Estimado
amigo leitor; eis um tema muito, mas muito interessante e também
polêmico, que definitivamente, os líderes adventistas querem a qualquer
custo deixar “debaixo do tapete”, completamente “morto, enterrado e esquecido”.
Também sempre evitam tocar no assunto, pois ele tem a capacidade de “provocar arrepios” em todos aqueles que têm a pessoa de Ellen G. White – co-fundadora do adventismo - como uma “mensageira divina”.
Neste artigo, iremos abordar em detalhes mais um assunto que põe em xeque a validade da doutrina fundamental nº. 18 dos ASD. Discorreremos sobre o “pecado gravíssimo” mais insólito da terra: A amálgama.
Para
um bom entendimento, pedimos a todos os leitores a gentileza de lerem
atentamente, com calma e paciência tudo que for colocado, sempre
conferindo os textos originais em suas fontes.
"Mas se há um pecado acima de todo outro que atraiu a destruição da raça pelo dilúvio, foi o aviltante crime de amálgama de homem e besta que deturpou a imagem de Deus e causou confusão por toda parte. Era propósito de Deus destruir por um dilúvio aquela poderosa e longeva raça que havia corrompido seus caminhos diante do Senhor."
Spiritual Gifts (1864), Vol. 3, pág. 64, par. 2, The Spirit of Prophecy, vol. 1, pág. 69.
"Toda espécie de animal que Deus criou foi preservada na arca. As espécies confusas que Deus não criara, resultantes da amálgama, foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio, tem havido amálgama de homem e besta como pode ser visto nas quase infindáveis variedades de espécies animais e em certas raças de homens.”
Spiritual Gifts (1864), Vol. 3, pág. 75, par. 3, The Spirit of Prophecy, vol. I pág. 78.
Amálgama: “Mistura ou ajuntamento de pessoas ou coisas diferentes, confusão” (Fonte: Dicionário Michaelis).
Uma breve introdução:
Ellen G. White afirmou em sua primeira declaração, que o amálgama foi “um pecado acima de todo outro” e que “atraiu a destruição da terra pelo dilúvio”. Ela ainda fez questão de frisar que tal pecado foi um crime “aviltante” (algo desonroso, humilhante, vil, que desonra) e tal crime - ainda segundo ela - deturpou a imagem de Deus e causou confusão.
A
Bíblia afirma que Deus é o criador de tudo e que fez o homem segundo
sua imagem e semelhança. Mas conforme Ellen White, em sua segunda
declaração, certas raças de homens, não são (ou não foram) criações de
Deus; mas resultado de uma mistura, uma amalgamação...
Tal afirmação bate frontalmente com o relato Bíblico da criação, pois fala abertamente sobre “espécies confusas que Deus não criara”. Diante desta questão, podemos iniciar as “perguntas que não querem calar” da seguinte maneira:
1 - Se não foi Deus quem criou, quem foi?
2 - Como uma criatura “não criada por Deus” pode ter a centelha da vida?
O
homem pode até manipular espécies através de cruzamentos e fertilização
artificial; mas tais experimentos só produzirão vida se Deus assim o
desejar ou se assim estiverem dentro dos parâmetros que Ele mesmo
estabeleceu.
Assim
sendo, podemos afirmar categoricamente que tudo que tenha vida, foi por
permissão e ou, vontade Divina, tornando assim toda e qualquer criatura
vivente, criação dEle.
Diante deste fato, como compreenderemos as declarações de uma das fundadoras do movimento adventista, quando afirmou que “certas raças de homens” eram espécies confusas, amalgamadas e não criadas por Deus?
Abre aspas:
Pedimos
aos amigos leitores – especialmente os nossos irmãos adventistas – que
imaginem por um momento, vocês sendo uma dessas pessoas... Então alguém
lhe diz: “Deus não fez você” ou “Deus não desejou que você nascesse” ainda “você não é criação dEle”; ou talvez “você é um resultado de uma mistura pecaminosa!!” Sinceramente; como vocês se sentiriam?
Fecha aspas.
Tais afirmações de EGW sempre causaram grande impacto e curiosidade para qualquer um que as leiam.
Também deixaram durante décadas, diversas perguntas sem resposta, entre elas:
1 - Qual seria a verdadeira interpretação para essas afirmações?
2 - Que “lição de moral” EGW quis realmente deixar com isso?
3
- Ela se referiu de fato, ao cruzamento/amálgama através de relações
sexuais entre homens e animais (bestas) ou seriam misturas genéticas
entre humanos com humanos e de animais com animais?
4 - Ela se referiu ao cruzamento de raças? Se sim, então quais foram ou quais são as tais “raças humanas amalgamadas”?
Queridos leitores; esses tais parágrafos “inspirados”, geram curiosidade e polêmica; e não é de hoje. Muitas das perguntas
que fizemos, também foram levantadas na época em que foram escritos,
porém sem nunca obter uma resposta satisfatória.
Aprofundando o tema:
Para
analisarmos melhor o que a Sra. White afirmou, seria importante
conhecer um pouco mais sobre as opiniões e pensamentos do século XIX;
assim obteremos uma visão panorâmica do cenário; do berço em que foi
concebida tal idéia (amalgama).
Ellen White iniciou sua carreira como escritora justamente na época em que Charles Darwin havia publicado o livro: “A origem das espécies”
(1859). O livro de Darwin causou grande impacto e polêmica, ajudando de
certa forma também a criar e alimentar teorias sobre a origem das raças humanas “superiores” ou ditas “mais capazes”.
Tais teorias promoveram o nascimento do “Darwinismo social”. Este foi como uma espécie de “base filosófica” para o surgimento mais tarde de uma pseudociência chamada de “Eugenia” (melhoramento genético), da qual, idéias e práticas levaram horror e lágrimas ao mundo através da Alemanha nazista.
Naquele tempo (século XIX), o racismo era muito forte e as declarações de Ellen White tiveram grande impacto neste aspecto; alimentando suposições, insinuações e diversas outras declarações sobre os negros serem
indivíduos resultantes de cruzamentos entre homem e animal. Naquele
cenário, podemos dizer que, com base no Darwinismo o racismo ganhou um “status científico” e com tais escritos de Ellen White, um “apoio divino”.
Qualquer um dos nossos queridos leitores que desejar pesquisar mais a respeito da “Eugenia”
vai entender como tudo se encaixa: Descobrirá como era o pensamento
daquele tempo sobre isso, dentro do cenário cultural que serviu de base,
marcando o início da carreira de EGW como escritora. Também entenderá
os motivos que levaram esta Senhora a publicar declarações contra os
casamentos inter-raciais (abordaremos esse tema em um artigo
específico).
Agora
convidamos o amigo leitor para uma pequena viagem ao passado: Faremos
um breve resumo, para que todos possam entender de modo geral, o cenário
que marcou boa parte da vida de EGW, acompanhe conosco (grifos nossos):
O inicio:
O Cristianismo implantou na sociedade ocidental a prática de ajuda aos pobres e aos menos afortunados, enfatizando isso como sinal de santidade na vida dos cristãos. Assim, os hospitais e as casas de caridade que atendiam os pobres, deficientes, doentes e necessitados começaram a proliferar desde o início da Idade Média.
No
final deste período (idade média), devido ao crescimento do poder
absolutista dos reis, o estado passou a assumir os cuidados que a Igreja
tinha pelos pobres. Isto foi notório na Inglaterra, especialmente
devido ao advento do Anglicanismo. Desta forma foi criado o assistencialismo estatal.
Igreja & caridade X Estado assistencialismo
No
momento em que afastaram a Igreja do cuidado para com os necessitados
(ou pelo menos limitaram seu campo de ação) o Estado perdeu o
sustentáculo moral exercido pela sociedade religiosa, fazendo com que
uma grande quantidade de pobres e inválidos começasse a incomodar as
elites européias (pois o peso financeiro deles logo foi sentido pelo
Estado). Então, os necessitados passaram a serem vistos como um empecilho ao avanço da civilização e obstáculo para a prosperidade.
“Aquelas
pestes masculinas e femininas de toda comunidade civilizada, cuja
aparência natural é suja, cujas testas suam à simples idéia declarada de
ganhar o seu pão, e aqueles que chafurdam na imprudência, aos farrapos”.
Outro livro, intitulado “A Guerra Contra os Fracos” de Edwin Black, também declara:
“As
complexas instituições de custódia patrocinadas pelo estado se
ampliaram através de um distante horizonte. Com o tempo, a proliferação
de asilos para pobres, hospícios, orfanatos, clínicas de saúde, colônias
de epilépticos, abrigos para desalojados e débeis mentais e prisões,
transformou inevitavelmente a básica caridade cristã no que começou a ser visto como uma praga social”.
Em
1789, o economista Thomas Malthus chegou a defender a tese que, em
muitas instâncias, a assistência caritativa promovia a pobreza de
geração a geração e simplesmente não tinha sentido no processo natural
do progresso humano.
Na segunda metade do século XIX surge Herbert Spencer, um filósofo inglês que criou a idéia sobre o “Darwinismo social”, alegando que “o homem e a sociedade evoluíam de acordo com a natureza que herdaram”. Ele criou o conceito de “sobrevivência do mais capaz”, alegando que os
mais capazes continuariam a aperfeiçoar a humanidade, e os menos
capazes, por sua vez, ficariam gradativamente mais incapazes e
ignorantes.
Spencer, dizia dos incapazes:
”Todo o esforço da natureza é para se livrar desses e criar espaço para os melhores... Se eles não são suficientemente completos para viver, morrem, e é melhor que morram... Toda imperfeição deve desaparecer”.
(Spencer, Herbert, Social Statics, Fund. Robert Schalkenback, 1970, p. 58-60, 289-290, 339-340, apud Black, Edwin, obra citada, p. 54.)
Ligando os pontos, segundo o próprio Darwin, sua teoria “É a Doutrina de Malthus aplicada com força múltipla ao reino vegetal e animal” (Darwin, The Origin of the Species,
cap. 3, apud Black, Edwin, obra cit., p. 54.) Assim nasceu o Darwinismo
social: Da junção das idéias de Malthus, Darwin e Spencer. O Darwinismo
social serviria então, como uma espécie de “base filosófica” para a futura Eugenia.
A
Eugenia por sua vez surgiria a partir das idéias de Francis Galton,
primo do próprio Darwin, que ficou empolgado com o trabalho de seu
parente. A Eugenia brotava como uma nova disciplina, baseada na “Genética Mendeliana” e na teoria da evolução das espécies de Darwin, propondo a melhoria genética da raça humana sob a tutela das autoridades científicas, acelerando assim o papel da natureza.
Ele lançou as bases da Eugenia após publicar o livro “Hereditary Genius” (Gênios hereditários), no qual defendia que “Talento e capacidade são heranças genéticas”. Como prova disto, usava o argumento de que as melhores famílias inglesas produziam os cidadãos mais destacados e
se incluía no próprio exemplo, clamando seu parentesco com Charles
Darwin. O que de fato hoje se consideraria como condição privilegiada de
certas classes sociais foi considerado como aptidão natural por Galton.
O
primo de Darwin postulava que a condição genética humana seria
fundamental para melhoria das próximas gerações e inventou uma esquisita
matemática Eugenista, onde tentava classificar as pessoas de acordo com a sua excelência genética. De acordo com Galton, as pessoas de “sangue ruim”,
ou seja, geneticamente inferiores, só eram capazes de piorar as
características genéticas de seus descendentes, não importando a
qualidade do cônjuge do ponto de vista genético ou, em termos mais
prosaicos, se tivesse o “sangue bom” (descobriu agora de onde vem essa expressão?). Dai inferiu um dos princípios dessa matemática bizarra que postula o seguinte:
SANGUE BOM + SANGUE RUIM = SANGUE RUIM
SANGUE BOM + SANGUE BOM = SANGUE MELHOR
SANGUE RUIM + SANGUE RUIM = SANGUE PÉSSIMO
SANGUE BOM + SANGUE BOM = SANGUE MELHOR
SANGUE RUIM + SANGUE RUIM = SANGUE PÉSSIMO
Galton então batizou a recém criada pseudociência de Eugenia (do grego, bem nascer).
Ao chegar a estas conclusões, Galton passou a desejar que o Estado controlasse os casamentos, só o permitindo àquelas pessoas consideradas superiores. Eis então a Eugenia positiva, ou seja, a melhoria da raça através da união de pessoas consideradas geneticamente superiores. Não obstante Galton dizia:
“O que a Natureza faz de forma cega, lenta e impiedosa o homem deve fazer de modo previdente, rápido e bondoso”.
Além disso, Galton se mostrava claramente contra a reprodução dos “degenerados”: "Nenhum progresso ou intervenção social poderia ajudar o incapacitado” (Black, ob. cit. pág. 63). E
inclusos entre os degenerados, estavam os criminosos contumazes, os
irremediavelmente pobres, os deficientes físicos e mentais, os
epilépticos e todas as pessoas que eram tidas como “um peso para a sociedade”.
Porém, ao constatar que a Eugenia carecia de base científica, Galton quis fazer dela uma religião:
“Incapaz de atingir a certeza científica necessária para criar uma moldura Eugenista legal na Grã-Bretanha, Galton esperava recriar a eugenia como uma doutrina religiosa que governasse os casamentos, uma crença que pudesse ser aceita pela fé, sem nenhuma prova. O casamento eugenista deveria ser estritamente imposto como um dever religioso,
como a lei do levirato (Levitas Bíblicos) jamais o foi, escreveu Galton
num longo ensaio, que listava tais precedentes entre os judeus, os
cristãos e mesmo entre certa tradições primitivas. Ele saudou
entusiasticamente a idéia de uma religião: ‘É fácil deixar a imaginação
correr solta na suposição de uma aceitação convicta da eugenia como uma
religião nacional”.
(De Galton para Bateson, 8 setembro 1904. Index To Achievements of Near Kinsfolk – Índice
para realizações dos parentes próximos, documentos de Galton,
University College London 245/3, apud Edwin Black, ob. cit. p. 78).
Logo as idéias de Galton começaram a ganhar força entre os americanos, principalmente entre os racistas, que divisaram que a aplicação mais prática da eugenia seria a Eugenia Negativa.
Se a eugenia positiva pretendia a melhoria dos indivíduos de “sangue bom” através do controle dos casamentos (idéia que se mostrou inviável na prática, por motivos óbvios), a Eugenia negativa defendia que os indivíduos de “sangue bom” deveriam ser protegidos através da eliminação dos indivíduos de “sangue ruim”, ou supostamente “inferiores geneticamente”.
Se a eugenia positiva pretendia a melhoria dos indivíduos de “sangue bom” através do controle dos casamentos (idéia que se mostrou inviável na prática, por motivos óbvios), a Eugenia negativa defendia que os indivíduos de “sangue bom” deveriam ser protegidos através da eliminação dos indivíduos de “sangue ruim”, ou supostamente “inferiores geneticamente”.
A Eugenia positiva levou invariavelmente à eugenia negativa: As futuras gerações dos geneticamente incapazes – do enfermo ao “racialmente indesejado” e ao economicamente empobrecido – deveriam ser eliminadas.
Por mais surpreendente que possa parecer, os EUA aplicaram legalmente e ilegalmente expedientes eugenistas. Dentre os quais destacamos:
Segregação dos incapazes;
Deportação dos imigrantes indesejados;
Castração de criminosos e deficientes mentais;
Esterilização compulsória;
Proibição de casamentos;
Eutanásia passiva;
Extermínio. (Não foi aplicada, mas muitos eugenistas defenderam o uso da câmara de gás).
A Eugenia negativa teve grande penetração na sociedade americana por alguns fatores característicos e singulares:
1
- Em primeiro lugar, diferentemente da colonização espanhola e
portuguesa, os americanos isolaram as grandes levas de imigrantes que
chegavam ao longo do tempo em grupos étnicos e guetos, com isso,
evitavam a miscigenação. Eles foram influenciados principalmente pela
mentalidade puritana dos primeiros colonos, que acreditavam ser o novo
povo eleito e a América a Nova Terra Prometida.
2
- Em segundo, a criminologia americana do final do século XIX começou a
considerar a criminalidade como um fenômeno de grupo e características
criminosas como herdadas: A
criminologia levou o ódio racial e étnico para a esfera da
hereditariedade. Nos últimos anos do século XIX, o crime foi sendo
considerado progressivamente um fenômeno de grupo e, de fato, um traço
familiar herdado. Os criminologistas e os cientistas sociais acreditavam amplamente no “tipo criminoso”, então identificado pelos “olhos com aparência de uma conta” e por certas formas frenológicas. A noção de “criminoso natural” se tornou popular.
3
– E em terceiro lugar devido ao surgimento de teorias sociológicas
sobre famílias de degenerados e suas implicações hereditárias. Em 1874,
Richard Dugdale, da Associação de Prisões de Nova York, entrevistou
prisioneiros do condado de Ulster e descobriu que muitos deles eram
parentes. Isto o levou a estudos que culminaram na publicação, em 1877,
do livro “The Jukes, a Study in Crime, Pauperism, Disease and Hereditariety” (Os
Jukes, um estudo sobre o crime, pauperismo, doença e hereditariedade).
Nele havia um calculo sobre o aumento progressivo do custo social anual,
inclusive o da previdência social, de prisões e de outros serviços
sociais para cada família. O texto imediatamente exerceu ampla
influência sobre cientistas sociais nos Estados Unidos e em todo mundo
(Edwin Black, ob. cit., p. 72).
Ainda associado aos fatores acima numerados; em 1898 o pastor Oscar McCullon de Indianápolis apresentou um documento chamado “Tribe of Ishmael, a Study of Social Degeneration”
(A tribo de Ismael, um estudo sobre a degeneração social) na 15ª
Conferência Nacional de Caridade americana, que descrevia famílias
indigentes nômades de Indianápolis, todas descendentes de um mesmo
ancestral da década de 1790. “Os indigentes não possuíam valor inerente para o mundo” argumentava ele, e somente procriariam gerações sucedâneas de indigentes – e tudo “porque um ancestral remoto abandonou sua vida independente e auto-suficiente, e começou uma vida parasitária e miserável” (Diane B. Paul. Controlling Human Hereditariety - Controlando a hereditariedade humana, Humanities Press International Inc., 1995, p. 44, apud Edwin Black, obra citada, p.73)
E muitos outros livros se seguiram a estes, como “Smokeys Pilgrims”, “Jackson Whites”, “Hill Folks”, etc., ajudando a eugenia a pavimentar seu caminho nos EUA, em meio ao preconceito e ao racismo. Os eugenistas americanos acabaram por incorporar o racismo às suas teorias genéticas e
a considerar os povos germânicos como superiores (saxões - arianos).
Importantes líderes eugenistas americanos como, por exemplo, Lethrop Stoddard, lamentavam a imigração de raças mediterrâneas para os EUA que excediam o número de povos nórdicos, para eles os mais desejáveis:
“Nos
EUA... No final do século XIX, nosso país, originalmente povoado quase
exclusivamente por nórdicos, foi invadido por hordas de imigrantes dos
Alpes e do Mediterrâneo, sem mencionar os elementos asiáticos, como os
levantinos e os judeus. Como resultado o
americano nativo nórdico tem sido comprimido, com uma espantosa
rapidez, por esses prolíficos e infestados alienígenas e, e depois de
duas curtas gerações, está quase extinto em muitas de nossas áreas
urbanas(...) Quando
a ascendência dos pais é muito diversa como no cruzamento entre
brancos, negros e ameríndios, o descendente é um mestiço, um cão
vira-lata – um caos sobre duas pernas, tão consumido por sua ascendência
dissonante que não passa de um imprestável” (Lethrop Stoddard, The Rising Tide of the Color Against the White World Supremacy – A
onda crescente da cor contra a supremacia do mundo branco, Charles
Scribner’s Sons, 1926, p. 165-167, apud Edwin Black, ob. cit. p. 80-81).
Para eles, a miscigenação significava o suicídio da raça. O
próprio Edwin Black admite que tais idéias não eram difundidas em meios
incultos e entre pessoas grosseiras, muito pelo contrário. As doutrinas
da pureza e da supremacia raciais defendidas pelos eugenistas pioneiros
não eram resultado de divagações desconexas de homens ignorantes e
primitivos. “Eram
os ideais muito bem elaborados de algumas das figuras públicas mais
cultas e respeitadas da nação, cada uma delas um especialista em seu
campo científico ou cultural, cada uma delas reverenciada pela sua
erudição” (Edwin Black, ob. cit., p. 82. ). Portanto, era a elite americana que defendia e queria a implantação das idéias eugenistas.
A eugenia desde cedo, se ocupou em estudar métodos para eliminar o “germe plasma defeituoso”.
Este termo foi criado pelo Zoólogo Charles Davenport, que é considerado
figura de maior importância no movimento eugenista e o maior
especialista em eugenia dos EUA. Davenport era um racista virulento,
filho de um pastor protestante muito rigoroso. Davenport queria compor uma super raça de nórdicos: “Podemos construir uma muralha bem alta em torno deste país... para manter de fora essas raças inferiores”. (Carta de Charles B. Davenport para Madison Grant, 3 de maio de 1920, APS, B-D27, Grant, Madison, n. 3, apud Edwin Black, ob. cit., p.p. 92-93).
Segundo Edwin Black, Davenport defendia que: “será melhor exportar a raça negra imediatamente”
(Edwin Black, ob. cit. p. 93). Em 1903, não tendo conseguido de início
apoio junto à comunidade científica americana, Davenport e os líderes do
movimento eugenista americano foram buscar apoio junto a associações de
pecuaristas e de criadores de animais. Davenport propunha abertamente a
aplicação da “Higiene Racial”, ou seja, “eliminar o inadequado e o incapaz, por meio da eugenia negativa”. Em 1904, Davenport consegue o importante apoio do Carnegie Institute para a criação do Eugenics Register Office (Escritório de Registro Eugenista – ERO) em Cold Spring Harbor,
cujo objetivo era traçar a genealogia e identidade racial dos
americanos. Curiosamente, Cold Spring Harbor, hoje, é o quartel general
da pesquisa do Genoma Humano. Tal centro de pesquisa, aliás, foi fundado
entre as décadas de 40 e 50 por um ardente eugenista. Os primeiros
passos práticos da eugenia nos EUA, após os levantamentos estatísticos
do ERO, foram no sentido de promover a legislação para esterilização dos
incapazes.
Cronologia da legalização da aplicação da Eugenia nos EUA:
1890: O Dr. F. Hoyt Pilcher do Kansas Home for the Feebleminded
(Lar para deficientes mentais do Kansas) esterilizou ilegalmente a 58
crianças e teve o apoio do conselho diretor da instituição.
1899: O Dr. Harry Clay Sharp, médico do Indiana Reformatory fazia castrações ilegais para combater o hábito do auto-erotismo, defendia e praticava a esterilização dos criminosos. Dizia Sharp: “Fazemos escolhas dos melhores carneiros para cruzar nos nossos rebanhos... mantemos os melhores cachorros... o quão cuidadosos não deveríamos ser, quando se trata de procriar crianças!” (Dr. Harry C. Sharp, The Severing of the Vasa Deferentia and its Relation to the Neuropsychopathic Constitution, New York Medical Journal, 8 de março de 1902, p. 413, apud Edwin Black, ob. cit., p.p. 128-129).
1906: O deputado Horace Reed, de Indiana, introduz a lei de Sharp: “Ato de Prevenção da Imbecilidade”. Tal lei ordenava que se os curadores ou cirurgiões que cuidavam de crianças deficientes mentais determinassem que a “procriação não era aconselhável”, o cirurgião poderia então “realizar esta operação para prevenção da procriação...” Indiana
foi de fato o primeiro estado a ter lei de esterilização compulsória
para pacientes mentalmente deficientes, moradores de asilos, de pobres e
prisioneiros (Edwin Black, ob. cit., p. 133).
1909:
Leis de esterilização eugenistas em Washington contra criminosos
contumazes e estupradores; em Connecticut, aplicação de vasectomia e de ovariectomia
em deficientes e doentes mentais; na Califórnia, que permitia a
castração e a esterilização de prisioneiros e de deficientes mentais. Em
Nevada, aplicada a criminosos contumazes; em Iowa, aplicada em
criminosos, idiotas, deficientes mentais, imbecis, ébrios, drogados,
epilépticos, além dos pervertidos morais e sexuais.
1911:
Legislação de Nova Jersey contra deficientes mentais, epilépticos e
outros deficientes. Esta lei foi assinada pelo então governador de Nova
Jersey, Woodrow Wilson, futuro presidente americano e fundador da Liga
das Nações.
E assim, vários estados americanos criaram e aprovaram leis de esterilização eugenistas, até que, em 1924, a
suprema corte americana abre precedentes para a esterilização
coercitiva por uma decisão do Juiz Oliver Wendell Holmes. A partir de
então a esterilização legal do incapaz passa a ser aceita quase que como
uma lei federal, lembrando bastante o que aconteceu no famoso caso "Roe x Wade" que implantou o aborto sob demanda nos Estados Unidos, a partir da década de 70.
O
impacto de tal precedente foi enorme. Entre 1907 e 1940, 35.837 pessoas
foram legalmente submetidas à esterilização forçada nos EUA. Quase
30.000 após a decisão do Juiz Holmes. E as esterilizações forçadas
aconteceram durante muitos anos mesmo após a queda da popularidade da
Eugenia. No total foram cerca de 70.000 pessoas esterilizadas
coercivamente (em números oficiais).
Dezenas de milhares de americanos continuaram a ser coercivamente esterilizados, internados e legalmente impedidos de casar, com base em leis raciais e eugenistas. Durante
a década de 40, cerca de 15.000 foram esterilizados coercivamente,
quase um terço deles na Califórnia. Na década de 50, foram cerca de
10.000. Nos anos 60, milhares ainda. No cômputo geral, cerca de 70.000 americanos foram eugenicamente esterilizados nas primeiras cinco décadas do século XX; a maioria era de mulheres. A Califórnia manteve continuamente um índice bem maior que os outros estados.
As
leis de esterilização eugenistas foram adotadas por quase metade dos
estados americanos, sendo a liberal Califórnia a que fez mais
esterilizações forçadas. Com o aumento do prestígio, os eugenistas
passaram a ocupar os departamentos de biologia, zoologia, ciência
social, psicologia e antropologia das instituições de ensino americanas.
Houve inclusive cursos exclusivos de eugenia. A eugenia conseguiu então
uma forte penetração nos ambientes acadêmicos de Harvard, Princeton,
Yale, Northwestern University, Berkeley e outras grandes instituições
americanas.
"O
ensino da eugenia acabou por atingir o curso secundário nos EUA, onde
se fazia propaganda de idéias racistas dignas do Nazismo alemão”. (Edwin Black, ob. cit., p.p. 146-147).
O psicólogo Carl C. Brigham, de Princeton, um ativista eugenista, escreveu um livro onde expôs suas teses racistas intitulado “A Study of American Intelligence” (Um estudo sobre a inteligência americana), publicado pela Princeton Press em 1922. Ele fundamentou seu estudo “científico” em dois livros notoriamente racistas: “The Passing of the Great Race” (O fim da grande raça) de Madison Grant, e “Races of Europe”, de William Ripley.
E
não pense que Brigham foi desprezado ou ridicularizado por suas idéias
racistas. Muito pelo contrário, seu trabalho foi examinado por uma
equipe de eminentes cientistas do gabinete do Diretor Nacional de Saúde e
das universidades de Harvard, Princeton e Syracuse.
De
acordo com Brigham, neste seu livro, a inteligência do negro estava
predestinada pela hereditariedade e não podia ser melhorada pelo “acréscimo maior de mistura de sangue branco”. Ele disse ainda: “Os
resultados que obtivemos, interpretando as informações que vieram do
Exército... sustentam a tese do Sr. Madison Grant sobre a superioridade
do grupo nórdico...”
Assim,
vimos como a pseudociência da Eugenia nasceu na Inglaterra e se
desenvolveu nos Estados Unidos, formando, dentro do berço liberal da
democracia americana, as idéias e as práticas eugênicas que depois mais
tarde assustariam o mundo, praticados pela Alemanha Nazista. Auschwitz
tem sua gênese bem mais distante e distinta da Berlim da década de 30 e
pode ser facilmente identificada em Cold Spring Harbor , EUA, no início do século XX.
Voltando às declarações da Srª White:
No
ano de 1868, o Sr. Uriah Smith, um importante dirigente adventista,
publicou um livro em defesa de Ellen White sobre esse tema. Neste livro o
Sr. Smith argumentava que certas raças indígenas como os bosquímanos da
África e certos tipos de índios caçadores, poderiam ser “amalgamados”, ou seja, resultantes do cruzamento entre homens e animais.
Também o Sr. D. E. Robinson, que por muitos anos foi secretário pessoal de Ellen White, argumentou ainda que as declarações do “amálgama”
ajudavam a resolver alguns dos problemas no conflito entre ciência e
religião, tais como a forma e a variedade de animais produzida no breve
período permitido pela cronologia bíblica.
A Sra. White não fez nenhuma declaração a respeito do livro de Smith e o seu marido Tiago White revisou o tal livro e junto com ela, até distribuíram exemplares do livro em suas reuniões.
Ellen
White nunca; repetindo, nunca desmentiu o livro do Sr. Uriah Smith,
também nunca declarou nada, nem escreveu uma vírgula sequer sobre isso,
não dando qualquer tipo de explicação sobre a polêmica. Ao invés disso,
ela preferiu ficar quieta, em silêncio, só assistindo o “circo pegar fogo”.
Índios
africanos estavam sendo taxados de amalgamados e os próprios negros
civilizados estavam sendo alvo de insinuações sobre serem criaturas
resultantes do amálgama, algo contra-Deus e a Sra. White não moveu “uma
palha” sequer, para esclarecer ou mesmo defender essas pobres pessoas
naquele momento!
O
mais absurdo nisso tudo é a igreja adventista que defende até hoje a
interpretação de que a tal maldita mistura (amálgama) da qual Ellen
White se referia, era mistura separada de homem com homem e de besta com
besta (humanos com humanos, animais com animais). Só que essa interpretação
sobre misturas separadas, sendo uma, amálgama entre humanos e outra,
amálgama entre animais, foi a teoria mais cômoda e mais aceita pelo
“povão” da igreja na época. Mas o interessante nessa história é que quem
a sugeriu foi o Sr. George McCready Prince (1931) e depois aceita e
endossada pelo biólogo Dr Marsh ambos; adivinhem de qual igreja mesmo?
Adventista e adventistas “bago roxo”. Mais tarde foi apoiada por mais alguns “figurões” adventistas, entre eles Dr. F. Nichol; o qual escreveu o livro: “Ellen White e os críticos”.
Na edição de “The Ministry” (uma das principais publicações adventistas da época) de
abril de 1931, George McCready Price, o mais destacado oponente da
Teoria da evolução na igreja, propôs que se realizasse digamos; uma “ligeira alteração” (como chamaríamos isso no popular mesmo?) na linguagem das declarações de Ellen White: O “acréscimo”
de uma simples palavra entre colchetes, que poderia reconciliá-las com a
ciência e remover todas as dificuldades associadas às controvérsias.
Disse o Sr. espertalhão McCready Prince:
"Sem tentar lidar com todas as interessantes declarações nesta passagem, posso permitir-me dizer algumas palavras sobre a última parte, que julgo ser a porção mais tendente a incompreensões. Permitam-me reescrever uma palavra entre colchetes,
e penso que a suposta dificuldade desaparecerá quase por encanto: Desde
o dilúvio, tem havido amálgama de homem e [de] besta, como pode ser
visto em quase infinitas variedades de espécies de animais, e em certas
raças de homens”.
Perceberam
amigos leitores? Como desde os tempos antigos,
seguidores/defensores/devotos de Ellen White, já criavam argumentos
mirabolantes na tentativa de “salvar a pele” dela. Até mesmo acrescentar palavras nos “escritos inspirados” era válido; tudo pela grana instituição... Ou seria pelo orgulho de não aceitar que estavam seguindo algo errado e tremendamente absurdo?
Mais
tarde, dois biólogos (adivinhem) adventistas, debateram sobre o
entendimento desses escritos de Ellen White. Foi numa reunião, em
setembro de 1947 e participaram da tal assembléia, quinze dos mais
importantes (Cientistas, especialistas, PHD’s no assunto? Errou de novo)
quinze líderes eclesiásticos da IASD (novidade). Tais líderes queriam ouvir a posição dos dois biólogos, que eram digamos, “opostas”.
O
Dr. Frank L. Marsh defendia o entendimento de misturas separadas;
(conforme Prince) mas o Dr. Harold W. Clark afirmava que realmente, a
Sra. White falava de cruzamento de seres humanos com animais. Mesmo
depois de muitas horas apresentando as posições, argumentações,
perguntas e respostas, não se chegou a um consenso pleno na questão. Por
uma questão óbvia (tudo menos honestidade), a igreja adventista optou
pela posição do Dr. Marsh.
Agora
porque realmente aceitaram a posição do Dr. Marsh? É obvio; se
aceitassem que a Sra. White se referia sim, a amálgama de homem com
animal, teriam um grande problema:
Quais
seriam essas tais raças amalgamadas de homem com animal, que a
“profetisa” afirmou que se podia ver com os próprios olhos? Quem
eram as infelizes criaturas? E depois que fossem vistas, como provar
que eram realmente uma “mistura/cruzamento” com animais?
Assim, entre as duas opções, os nossos queridos amigos da “única igreja verdadeira na terra” optaram por ficar com a posição mais cômoda. Vale lembrar que até hoje... Isso mesmo, até hoje; é a única explicação que a liderança ASD consegue apresentar, para quem perguntar sobre o assunto. Quem assim desejar, pode confirmar tudo no centro White de pesquisa localizado neste endereço aqui: http://www.centrowhite.org.br
Mas não é somente esta desculpa esfarrapada
versão que é aceita pela “massa do sétimo dia”. Outra teoria defendida
pelos adventistas era de que Ellen White não estava se referindo nem a
gente, nem a bicho, mas sim – pasmem - a mistura de pessoas de
diferentes crenças. Até arranjaram uma passagem Bíblica para justificar
mais este disparate; ela se encontra no livro de Gênesis; nela se lê:
“E
aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face
da terra, e lhes nasceram filhas, Viram os filhos de Deus que as filhas
dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que
escolheram. Então disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para
sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão
cento e vinte anos. Havia naqueles dias gigantes na terra; e também
depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas
geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os
homens de fama. E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara
sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era
só má continuamente.” (Gên. 6:1-5)
Eles abraçaram este texto, pois Ellen White defendia a interpretação de que os “filhos de Deus” eram os descendentes de Set e que os “filhos dos homens”
eram os descendentes de Caim. Existem até mesmo alguns líderes ASD que
dizem que EGW falava dessa passagem da Bíblia, quando escreveu os
parágrafos sobre a amálgama. Mas sinceramente amigo leitor; era
realmente isso que ela queria dizer?
As
tais declarações falavam sim, de uma amalgamação entre homens e
animais? Ou seriam duas misturas separadas? Ou se tratavam ainda de
misturas entre pessoas de crenças diferentes (crentes e
ímpios)? Convidamos todos agora a analisarem minuciosamente; com o
máximo de atenção os tais escritos ( pedimos especial atenção aos grifos
e destaques):
"Mas se há um pecado acima de todo outro que atraiu a destruição da raça pelo dilúvio, foi o aviltante crime de amálgama de homem e besta que deturpou a imagem de Deus e causou confusão por toda parte. Era propósito de Deus destruir por um dilúvio aquela poderosa e longeva raça que havia corrompido seus caminhos diante do Senhor."
"Toda espécie de animal que Deus criou foi preservada na arca. As espécies confusas que Deus não criara, resultantes da amálgama, foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio, tem havido amálgama de homem e besta como pode ser visto nas quase infindáveis variedades de espécies animais e em certas raças de homens.”
Prezados
e digníssimos leitores; analisem conosco; os grifos e os destaques
foram colocados exatamente para ajudar nesse sentido (até mesmo àqueles
que têm o raciocínio mais lento).
Ellen White citou em seqüência (repetindo até algumas palavras):
Não há como negar; ela está se referindo às características físicas! Nem Biólogos ASD nem pastor empresário nenhum; esses termos não têm nenhuma relação com “pessoas ímpias e pessoas crentes”. Notem que também se referem exclusivamente a variedades de espécies de animais. Haveriam por acaso animais ímpios e crentes? O que vocês acham?
Os indicadores apontam que ela quis transmitir sim, que as pessoas de “certa aparência” não são criação de Deus; porém um cruzamento de homens e animais.
Ah,
mas tem aquela velha conversa de sempre: O tal do contexto! Contexto,
com “X”; segundo nossos irmãozinhos ASD; nós Ex-adventistas somos
especialistas em tirar uma coisa da outra não é mesmo? Então vamos lá; o
contexto: Quem quiser pode ler o capítulo inteiro; porém destacaremos
aqui o suficiente para que ninguém venha com a conversa de que estamos
tirando partes de textos isolados para justificar as coisas (a parte de
cor diferente é a anterior ao dá amálgama):
“...realizaram
seus próprios desejos ilícitos. Eles tinham uma pluralidade de esposas,
que era contrário aos sábios arranjos de Deus. No começo, Deus deu a
Adão uma esposa mostrando a todos como deviam viver sobre a terra, sua
ordem e lei no que diz respeito. A transgressão e queda de Adão e Eva
trouxe miséria e o pecado sobre a raça humana, e o homem seguiu seus
próprios desejos carnais, indo contra os desígnios de Deus. Quanto mais
multiplicavam esposas para si, mais eles aumentavam em maldade e
infelicidade. Se alguém escolheu tomar as esposas, ou gado, ou qualquer
coisa pertencente ao seu próximo, não considerou ele a justiça ou o que
era direito, mas se ele poderia prevalecer do pecado ao seu próximo. Por
motivo de força, ou colocando-o a morte, ele fez isso, e exultou em
seus atos de violência. Eles gostavam de destruir a vida dos animais.
Usavam esses como alimento e isso aumentou sua ferocidade e violência e
os fez olhar para o sangue do ser humano com indiferença surpreendente. Mas se há um pecado acima de todo outro que atraiu a destruição da raça pelo dilúvio, foi o aviltante crime de amálgama de homem e besta que deturpou a imagem de Deus e causou confusão por toda parte. Era propósito de Deus destruir por um dilúvio aquela poderosa e longeva raça que havia corrompido seus caminhos diante do Senhor." The Spirit of Prophecy, vol. 1, páginas 68 - 69.
Lendo
desde antes mesmo dos escritos acima, observa-se o cenário que ela
descreve, começando com: Queda, pecado, idolatria, corrupção,
desobediência e etc. Se o leitor percebeu, Ellen White apresentou em um
primeiro momento, o homem caído, seguindo seus desejos carnais, tendo
muitas esposas e naturalmente, procriando. Isso segundo EGW, aumentava a
maldade e a infelicidade. O homem ficou então tão cheio de maldade que
gostava de destruir os animais e
por comer a carne destes, ficou ainda mais feroz e mais violento, a
ponto de matar com indiferença. (Só uma pequena pausa: Alguém já leu
isso na Bíblia? Comer carne deixa o homem mais violento e feroz? Os
Sacerdotes do templo então deviam ser um perigo...)
O
leitor percebeu de qual assunto de fato esta senhora estava tratando
aqui? Maldade, infelicidade, violência, ferocidade... E devido a quê? A pluralidade de esposas e a desejos carnais. Quanto mais esposas, mais maldade... E o agravante foi comer animais. Isso deixou o homem mais violento e feroz. Em meio a todo esse cenário: Ter muitas esposas, maldade, violência, desejos carnais, ferocidade,
destruição, animais, indiferença, sangue e matanças, ela então cita o
aviltante crime de mistura/cruzamento/cópula (amálgama) de homem e
besta.
Ela
também afirmou categoricamente – de maneira inconfundível - que tal
coisa “deturpou” a imagem de Deus e causou confusão por toda parte! Além
de declarar que esse pecado estava acima de todos os outros e foi exatamente isso que mais pesou na balança quando o Criador decidiu destruir tudo com o dilúvio, em especial, “aquela poderosa raça corrupta”. Depois
da análise minuciosa e criteriosa deste cenário, alguém ainda teria
coragem de dizer que continua entendendo que ela se referia a mistura de
pessoas de crenças diferentes?
Lamentamos
informar aos nossos queridos irmãos adventistas, mas todas as
evidencias apontam para o entendimento de que EGW quis ensinar que;
depois do ser humano fazer o que fez em sua rebeldia, ele ainda foi mais
longe: Devido aos seus ardentes “desejos carnais”; ele acabou fazendo sexo com animais e isso gerou uma “raça diferente”.
Não bastasse isso tudo; ela ainda foi mais longe em sua segunda citação:
"Toda espécie de animal que Deus criou foi preservada na arca. As espécies confusas que Deus não criara, resultantes da amálgama, foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio, tem havido amálgama de homem e besta como pode ser visto nas quase infindáveis variedades de espécies animais e em certas raças de homens.”
Spiritual Gifts, Vol. 3, pg. 75, 1864. (The Spirit of Prophecy, vol. 1, pag. 78).
Essa segunda declaração completa o sentido da primeira e arremata de vez mais esse “ensinamento inspirado” de EGW: O
homem desobediente, malvado, feroz, infeliz, corrupto, adultero,
devasso; seguindo seus infelizes e descontrolados desejos carnais, agora
se torna adepto da zoofilia, chegando ao ponto de provocar uma espécie
de cruzamento entre as espécies, resultando em “criaturas confusas” que
Deus não criou. Mesmo depois do dilúvio isso voltou a acontecer: Como
ela mesma disse - Podia “ser visto” - em muitos animais e “certas raças”
de homens, da época em que ela vivia...
Ellen White e a influencia da sociedade em sua época:
Estimados
e nobres leitores, ao que tudo indica; Ellen G. White, fundadora do
movimento adventista, foi grandemente influenciada pelas crenças
predominantes em sua época... Se ainda restar alguma duvida a este
respeito; por favor, leia novamente os relatos sobre a Eugenia - o
pensamento dominante - justamente na época em que EGW
começou a escrever. Também leia especialmente a parte que fala sobre os
EUA aplicando esta forma de pensar até mesmo em suas leis. Mas se apesar de tudo ainda restar alguma dúvida; leia então mais este outro parágrafo escrito pelo próprio punho de EGW:
“Todos devem considerar que não têm o direito de trazer à sua prole aquilo que a coloca em desvantagem; não tem o direito de lhe dar como patrimônio hereditário uma condição que os sujeitaria a uma vida de humilhação. Os filhos desses casamentos mistos têm um sentimento de amargura para com os pais que lhes deram essa herança para toda a vida. Por essa razão, caso não houvesse outras, não deveria haver casamentos entre brancos e negros.” - Manuscrito 7, 1896.
Pelo
bem da honestidade: Ainda resta alguma dúvida de que ela foi
influenciada não por Deus, mas pela sociedade da época em que vivia?
Mas independente desses detalhes; outra fortíssima evidência – de que EGW foi influenciada a escrever tais coisas - também é o “Livro de Jasher”, (Livro dos justos) um livro apócrifo que foi traduzido para o inglês em 1840. Observem que em Jasher 5:18 diz:
“E
seus juízes e governantes iam às filhas dos homens, e pela força lhes
tiravam as esposas aos maridos, segundo lhes parecia, e naqueles dias os
filhos dos homens tomavam o gado da terra, as bestas do campo, e as
aves do céu, e ensinavam a mescla de umas espécies de animais com
outras...” (grifos nossos).
Amigos
leitores - especialmente nossos irmãos adventistas - não é notável, a
semelhança dos relatos do livro de Jasher e da Sra. White? Fica praticamente impossível não acreditar que Ellen White se baseou, além de outras obras, em Jasher 5:18 para relatar o “pecado acima dos outros”, que atraiu a destruição do ser humano pelo dilúvio e que na verdade a Bíblia sequer menciona.
Depois
de todas as informações passadas; podemos concluir que fica muito,
muito claramente e fortemente evidenciado, para não dizer provado, que a
Sra. White se referia sim; a mistura (relações sexuais) de homem e
animal, no sentido literal da palavra; e que isso não partiu de
“inspiração divina” nenhuma; senão a da pressão cultural exercida em sua
época.
Mesmo que as coisas sejam como alegam os líderes malabaristas
adventistas, isso nunca impedirá a geração de diversas e diversas
questões! Nós do Blog Ex-adventistas.com; estamos do lado de nosso irmão
(ex-adventista) Dirk Anderson, que fez perguntas como essas:
1 - Como poderiam as relações sexuais entre parceiros humanos casados serem descritos como “crimes aviltantes”?
2 - Deus não honra o casamento, independentemente de serem ou não, ambos os parceiros da mesma raça ou crença?
3 - Se casar com uma mulher ímpia foi
um “aviltante crime" digno da destruição da raça humana, porque a
Bíblia nada diz a respeito sobre o casamento de Sansão com uma
filistéia?
4
- Como poderiam os resultados de um cruzamento (ou casamento) entre
pessoas de diferentes crenças, "serem vistos” em "certas raças de
homens"?
5 - Quais são as raças com visíveis evidências de fusão entre crentes e não crentes?
6 - Como poderia a união entre as diferentes espécies de animais, serem um “aviltante crime”?
7 - Os animais têm capacidade moral para cometer tal crime?
(Amalgamation - A denominational Embarrasment.- Dik Anderson) (A nuvem branca - Por Dirk Anderson-1999 1ª ed. 2001 2ª ed.) (www.ellenwhiteexposed.com/critica.htm )
Em sintonia com o Sr. Anderson, também levantamos algumas questões:
1
- Por que a Sra. White não se manifestou em relação ao livro do Sr.
Smith? Se o Sr. Smith levantava a possibilidade de certos índios serem
resultados de amálgama, mas se não era isso que a “mensageira” queria
dizer, por que Ellen White não esclareceu isso? Por que ficou calada? Pior ainda: Por que ajudou a distribuir exemplares dos tais livros?
2
- Se o amálgama foi um aviltante crime, o pecado acima de qualquer
outro, que gerou espécies confusas não criadas por deus e que podiam ser
vistas em certas raças de homens, qual ou quais raças eram (ou são)
essas do tempo de EGW? (Ela mesma afirmou que podia ver isso em certas raças!)
3 - Podemos crer então que este “terrível pecado acima de todo outro”
é a mistura de pessoas crentes com ímpias? Então uma pessoa católica
não pode se casar com uma sem religião? Ou Batista (ou adventista) não
pode se casar com ateu? É isso? E quem são os “Crentes ou tementes à
Deus”? Qual religião? Então Uma pessoa crente em Deus não deve se casar com outra não crente em Deus, pois isso gera uma raça? Ela falou que se podia ver, em certas raças de homens. Nós podemos “ver” a crença da pessoa em sua raça? (1º Cor. 7:13-17).
4 - Se ela realmente se referia a mistura de crenças, por que na segunda frase ela fala em variedades de espécies de animais e certas raças de homens? Então
além de afirmar que misturando uma pessoa temente à Deus com uma ímpia,
isso gera uma “raça”, nós também podemos ver as espécies de animais
resultantes da mistura de um animal “crente” com um animal “ímpio”?
5 - Se o amálgama (mistura de raças, classes ou crenças) é um aviltante crime, e pecado acima de todo outro, por que esse grave pecado não foi citado no que os próprios adventistas chamam de lei moral? Casar pessoas de crenças diferentes ou raças diferentes é um pecado pior do que matar?
Mais
tarde, os parágrafos do amálgama foram simplesmente omitidos de outras
edições, o que acabou gerando outra pergunta: Como que algo “inspirado”
por Deus é publicado e depois é omitido? Depois
de 1871, os escritos sobre o amálgama foram retirados de edições
posteriores e pelo visto havia pessoas que queriam explicações, pois o
filho de Ellen White, W.C. White, relatou:
“Quanto aos dois parágrafos que se encontram em Spiritual Gifts e também em Spirit of Prophecy, relativamente ao amálgama e à razão por que foram omitidos dos livros posteriores, e à questão de quem assumiu a responsabilidade de omiti-los, posso falar com perfeita clareza e convicção. Eles foram omitidos por Ellen G. White... A
Sra. White não só tinha bom juízo baseado numa compreensão clara e
abarcante das condições e as conseqüências naturais de publicar o que
escrevia, como muitas
vezes recebia instruções diretas do anjo do Senhor em relação com o que
devia ser omitido ou acrescentado nas novas edições." Mensagens escolhidas vol. 3 pg. 452.
E
lá vêm mais perguntas de novo: Se foi assim como o próprio filho de EGW
disse; o que aconteceu para que se chegasse a esse ponto? Aquelas
declarações seriam um “erro de inspiração divina”? Será que o
“anjo particular” de Ellen White, fez trapalhada? Ou foi o próprio Deus
quem fez e depois mandou o tal anjo dizer a Ellen White que "o download do arquivo sobre a amálgama veio com vírus"? Chega ser hilariante, mas é exatamente isso que EGW dá a entender...
Não vamos nunca deixar de repetir; foi à própria Ellen White que afirmou o seguinte:
"Nessas cartas que escrevo, nos testemunhos que dou, estou vos apresentando aquilo que o Senhor me tem apresentado. Não escrevo nenhum artigo, expressando meramente minhas próprias idéias. Eles são o que Deus me tem exposto em visão - os preciosos raios de luz brilhando do trono." Testimonies, vol. 5, pág. 67.
“Tenho
escrito muitos livros e tem-lhes sido dada ampla circulação. De mim
mesma eu não poderia haver salientado a verdade contida nesses livros,
mas o Senhor tem-me dado o auxílio de Seu Santo Espírito. Esses livros, transmitindo as instruções a mim dadas pelo Senhor durante os sessenta anos passados, contêm esclarecimentos do Céu, e resistirão à prova da investigação.” Mensagens escolhidas vol. I pg. 35.
Tomando por base as declarações acima, inevitavelmente também surgem mais outras perguntas: As declarações sobre a amálgama foram válidas como inspiradas ou não? Seriam válidas só para as pessoas da época de sua publicação? Seriam realmente “resistentes a investigação” como por exemplo, essa que fizemos neste artigo? A verdade é que tais perguntas
tiveram o mesmo destino das outras: Nunca foram respondidas de modo
satisfatório; nem mesmo pelo Centro White de pesquisa...
Queridos
leitores; respeitamos outras posições e opiniões que sejam contrárias a
que expressamos no corpo deste artigo. Ao contrário de alguns, nós do
site Ex-adventistas.com; nunca nos julgamos “donos da verdade”.
Apresentamos o ponto de vista com bases sólidas; com argumentação
coerente e acima de tudo; após criteriosa análise. Mais uma vez
repetimos: Todas as evidencias demonstram que a escritora EGW foi
influenciada pela crença de sua época, o Darwinismo, o livro de Jasher e
outros.
Somado
a todos estes fatores (e devido exclusivamente a eles), concebeu um
entendimento equivocado sobre algumas passagens Bíblicas; sem
analisá-las em seus devidos contextos históricos. Realmente ela criou
uma enorme “amálgama”; uma grande e confusa mistura... Infelizmente (ou
felizmente, depende de quem esta lendo), escreveu algo que acabou
colocando-a numa tremenda “saia justa”.
Como as perguntas não paravam de aparecer e cada vez ficava mais incapaz de responde-las, Ellen White, bem como seus “empresários e patrocinadores” não tiveram outra saída: Omitiram as declarações e não tocaram mais no assunto. O silêncio foi sua melhor resposta.
Como as perguntas não paravam de aparecer e cada vez ficava mais incapaz de responde-las, Ellen White, bem como seus “empresários e patrocinadores” não tiveram outra saída: Omitiram as declarações e não tocaram mais no assunto. O silêncio foi sua melhor resposta.
Como disse Gordon Shigley:
“Por
anos a comunidade adventista presumiu que a Sra. White cria que parte
da queda do homem envolveu união sexual de homem com animal e defendeu
seus pontos de vista como científicos. Depois de 1947, a posição prevalecente mudou e prosseguiu assim por 35 anos. Incapaz
de conciliar a mais óbvia leitura das declarações de Ellen White com a
ciência, e com um compromisso para com a igualdade genética entre as
raças, a Igreja aceitou a engenhosa interpretação de Marsh sobre o que
Ellen White quisera dizer. Pode ser que a presente geração de
adventistas concorde com as gerações anteriores de adventistas em que -
pelo menos numa ocasião - Ellen White realmente creu que amálgama de
homem com besta teve lugar, mas não aceitará essa posição como
cientificamente abalizada hoje.”
E que o Altíssimo tenha Misericórdia de todos nós.
Trabalho em parceria:
Editor & Décio – Um Aprendiz de Cristão.
Fontes complementares:
Gordon Shigley, "Amalgamation of Man and Beast: What Did Ellen White Mean?", Spectrum, vol. 12, no. 4 1982.
A nuvem branca-por Dirk Anderson-1999 1ª ed. 2001 2ª ed.
Paulo Sérgio R. Pedrosa - "Eugenia: o pesadelo genético do Século XX. Parte I: o início"
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/eugenia_a_biologia_como_farsa.html (por Pietra Diwan)
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/eugenia_a_biologia_como_farsa.html (por Pietra Diwan)
Fonte: Paulo Sérgio R. Pedrosa - "Eugenia: o pesadelo genético do Século XX. Parte I: o início"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=ciencia&artigo=eugenia1&lang=bra
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=ciencia&artigo=eugenia1&lang=bra
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/eugenia_a_biologia_como_farsa.html )
Publicado em ExAdventistas.com
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