07 01 12
A universidade Andrews nos EUA, juntamente com o UNASP – Engenheiro Coelho/SP são as “cabeças” espirituais do adventismo mundial, e é da Universidade de Andrews que vem a mensagem deste post. Samuele Bacchiocchi, PH.D., Professor aposentado de Teologia e de História da Igreja (Adventista) na Universidade de Andrews. Este senhor foi uma das autoridades em história do adventismo a nível mundial, uma das obras dele, mais conhecidas no meio adventista é o livro “Do sábado para o domingo”; e o que ele disse irá fazer muitos adventistas se chocarem. Muitos vão refutar e tudo mais, mas para aqueles que são sinceros, a reflexão dos fatos fará uma grande diferença. Leia o relato a seguir:
Há algumas semanas atrás eu recebi várias mensagens e telefonemas de
irmãos que expressaram seu profundo desapontamento a respeito da nova
interpretação simbólica do número da besta – o 666 – apresentada em
informativos anteriores. Eles acreditam que a identificação tradicional
do 666 com o título dos papas “Vicarius Filli Dei” – Vigário do Filho de
Deus, é correta porque este título está inscrito na coroa papal, e o
valor numérico de suas letras somam 666.
Eles rejeitam qualquer prova em contrário, mesmo se as razões
apresentadas na Lição da Escola Sabatina de 1º a 7 de junho de 2002,
forem muito convincentes. Eles vêem o abandono da interpretação
tradicional como traição aos ensinos da Igreja Adventista. Obviamente
eles ignoram que a interpretação do número da besta, jamais foi um
ensino oficial da Igreja Adventista. Resumidamente, veremos que, em
várias ocasiões, a Conferência Geral tem desencorajado semelhante
interpretação.
No Sábado passado um irmão levantou esta questão pertinente durante o
período de perguntas e respostas do meu seminário: “Como nossa
interpretação numérica sobre 666 pode estar errada se ela é claramente
apresentada e defendida por Urias Smith em seu livro DANIEL E
APOCALIPSE, que tem sido vendido até mesmo em tempos recentes, e nossa
igreja o têm usado por mais de um século como uma fonte confiável de
estudo sobre Daniel e Apocalipse? Como pôde nossa Igreja Adventista ter
aceitado a interpretação de Urias Smith por tanto tempo, se ela está
errada?” Esta é uma questão legítima que preocupa alguns de nossos
irmãos – uma questão que merece sérias considerações.
Uma irmã me contou ao telefone que sua fé estava muito abalada pela
nova interpretação simbólica sobre o número da besta. A razão que ela me
deu, foi que tomou a decisão de fazer parte da Igreja Adventista na
noite em que ouviu o sermão evangelístico sobre “A Marca da Besta”. Ela
disse: “Quando eu aprendi que o papa é a besta de Apocalipse 13,
especialmente porque o título Vicarius Filli Dei está inscrito em sua
coroa somando 666, então eu me convenci que os ensinos da Igreja
Adventista estavam corretos e decidi finalmente me unir à igreja”.
Descobrir que uma interpretação profética particular estava errada,
poderia trazer confusão para aqueles que colocaram sua fé sobre ela.
Partilho da dor daqueles que se sentem confusos ou enganados por aquilo
que foram ensinados. No entanto, cobrindo os erros do passado, iremos
apenas adiar a solução do problema.
As poucas reações apaixonadas contra as interpretações simbólicas de
666 me lembram o fato de que as lendas que aprisionam a imaginação
popular, parecem jamais terem morrido, não importa quão ilógicas possam
ser. Ao retornar de Roma, eu me lembrei de algumas lendas populares que
têm se tornado parte da cultura religiosa católica.
UM EXEMPLO DA NATUREZA IMORTAL DAS LENDAS
Por exemplo, os cidadãos de Nápoles reuniam-se todos os anos no dia
19 de setembro em uma rica capela de seu santo padroeiro, São Genaro,
para observarem seu sangue ressecado preservado em vidros, tornar-se em
líquido semelhante ao sangue vermelho de um ser humano vivo. Os devotos
de São Genaro acreditam que se seu sangue se transforma em líquido no
aniversário do seu martírio em 19 de setembro, assim, a cidade
continuará a gozar de sua proteção contra eventos cataclísmicos como,
erupções vulcânicas do Vesúvio, inundações, terremotos, ou qualquer
outra coisa que ameace suas vidas e prosperidade.
Esta lenda está profundamente enraizada na cultura religiosa popular
dos Napolitanos, até quando, em 1964 O Concílio Vaticano II tentou
acabar com esta celebração religiosa, tal tentativa causou um tumulto em
Nápoles, tanto que o Vaticano foi forçado a desistir de sua decisão. O
Vaticano se comprometeu a restringir a celebração religiosa de São
Genaro apenas a Nápoles, excluindo o resto do país.
Em 1980, quando Nápoles sentiu-se vítima de um terremoto devastador,
os Napolitanos não responsabilizaram seu santo padroeiro por deixar de
protegê-los. Em vez disso, eles responsabilizaram o Vaticano por
desacreditar o status de santidade de São Genaro. Isto serve para
mostrar quão difícil é, mesmo para o Vaticano, pôr fim a uma lenda
popular que não está em conformidade com seus critérios canônicos.
O que é verdadeiro para a Igreja Católica, também é verdadeiro em alguma
extensão para nossa Igreja Adventista. Isso é difícil, se não
impossível, arrancar pela raiz a crença popular na suposta inscrição
Vicarius Filii Dei na coroa papal. Seria presunção assumir que pesquisas
recentes feitas por competentes Adventistas Acadêmicos e apresentadas
numa recente lição da Escola Sabatina, fossem acabar com a crença
popular Adventista de que o número da besta é encontrado no título dos
papas inscrito na coroa papal.
Fatos Fundamentais a Respeito da Interpretação Adventista sobre o Número 666 da Besta (Apocalipse 13:18)
1) Os pioneiros adventistas identificaram a Marca da besta com a
observância forçada do domingo, mas estiveram em dúvida com respeito ao
significado do número da besta (666).
2) Inicialmente, alguns pioneiros adventistas, incluindo J. N.
Andrews, acreditavam que o número 666 da besta era composto de
aproximadamente 666 seitas protestantes que aceitaram o ensino e
autoridade da Igreja Católica.
3) Urias Smith mostrou ter sido o primeiro líder adventista a
mencionar Vicarius Filii Dei como uma possível interpretação do número
da besta, o 666. Sua primeira proposta aparece em um editorial publicado
na edição da REVIEW AND HERALD de 20 de novembro de 1866.
4) Finalmente a interpretação de Urias Smith tornou-se largamente
aceita devido à influência dos seus livros Daniel e Apocalipse e Os
Estados Unidos à Luz da Profecia.
5) As fontes citadas por Urias Smith para apoiar sua identificação do
número da besta com o título papal Vicarius Filii Dei, é a descrição
feita por duas testemunhas que declararam ter visto a inscrição na coroa
papal quando estiveram em Roma. Uma declarou ter visto a inscrição na
coroa papal no Museu do Vaticano e a outra testemunha disse que a viu
durante a celebração da missa em comemoração à páscoa.
Ambas as descrições são duvidosas pelo fato de que as coroas não
estão expostas no Museu do Vaticano, nem o papa coloca a coroa para
celebrações da missa. A Tiara com três coroas de ouro tem sido usada
primariamente para a coroação do papa – uma prática que não tem sido
usada pelos últimos três papas, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI.
6) Uma significante pesquisa sobre a inscrição na coroa papal foi
feita em 1905 Chas T. Everson, um missionário adventista servindo na
Itália. Á pedido de vários líderes da igreja, especialmente o Professor
William Prescott, um líder educador adventista, Everson conduziu uma
investigação completa que providencialmente o levou para dentro do
vestiário do papa, onde algumas coroas são guardadas.
Apesar desta oportunidade única para observar as coroas de tão perto,
Everson ficou desapontado por não encontrar a inscrição Vicarius Filli
Dei em alguma delas. Ele escreveu “Enquanto estávamos felizes em ver as
brilhantes coroas, todavia ficamos desapontados em não encontrar o
objeto de nossa pesquisa; pois a inscrição Vicarius Filli Dei, não foi
encontrada em nenhum lugar ou escrita na coroa, como mostram claramente
as fotografias em anexo”. Ele conclui seu relatório dizendo: “A fim de
sermos perfeitamente corretos em nossas declarações, nós não podemos
afirmar que existe uma inscrição desta natureza na coroa até o presente
momento”. (Advent Review and Sabbath Herald, July 27, 1905, p. 10).
7) Uma das impressionantes fotografias da coroa papal enviadas por
Everson para a Conferência Geral, foi modificada por um artista
adventista que adicionou as palavras Vicarius Filli Dei na coroa de
ouro. A Southern Publishing Association usou esta “doutorada” fotografia
da coroa papal na edição revisada de Daniel e Apocalipse de autoria de
Urias Smith. Quando confrontada com a prova incriminadora, a Conferência
Geral ordenou que parassem imediatamente a impressão de qualquer cópia
do livro, até que a fotografia fraudulenta fosse removida.
8) Prescott solicitou uma oportunidade para fazer uma apresentação
para os oficiais da Conferência Geral. Alguns dos oficiais foram
convencidos pelos argumentos de Prescott, mas outros entenderam que o
assunto necessitava de estudo posterior.
9) Este episódio logo foi esquecido. Vicarius Filli Dei de Apocalipse
13:18 já se encontrava por demais adiantada para ser facilmente
abandonada, e assim continuo a ser uma interpretação popular, apesar da
ação tomada pela Conferência Geral.
10) Em 1935 Francis Nichols, Editor de Present Truth (Verdade
Presente), publicou um artigo alegando que Vicariu Filii Dei era o
título oficial do papa, inscrito na coroa papal. Pouco tempo após o
aparecimento do artigo, a revista popular católica, OUR SUNDAY VISITOR
(Nosso Visitante Dominical), desafiou Nichols a produzir evidências ou
então parar de usar fontes desonestas e anti-católicas para fazer
semelhante declaração. Nichols pediu para o professor Prescott ajudá-lo a
fim de justificar a declaração, mas o professor respondeu que não
existia maneira de fazer isso.
11) Eventualmente um grupo de estudo especial foi organizado pela
Conferência Geral conduzida pelo irmão Howell, esperando que mais alguma
informação confiável pudesse ser encontrada sobre o uso do título papal
Vicarius Filii Dei. Leroy Edwin From foi enviado ao Vaticano para uma
tarefa especial de pesquisa em busca de informação sobre o título do
papa Vicarius Filii Dei, mas não encontrou nada significativo.
12) Em 1948, Leroy Froom, Editor da Ministry, publicou uma forte
advertência contra o uso de coroas fraudulentas em encontros
evangelísticos. Ele escreveu: “Em nome da verdade e honestidade este
jornal protesta contra qualquer membro da Associação Ministerial da
Denominação Adventista do Sétimo Dia, da qual o Ministro é parte oficial
da Organização por semelhante uso. A verdade não precisa de
falsificação para apoiar ou suprimir. É muito natural evitar qualquer
manipulação ou duplicidade. Não podemos tentar fazer parte de uma
fraude.” (The Ministry, November, 1948, p.35.)
13) As advertências dadas pela Conferência e pela Ministry não
pararam a pregação e escritos sobre o título Vicarius Filii Dei,
supostamente inscrito na coroa papal. A razão foi mencionada
anteriormente: Lendas que aprisionam a imaginação popular, parecem que
jamais morrem, não importa quão inacreditável possam ser. Isto me deu
razão para crer que nenhum montante de pesquisas convincentes feitas por
competentes e dedicados adventistas acadêmicos, jamais suprimirá aquilo
que se tornou uma interpretação Adventista popular.
14) Recentes estudos adventistas sobre o livro de Apocalipse têm
concluído que a interpretação numérica tradicional do número da besta – o
666, carecem de apoio histórico e exegético. Assim, eles têm proposto
uma interpretação simbólica do número 666 sobre as bases de históricas e
exegéticas considerações.
15) A Igreja Adventista do Sétimo Dia geralmente esteve bem informada
a respeito da nova interpretação do número 666, o número da besta, pela
Lição da Escola Sabatina de 1 a 7 de junho de 2002. A lição trata
especificamente da Marca e o número da besta (Apoc. 13:16-18;14:1). O
autor principal da Lição do trimestre é Angel Rodrigues, Ph. D. Ele tem
servido por vários anos como Diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da
Conferência Geral.
16) A respeito do número da besta, Dr. Rodrigues escreve: “O número
da besta. A marca, o nome, e o número da besta são relatados em detalhes
(Apocalipse 13:17). Muitas sugestões têm sido feitas para explicar o
significado de 666. Aqui devemos ser bastante cuidadosos. A Bíblia não
diz o que o número da besta é a soma de valores numéricos das letras de
um nome… Alguns vêem no significado do 666 como um símbolo da humanidade
separada de Deus. Os seres humanos foram criados no sexto dia, e o
número pode permanecer como um símbolo da humanidade sem o descanso
divino ( o sétimo dia)”.
Dr. Rodrigues conclui, dizendo: “Até o presente momento, o simbolismo
de rebelião intensificada, o seis usado três vezes, e a total
independência de Deus parece ser a melhor opção. O tempo irá revelar o
completo significado do símbolo” (quinta-feira, 6 de junho de 2002).
17) O Dr. Rodrigues continua dando três razões para rejeição da
interpretação tradicional de Vicarius Filii Dei. Ele escreve: “Primeiro,
não está claro que este título é algo oficial. “Minha pesquisa tem
mostrado que Vicarius Filii Dei tem sido usado como um dos títulos
papais, mas não é o título oficial. A razão é que o papa tem muitos
títulos não UM título oficial. O título mais comum é Vicarius Christi,
que é similar a Vicarius Filii Dei”.
18) A segunda razão que o Dr. Rodrigues dá é que a frase “é um número
humano” (v18), sugere que o número representa “seres humanos separados
de Deus”. Este é um ponto importante, ignorado por muitas pessoas,
porque a King James Version equivocadamente escreve: “é o número de um
homem” (Apoc. 13:18). A frase chave em grego se escreve: “arithmos
anthropou” (Apoc. 13:18), significa “número humano”. “A frase sugere que
não se trata de número de um nome, mas o número representando a
condição humana de rebelião contra Deus. O triplo seis sugere a
tentativa determinada da besta para promover a adoração de si mesma, em
lugar de Deus”.
19) A terceira ração apresentada pelo Dr. Rodrigues para a rejeição
da interpretação de Vicarius Filii Dei é que o texto não especifica na
linguagem que o valor numérico de letras deve ser calculado. Ele
escreve: “terceiro, aqueles que insistem em contar os valores numéricos
das letras se deparam com o problema de decidir que linguagem deve ser
usada. Pois o texto não identifica alguma linguagem, a escolha de uma
particular será um tanto quanto arbitrário.” (Sexta-feita, 7 de junho de
2002).
Esta é uma observação decisiva. É um absurdo assumir que os
receptores originais do Apocalipse poderiam identificar o número 666 com
o título papal Vicarius Filii Dei. Porque? Por duas razões. Primeiro,
este título era desconhecido nos dias de João como ela foi criada oito
séculos depois pela doação de Constantino. Segundo, a linguagem latina
também era largamente desconhecida para João e seus leitores que falavam
grego. Seu chamado por sabedoria para compreender o número 666 não
teria qualquer sentido, se a informação necessária para o entendimento
do número estivesse disponível apenas oito séculos no futuro, e se a
linguagem do título estivesse alheia aos receptores do Apocalipse.
20) Minhas razões pessoais para a aceitação da interpretação
simbólica do número 666 apresentado pelo Dr. Rodrigues na Lição da
Escola Sabatina, estão baseadas sobre considerações principais: 1. O uso
de números em Apocalipse. É a chave para compreender o significado de
números no Apocalipse. Muito pouca atenção tem sido dada nos estudos
Adventistas para o uso simbólico de números, especialmente nos livros
proféticos de Daniel e Apocalipse. 2. A importância do número 666 na
adoração pagã de Babilônia e da antiga Roma. 3. O significado simbólico
de 666 na Bíblia. 4. A relação entre a marca da besta e o número da
besta.
“ELLEN GOULD WHITE = 666
“VICARIUS FILII DEI” = 664
O resultado 666 (no caso do suposto título papal) é obtido mediante
um “artifício”, em que uma regra dos algarismos romanos é desrespeitada:
O “i” antes do “U” vale quatro, e não seis, pois o “U” equivale nos
numerais romanos ao “V” ; IV = (4) [Nota do Foconaverdade:
se é desrespeitada a regra dos algarismos romanos, ou se tem um erro
proposital ou por descuido (eu dúvido), mas continua sendo um erro, e
como instituição religiosa, os adventistas moralmente não deveriam levar
um erro adiante somente para satisfazer suas doutrinas.]
Não é o caso do nome da profetiza, onde o “U” antes do “L” juntos não tem significado numérico próprio.
Em outras palavras: UL (que corresponde a VL em Latin) não é uma associação significativa em algarismos romanos, e representa apenas 5 e 50.
Mas, a associação IU é uma representação de algarismos romanos, que corresponde ao dígito 4.
Conclusão: “Ellen Gould White” realmente soma 666,
mas “Vicarius Filii Dei” soma 664. (além desse título não ser usado pelo
Papa em tempo algum)
Outra coisa, o verso 18 manda calcular o nome de um homem, (genérico) e não um título honorífico.
Conclusão Geral. A profecia da marca e do número da
besta é crucial no Apocalipse. Ela representa a tentativa diabólica
final para forçar a falsa adoração através da trindade imunda
representada pelo dragão, a besta do mar e a besta da terra.
A profecia chama os crentes para reconhecer, não títulos papais,
códigos de barras, ou biochips, mas a natureza global da falsa adoração
promovida por uma variedades de agencias, incluindo o catolicismo. Como
adventistas, devemos reconhecer que a falsa adoração assume diferentes
formas enganadoras. Algumas vezes estas formas podem encontrar caminhos
até mesmo em algumas igrejas adventstas, onde a adoração é focalizada
sobre a estimulação física no lugar da elevação espiritual. Nossa melhor
porteção contra o engano final de falsa adoração é o selo de Deus,
manifestado na vida pelo habilitador poder do Espírito Santo em
obediência aos mandamentos de Deus.
Fonte:
Biblical Perspectives NewsLetter nº 145 – Site oficial Samuele Bacchiocchi
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