", disse Bill Underwood, professor de direito da Universidade de Baylor.
Dia 28 de fevereiro de 1993 centenas de agentes do órgão federal encarregado de fiscalizar as armas de fogo foram em busca de armas e explosivos à granja ocupada por adeptos da seita Davidiana, grupo dissidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia liderado por David Koresh.
Os agentes foram recebidos a bala. No tiroteio morreram quatro agentes e numerosos integrantes da seita.
Em resposta, o FBI cercou a granja e, ao final de 51 dias, Koresh aceitou libertar algumas mulheres e crianças, mas não quis se render.
Dia 19 de abril, o FBI tentou atacar a granja numa ação que incluiu o uso de carros blindados, granadas e gases lagrimogêneos. A granja não demorou a ser devorada por um incêndio e apenas poucos membros da seita conseguiram se salvar.
A ministra da Justiça, Janet Reno, que deu a ordem de ataque, chegou a dizer que "não há absolutamente nenhuma dúvida que (o incêndio) tenha sido iniciado pelos membros da seita".
Oito davidianos sobreviventes foram condenados em 1994 a penas de até 40 anos de prisão por homicídio e posse ilegal de armas. Há uma semana a Suprema Corte reduziu as sentenças por considerar que o juiz se excedeu.
As circunstâncias exatas da tragédia continuam polêmicas. Os davidianos dizem que o incêndio começou com o uso de gás inflamável por parte dos federais. Também dizem que os agentes dispararam contra os membros da seita que tentavam fugir do incêndio.
A descoberta de dois filmes sobre o ataque feitos por um avião de vigilância forçou o FBI a admitir o uso de gás inflamável, um fato que negou durante seis anos.
Copyright 2000 AFP
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