Somente Cristo! Somente a Bíblia!

"Fiz uma aliança com Deus: que ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer, tanto para esta vida quanto para o que há de vir." - Martinho Lutero

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Evasiva de Ellen G. White: A Grande Esperança = O Grande Conflito = The Spirit of Prophecy = The Paradise Lost (John Milton) + History of the Waldenses (J. A. Wylie) + History of the Reformation (D'Aubigné) + etc...

Capítulo 8

A EVASIVA DE WHITE

O Grande Conflito



A história que Ellen contou quando produziu The Great Controversy (O Grande Conflito) não era única. Se a idéia de uma controvérsia entre o Satanás bíblico e o Cristo histórico soa familiar é porque a idéia soava já muito antes do tempo de Ellen G. White. Assim, aqueles, nos círculos Adventistas, que persistem em representar sua contribuição como nova e diferente quando reestruturou a história para que harmonizasse com sua teologia do futuro estão perpetuando uma mentira branca. Convertem em determinante sua versão da luta primitiva em cada ato e cada aspecto da relação do homem com seu próximo, seja político, econômico, geográfico, ou religioso. De acordo com a história, se os bons ganham, Deus ganha o "round;" se os maus ganham um "round," atribui-se-lhe a Satanás por predeterminação.


O único problema com esta teoria é que a vitória depende de quem é o árbitro. Algumas vezes, Deus recebe o crédito, e algumas vezes é vice-versa. Geralmente, Deus sai bem livrado; e se não resulta assim, adiciona-se-lhe tempo ao "round" para dar-lhe uma melhor oportunidade de emparelhar as coisas no futuro. Um dos textos favoritos dos que levam as anotações desta maneira é Romanos 8:28: "E sabemos que aos que amam a Deus, todas as coisas lhes ajudam a bem." Para dar consolo e refúgio aos que perdem a luta, a última metade do texto proporciona uma "saída" para os teólogos – "aos que conforme a seu propósito são chamados."1


Em sua versão da controvérsia, Ellen proporcionou a resposta sobre "os que são chamados" nomeando a seu grupo de crentes como os que enquadravam nessa fresta, e fechou a porta para todos os demais - tal como o tinha feito como quarenta anos antes com a idéia da porta fechada em 1844. O grande conflito da posição de Ellen guarda alguma esperança para os que escapam da marca de alguma besta e mudam, das meretrizes e das prostitutas incrédulas do Apocalipse de João, para converter-se nos "verdadeiros crentes" da fé e o clã de Ellen. Nada disto era mais inovador no enfoque ou no método do que outras versões anteriores, mas era muito mais forte e mais definitivo em sua linguagem e seu alcance.


Desde o começo do Adventismo (e o movimento de 1844), o fator decisivo do céu e o lar, nos princípios ou eventos finais de Ellen,  não parece ser Cristo, o Evangelho, ou as Boas Novas, senão a manipulação legalista do passado, o presente, e o futuro de acordo com sua própria contabilidade celestial.2



Outros antes dela tinham tratado o grande conflito em termos gerais, mas ninguém jamais tinha sacado as conclusões dela, já fossem gerais ou específicas. Em Paradise Lost
, de John Milton, a luta se tinha descrito em termos do bem e o mau, o negro e o branco, todo ou nada, Cristo e Satanás. O livro de Milton tinha sido um trabalho tão aceitável, que se tinha sustentado por cerca de duzentos anos antes que Ellen começasse a ler sua história. Há indícios de que ela se agradou do estilo e da maneira com que John Milton apresentou a luta no universo. 3  Em realidade, Milton tinha feito um trabalho tão bom, que suas obras se anunciavam, na parte posterior das primeiras publicações da literatura Adventista, como dignas de ser lidas.4  Apesar desses anúncios e a descoberta posterior de que Milton tinha influído em Ellen, Arthur White (neto de Ellen G. White) escreveu em 1946.


Não conheço nenhuma declaração da pluma de Ellen White que tenha relação com Milton. Depois que se deu à Irmã White a visão do grande conflito, o Irmão J. N. Andrews lhe perguntou se ela tinha lido "Paradise Lost" alguma vez. Quando ela disse que não, ele lhe levou uma cópia do livro a sua casa. Ela não o abriu, senão que o pôs sobre uma estante, decidida a não o ler senão até que tivesse escrito o que se lhe tinha revelado.5


Isto foi o mais alto da dessa estante a que se chegou, porque para o tempo da edição reimpressa em fac-símile de 1969 de The Spirit of Prophecy (tomo quatro), alguém deve ter-lhe dito a Arthur  que ela tinha baixado o livro de Milton da repisa e o tinha usado. A única pergunta era: Foi usado antes ou depois? A afirmação dele era que tinha sido depois:


É evidente que, mais tarde, ela leu pelo menos porções de Paradise Lost, porque há uma frase citada em Education (Educação).6


Quase sem exceção, os autores que Ellen escolheu para deles copiar apoiavam o mesmo tema - que o homem era bom antes de converter-se em mau; que deseja ser bom, mas ainda é mau; que quando é bom, é muito, muito bom, e quando é mau, é horrendo – e que a vitória chegará em algum lugar, em alguma parte, em algum momento, para os bons, e que a cortina cairá para os maus. Novamente, este tema não era novo nem para Ellen nem para aqueles dos quais ela copiava. Depois de tudo, a maioria, se não todos, dos que ela copiou eram mestres, pregadores, teólogos, supervendedores, e proporcionavam paráfrases livres da história bíblica desde Gênesis até Apocalipse. Mas se precisava que Ellen e seu primeiro fervor adventista lhe dessem às coisas o empuxo investigador, o envieso Adventista do Sétimo Dia. Foi esta única e "singular" contribuição ao mundo da teologia o que se converteu em "o último hurra" Adventista – e seu próprio grande conflito, em mais de uma maneira.7



Desde o princípio, os que estavam ao redor de Ellen viram similitudes entre o que Ellen escrevia e o que eles mesmos liam de outros autores, similitudes que os inquietaram. Não era só J. N. Andrews e sua preocupação pelos rostos gêmeos de The Great Controversy (O Grande Conflito) e Paradise Lost. Era também John Harvey Kellogg e sua leitura dos primeiros capítulos das obras dela. Numa entrevista gravada com dois membros de sua igreja, disse:





Quando saiu The Great Controversy (O Grande Conflito), alguém  me fez notar em seguida os capítulos sobre a história dos Valdenses. Não pude evitar de me inteirar porque o livreto "The History of the Waldenses", de J. A. Wylie, estava ali mesmo sobre o balcão de livros do Review and Herald, e aqui estava "The Great Controversy (O Grande Conflito)," com alguns extratos daquele mal disfarçados. Tinha um disfarce porque as palavras tinham sido mudadas; não teria sido correto usar citações porque as palavras foram mudadas no parágrafo, por isso não eram citações exatas, mas ao mesmo tempo tinham sido tomadas em empréstimo.8

A entrevista inteira mostra que o bom doutor estava muitíssimo inquieto pelo que ele e outros sabiam que era um engano que Ellen, seu filho Will, e os editores tinham perpetrado sobre a gente.


O capítulo sobre William Miller ("An American Reformer") em The Great Controversy (O Grande Conflito) (e que anteriormente aparecia como o capítulo treze de The Spirit of Prophecy, tomo quatro, 1884) foi tomado, em muitos casos palavra por palavra, de um livreto que James tinha imprimido em 1875 como Sketches of the Christian Life and Public Labors of William Miller. (James tinha reconhecido, tanto na página do título como por meio de citações no texto, que tinha usado as memórias de William Miller, escritas por Sylvester Bliss [1853], e "outras fontes.") 9 Por esta razão, a versão de Ellen não era "revelação seletiva." Não era mercadoria no varejo. Era roubo no atacado que tinha sido passado como material encoberto e incorporado em The Great Controversy (O Grande Conflito).10







Para então, Uriah Smith, tendo-se unido ao grupo, também participava da festa. Seu material sobre o santuário (publicado primeiro como artigos no Review entre 1851 e 1855, e depois em forma de livro em 1877) proporcionou material para o capítulo vinte e três "What Is the Sanctuary"? [Que É o Santuário?] de The Great Controversy (O Grande Conflito). 11 Suas descrições, palavra por palavra, de textos e acontecimentos do Antigo Testamento foram incorporadas – novamente, não em detalhe, senão em quantidade - ao quadro da luta pela vitória nesta terra, como foi escrita por Ellen e seus ajudantes.




J. N. Andrews, também escritor erudito, um dos outros primeiros descobridores e exploradores, foi também recrutado para a expedição . Seus escritos - incluindo "The Prophecy of Daniel" [A Profecia de Daniel], "The Four Kingdom" [Os Quatro Reinos], "The Sanctuary" [O Santuário], e "The Twenty-Three Hundred Days" [Os Dois Mil Trezentos Dias], publicados desde 1860 até 1863 - foram postos na mercearia como ônus. Por décadas, a gente da Igreja Adventista tem citado o material dele sobre as mensagens dos três anjos como as palavras infalíveis de Ellen.12

Vários historiadores teriam de acompanhar a estes aventureiros - quase sempre sem seu conhecimento. Se nos diz em anos posteriores que Ellen gostava de ler-lhe a sua família as obras de Jean-Henri Merle d'Aubigné,13 um de seus verdadeiros crentes na teoria do grande conflito; assim que foi trazido a bordo (outra vez, até onde sabemos, sem conferi-lo para saber se queria fazer a viagem). Mais tarde, um de seus parentes históricos, Wylie, teria de ser adicionado à lista de passageiros para uma que outra comida na mesa do capitão.14



Foi uma tripulação heterogênea a que fez aquela viagem. Era a primeira vez que todos eles navegavam sob a mesma bandeira branca. Não é de se estranhar que encontrassem, quase desde o princípio, um mar gordo de críticas. O cinismo expressado no jornal local pela associação ministerial de Healdsburg, Califórnia, era típico. Em debate com Adventistas locais, disseram:


Neste artigo desejamos comparar alguns extratos dos seguintes livros: "History of the Sabbath" [História do Sábado] ([J. N.] Andrews); "Life of Wm. Miller" [Vida de William Miller] ([James] White); "History of the Waldenses" [História dos Valdenses] (Wylie); "The Sanctuary" ([Uriah] Smith), e "History of the Reformation" (D'Aubigné), com os correspondentes extratos do livro "The Great Controversy (O Grande Conflito)," Tomo IV [The Spirit of  Prophecy] da Sra. White, para ver se a Sra. White  "introduziu passagens de escritos alheios e os fez passar como próprios." Se fez isto, então, de acordo com Webster, a Sra. White é plagiária, uma ladra literária.15






























































Como esta era uma associação ministerial, devem ter tido algum grau de inspiração quando se aventuraram no reino das predições e afirmaram:


Não afirmamos que de nenhum modo a seguinte comparação seja completa; o tempo e o espaço só permitiram um exame parcial; não duvidamos de que uma busca adicional revele muito mais da mesma natureza.16


E assim foi. Donald R. McAdams faz um admirável trabalho de identificar a muitos dos que seguiram o trabalho dos ministros de Healdsburg, sem saber que outros o tinham feito antes ou o que tinha sido descoberto anteriormente.17 O que emerge é que, goste-nos ou não, creiamo-lo ou não, os teólogos de Healdsburg estavam com a verdade em 1889 pelo que concernia a Ellen e a sua tripulação na viagem de "Great Controversy (O Grande Conflito)."


Foi óbvio desde o princípio, antes que o barco se fizesse à vela, que The Great Controversy (O Grande Conflito) não era navegável. O deles era a única passagem numa só direção que os viajantes tinham conhecido jamais. Com um mandato para não ler nada que não fosse literatura da Igreja Adventista, e com os publicadores sacando seu material a jorros, como poderiam sabê-lo? Os anúncios na Review, ainda em 1876, faziam afirmações que beiravam o fantástico, e mostravam seu desejo de manter aos fiéis alinhados. O que mostra a continuidade foi o precursor da persuasão muito mais poderosa que teria de vir:


Estamos preparados para falar deste livro, que acaba de sair, como do livro mais notável que jamais tenha saído deste Escritório. Cobre a porção do grande conflito entre Cristo e Satanás, que está incluída na vida e a missão, os ensinos e os milagres, de Cristo aqui na terra.18

No entanto, estavam aparecendo filetes de água por todas as partes no barco da produção de Ellen. O material da Conferência Bíblica de 1919 (publicado por primeira vez em 1980) diz claramente que os mestres, administradores, ministros, e educadores estavam preocupados pelo correto ensino da inspiração19 Seus conceitos de como faz Deus o que faz estavam sendo seriamente confundidos, não pelo que sabiam que tinham ajudado a Ellen a escrever, senão pelo que tinha vindo ser promovido como inspiração de Deus somente, sem crédito para nenhum membro a bordo do barco de Ellen.


Sob a crescente pressão, duas dos fiéis foram despachados, provavelmente de noite, quando a maior parte do trabalho parece ter sido feito, para ajudar a consertar os fios de água. Tenho aqui como Doures E. Robinson conta sua participação na aventura:


Crio que o Irmão Crisler e eu mesmo passamos quase seis meses estudando The Great Controversy (O Grande Conflito)... Como mestres de Bíblia e história, vocês sabem quão difícil é escrever história, e como até os melhores historiadores erram. Ao revisar Great Controversy (O Grande Conflito), fomos à biblioteca e comparamos um por um os pontos que se tinham suscitado; em realidade, tinha mais de cem pontos. Os examinamos cuidadosamente nas bibliotecas de Stanford e Berkeley. [A cursiva é nossa]20


A história que o White Estate contou concernente às correções feitas foi que só a ortografia e a gramática estavam em dúvida. Mal valeria a pena uma viagem à biblioteca, por não dizer nada de passar-se seis meses ali, para corrigir erros ortográficos e gramaticais. O que está claro é que o como iam Ellen e seus ajudantes a sair deste mundo e entrar ao outro era muito mais importante do que a ortografia, e se precisaria mais do que um livro de leitura de McGuffey para mostrar o caminho. Eram aqueles detalhes os que estavam metendo em problemas a Ellen e A The Great Controversy (O Grande Conflito).


Como explica Kellogg em sua entrevista, trataram de livrar-se do dilema através de seus meios literários:


Agora, então, seguiram adiante e venderam aquela edição inteira, pelo menos 1500 cópias dessa coisa que tinham à mão...
Continuaram vendendo-a, mas mudaram o prefácio na seguinte edição para dar uma pequena saída, através da qual poder sair arrastando-se, dando um pequeno indício, de uma maneira muito suave e como oculta, de que o autor também tinha utilizado informação obtida de várias fontes, bem como da inspiração divina.21


Depois continuou revelando realmente o segredo a respeito de algo mais do que de The Great Controversy (O Grande Conflito). A veracidade e a exatidão de sua memória devem ser postas ao lado do fato de que, quase mais do que qualquer outra testemunha vivente da época ele tinha conhecido e trabalhado com Ellen mais de perto do que qualquer outra pessoa, exceto a própria família imediata dela:


Isso é o que eu recordação. Recordação que vi a correção e não me gostou. E disse: "Isso é só um arraste, isso é simplesmente algo posto ali para que o leitor ordinário não o descubra em absoluto, senão para que veja ali as afirmações maiores da inspiração especial, para que seja enganado por isso." Então saíram outros livros. Certo número deles não está livre disso. Não era simplesmente esse só livro. Sua explicação não ajudou a outros livros, nem sequer "Desire of Ages" (O Desejado de Todas as Nações) ou "How to Live". (Como Viver) Não creio que Você inteirasse-se a respeito de "How to Live" com referência às coisas que foram tomadas do livro de Escola.22


Ao que George W. Amadon, o leal defensor de Ellen, replicou: "Sei que uma grande porção dele foi tomada em empréstimo."23 Que quis dizer com "tomada em empréstimo"? Talvez quisesse dizer que tudo foi tomado – por completo e ademais tomado emprestado!


Esta hemorragia de críticas requeria cirurgia maior, e foi aplicada na edição de 1911 de The Great Controversy (O Grande Conflito). Ainda que se tenha dito uma e outra vez, através dos anos, que a razão pela qual fora necessário trabalhar o livro outra vez era que as placas dos eletrotipos estavam muito desgastadas, William Clarence White (terceiro filho de Ellen G. White - conhecido na intimidade como "Willie") dá outra razão para a mudança esse ano:


No corpo do livro, o mais notável melhoramento é a introdução de referências históricas. Na edição anterior, deram-se mais de setecentas referências bíblicas, mas só nuns poucos casos tinha algumas referências históricas às autoridades citadas ou às quais se fazia referência. Na nova edição, o leitor encontrará mais de quatrocentas referências a oitenta e oito autores e autoridades. [A cursiva é nossa].24




Os teólogos Adventistas que tomam a posição de que teve muitos roubos ao escrever o Cânon poderiam desejar tomar nota neste ponto. Se um comparasse os quatro evangelhos com The Great Controversy (O Grande Conflito), assim é como sairia. Combinando as 400 referências de outros autores e os 700 textos bíblicos, e usando as cifras de Willie White, os quatro escritores dos quatro evangelhos (copiando até o grau em que Ellen o fez) haveriam de ter copiado cada um dos versículos que escreveram! O que Dom McAdams gravou em fita a respeito da reunião do Comitê de Glendale concernente a The Great Controversy (O Grande Conflito) de Ellen é outra maneira de dizer o mesmo. McAdams disse que, se cada parágrafo de The Great Controversy (O Grande Conflito) tivesse rodapés de página de acordo com a prática aceita, dando crédito a quem correspondesse, quase cada um dos parágrafos teria que ter anotações ao pé.25


Willie White deu outras razões para a permanência de seis meses de Robinson e Crisler nas bibliotecas de Stanford e Berkeley:


Nuns poucos casos, usaram-se novas citações de historiadores, pregadores, e escritores atuais em lugar das antigas, ou porque são mais poderosas ou porque não pudemos encontrar as antigas...  Em oito ou dez lugares, as referências ao tempo foram mudadas a causa do tempo decorrido desde que o livro se publicou por primeira vez. Em vários lugares, as formas de expressão se mudaram para evitar ofensas desnecessárias... Em alguns outros lugares, poucos, onde havia afirmações em relação ao papado que são fortemente questionadas pelos católicos romanos, e que são difíceis de provar por meio de histórias acessíveis, o vocabulário da nova edição foi mudado de tal maneira que a afirmação possa cair facilmente dentro do alcance da evidência que é facilmente obtida.26


Seria muito mais injusto culpar demasiado a Willie. Ele só estava explicando o que outros estavam averiguando e do que as secretárias se estavam queixando. Requer-se constante trabalho e esforço para seguir mudando acontecimentos e circunstâncias do passado para adaptá-los às atividades correntes de Ellen, as quais constantemente estavam ocupando o lugar de fatos firmes, por cujas inexatidões pudesse ser julgada. Mas o Review de Junho 12 de 1980 ainda teria de pretender que era só The Great Controversy (O Grande Conflito) o que precisava mudança e confissão.27


Ainda que não seja nosso propósito ocupar-nos aqui das inconsistências e mudanças das iluminações noturnas de Ellen, vale a pena notar que o trabalho cosmético levado a cabo nas edições posteriores de seus livros era tão útil que outros notaram a mudança. Linden diz que


...a Série Conflito marca a produção de uma Ellen G. White madura. Em realidade, a evolução é tão grande que é um pouco surpreendente saber que a mesma pessoa tinha escrito as duas classes de livros... Como ocorreu este notável acontecimento é uma curiosa tarefa para um historiador sério. Os cinco tomos da Série Conflito resultaram de um complexo processo, do qual só se conhecem alguns fatores; pode que se conheçam outros fatos quando os abundantes arquivos do Ellen G. White Estate estejam completamente disponíveis para os pesquisadores... Sua biblioteca privada continha centos de volumes, e só se tem listagem uma fração. Ademais, ela tinha um "staff" completo de secretárias e editores a sua disposição.28


Com o que Linden deu é, talvez, uma das mais significativas peças de informação de qualquer estudo sobre Ellen e seus escritos. Poucos teólogos do clã Adventista do Sétimo Dia citam os primeiros escritos de Ellen, se é que algum o faz. Desejariam esquecer um pouco deles. Alguns deles são um insulto à inteligência - seu "Solemn Appeal to Mothers" [Apelo Solene às Mães], o fato de copiar de um médico seu "Cause of Exhausted Vitality" [A Causa do Esgotamento da Vitalidade] a respeito da vida sexual de sua geração; sua mudança de guarda quando as coisas que ela "via" ou "predizia" não sucediam. Estas passagens raras vezes se mencionam mesmo nos púlpitos da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A maioria das "formosas" citações vem de obras posteriores.29


Naturalmente. Para então, quando Ellen teria cinqüenta anos de prática. Com os numerosos obreiros no exército de ajudantes aos quais podia ir, com a estrutura da Igreja Adventista do Sétimo Dia, seu dinheiro, suas imprensas derramando a propaganda de sua invencibilidade, ela estava livre para incorporar, como se fora "de Deus," qualquer coisa que desejasse pôr em seus escritos. Em princípios do século XX, se alguém quisesse ver a mudança ou as inconsistências entre o material antigo e o novo, tinha que fazer uma escolha extremamente difícil para permanecer na igreja. Alguém tem que manter com impavidez variadas coisas: Que Deus, não Ellen, era inconsistente. Que Deus, não Ellen, poderia ter mudado de idéia. Que não importasse o que fizesse, correto ou equivocado, ela estava certa porque Deus tinha participado nisso ao ordenar que ela o fizesse. Deus tinha melhorado com a idade e a experiência – através de Ellen e seu contínuo copiado.


O que realmente sucedeu na igreja foi que Deus e Ellen vieram parecer um e o mesmo. O que ela fazia, Deus o aprovava. O que a ela não lhe gostava, Deus o condenava. O que ela escrevia, Deus o respaldava. O que ela deixava fora, Deus o evitava como coisa sem importância. Se o Cânon tinha sido o livro de Deus até o tempo dela, agora Ellen era a serva de Deus, sua voz, sua imagem, seu outro eu. Ellen e seus escritos se tinham convertido no Deus Adventista dos Sétimo Dia!


Se alguém duvida deste processo, que examine cuidadosamente as instruções que se lhe dão à igreja. Que olhe o número de vezes que ela ou suas obras, sempre sobressaindo com muito por cima do Cânon, citam-se como autoridade na Review e outras publicações Adventistas do Sétimo Dia. Que vá à história da sessão da Conferência Geral da igreja em 1980, na qual seus escritos (e Ellen G. White mesma) foram elevados ao nível de igualdade com as Escrituras e os escritores bíblicos. Que escute novamente a melodia que se tocou durante a reunião de Glacier View em 1980, na qual se excomungou a Desmond Ford e proibiu-se-lhe ocupar qualquer posição porque seu agudo intelecto e valorosa consciência sustentaram a autoridade das Escrituras por sobre a autoridade de Ellen White.30


Ninguém pode duvidar seriamente de que Ellen Gould Harmon White finalmente tenha obtido o poder do veto sobre Deus na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Parafraseando as convicções expressadas por Earl W. Amundson, em Glacier View, não só as luminárias, senão quaisquer luzes que brilham na Igreja Adventista do Sétimo Dia, sem o consentimento e a aprovação de Ellen G. White, foram e serão apagadas.31


Em vista das extensas investigações levadas a cabo em anos recentes (incluindo as de McAdams, Graybill, e outros) e o reconhecimento das mudanças efetuadas e dos autores usados - muito do que se lhes fez presente aos membros da igreja em general - parece desnecessário incluir no Apêndice um grande número de exemplos comparativos para The Great Controversy (O Grande Conflito).




No entanto, seria útil tomar nota de uma das moribundas esperanças dos Adventistas do Sétimo Dia. Os Adventistas do sétimo Dialhes gostam de crer que os últimos capítulos de The Great Controversy (O Grande Conflito) foram estruturados a seu favor, teologicamente falando, e que se copiou pouco ou não se copiou nada em questões de escatologia. Uma comparação de alguns capítulos no tomo quatro de The Spirit of Prophecy (o precursor de The Great Controversy (O Grande Conflito)) mostra que isto é só ilusão.32 Os capítulos posteriores da edição expandida de Controversy de 1911 mostra padrões similares.33









Por doloroso que seja o dar-se conta disso, a controvérsia de Ford e a controvérsia-comparação-Ellen White fizeram a The Great Controversy (O Grande Conflito) um pouco suspeito. Ademais, outra investigação em progresso em tempos recentes mostra grandes bocados de erros históricos.34 Até os clérigos ambulantes do White Estate admitiram que o livro já não pudesse ser considerado um relato exato dos acontecimentos históricos do século dezenove, mas que deve usar-se evangelisticamente.35 Todos estes fatos somados levam à conclusão de que a tentativa de Ellen de reescrever a história de acordo com sua visão não deu resultado.


Assim que, para os teólogos Adventistas, a situação deveria ser começar outra vez pelo princípio.



Referências e Notas


1  . Romanos 8:28.

2  . Ellen G. White, The Great Controversy (O Grande Conflito) (Mountain View: PPPA, 1888), "The Investigative Judgment," p. 479.




3  . John Milton, Paradise Lost. Publicado duas vezes durante a vida do poeta: 1667, 1674.






4  . Por exemplo, veja-se The Three Messages of Revelation 14:6-12 [As Três Mensagens de Apocalipse 14:6-12], de J. N. Andrews. Outros folhetos e livros publicados pelos primeiros Adventistas também anunciavam as obras de John Milton. Um tratado titulado "The State of the Dead" [O Estado dos Mortos], por John Milton, foi impresso pela SDA Publishing Association em Battle Creek em 1866.





5  . Carta de Arthur L. White, 4 de Abril de 1946.

6  . EGW, The Spirit of Prophecy, 4 tomos. (Battle Creek: Review and Herald, 1858-60-84), suplemento ao tomo 4, p. 536. Veja-se Education (Educação), p. 150.



7  . Veja-se Robert Brinsmead, Judged by the Gospel [Juízos pelo Evangelho], capítulo 12, "The Legend of Ellen G. White´s Literary Dependency" [A Lenda da Dependência Literária de Ellen G. White], p. 145. Em realidade, a controvérsia sobre The Great Controversy (O Grande Conflito) começou virtualmente com sua publicação em 1888, e continuou até a atualidade.




8  . [John Harvey Kellogg], "An Authentic Interview... on October 7th, 1907" [Uma Entrevista Autêntica ... o 7 de Outubro de 1907], p. 32.





9  . Tiago White, Edit., Sketches of the Christian Life and Public Labors of William Miller, Gathered from his Memoirs by the Bate Sylvester Bliss, and From Others [Esboços da Vida Cristã e Atividades Públicas de William Miller, Reunidos de suas Memórias, pelo Defunto Sylvester Bliss, e Outros] (Battle Creek: Steam Press, 1875).





10  . Compare-se o Capítulo 13, "William Miller," em The Spirit of Prophecy, tomo 4, de EGW, com seu contraparte posterior, o capítulo 18, "An American Reformer," em The Great Controversy (O Grande Conflito), p. 317. Tomar material de escritores Adventistas anteriores se converteu no padrão dos volumes "ampliados" de Ellen White.

11  . Uriah Smith, "The Sanctuary and the Twenty-three Hundred Days of Daniel VIII, 14" [O Santuário e os Dois Mil Trezentos Dias de Daniel 8:14] (Battle Creek: Steam Press, 1877).

12  . J. N. Andrews, The Prophecy of Daniel: the Four Kingdoms, the Sanctuary, and the Twenty-three Hundred Days a Profecia de Daniel [Os Quatro Reinos, o Santuário, e os Dois Mil Trezentos Dias] (Battle Creek: Steam Press, 1863).

13  . Arthur L. White, "Rewriting and Amplifying the Controversy Story" [Reescrevendo e Ampliando a História da Controvérsia], pt. 2 de 7 , Review, 19 de Julho de 1979, p. 9. J[ean] H[enri] Merle d'Aubigne, History of the Reformation of the Sixteenth Century [História da Reforma do Século Dezesseis], 5 tomos. (Edinburg: Oliver and Boyd, 1853; New York: Robert Carter, 1846).

14  . A lista de livros que o Ellen G. White Estate identificou como tomados do DF 884 (para incluir os livros nos estantes do estudo de EGW, no escritório, e na abóbada. Uma nova lista preparada por Graybill e Johns em 1981: An Inventory of Ellen G. White´s Private Library, July 29, 1981, Draft [Um Inventário da Biblioteca Privada de Ellen G. White, Julio 29, 1981 , Rascunho] (Washington: EGW Está, 1981). James Aitkin Wylie, History of the Waldenses [História dos Vandenses] (London: Cassell, Petter, Galpin & Co., 1880).

15  . (Healdsburg) Pastors´ Union, "Is Mrs. E. G. White a Plagiarist?" [É a Sra. E. G. White Uma Plagiaria?]
(Healdsburg, California, Enterprise, 20 de Março de 1889).


16  . Ibid.

17  . Donald R. McAdams, "Shifting Views of Inspiration: Ellen G. White Studies in the 1970s"[Cambiantes Pontos de Vista Sobre Inspiração], Spectrum 10 (Março de 1980):27-41.

18  . Robert W. Olson, "Exhibits Relating to The Desire of Ages" [Quadros Relativos ao ‘Desejado de Todas as Nações], fotocopiado (Washington: EGW Está, 23 de Maio de 1979) (p. 11 dos quadros de Olson, Review and Herald, Novembro 30, 1876).


19  . (Bible Conference). "The Bible Conference of 1919” [A Conferência Bíblica de 1919] Spectrum 10, não. 1 (Maio de 1979):23-57.


20  . Robert W. Olson, "Historical Discrepancies in the Spirit of Prophecy" [Discrepâncias Históricas no Espírito de Profecia], com uma nota no apêndice por Arthur L. White, fotocopiado (Washington: EGW Está, 17 de Julho de 1979).


21  . (John Harvey Kellogg), "An Authentic Interview... on October 7th, 1907" [Uma Entrevista Autêntica ... o 7 de Outubro de 1907], p. 33.

22  . Ibid.

23  . Ibid.

24  . EGW, Selected Messages, 3 lib. (Washington: RHPA, 1958-80), lib. 3, Apêndice A, pp. 434-35. Estas observações a respeito da revisão de The Great Controversy (O Grande Conflito) foram feitas por W. C. White ao Conselho da Conferência Geral o 30 de Outubro de 1911.


25  . [Glendale Committee], "Ellen G. White and Her Sources," fitas da reunião do 28-29 de Janeiro de 1980.


26  . EGW, Selected Messages, lib. 3, Apêndice A, pp. 435-36.


27  . Kenneth H. Wood, "The Children Are New," editorial, Review (12 de Junho de 1980).

28  . Ingemar Linden, The Last Trump, "From Visions to Books," cap. 4, pt. 2, p. 211.

29  . Ibid., pp. 211-12.


30  . Veja-se a edição de Ministry de Outubro de 1980. Esta é o órgão internacional da Associação Ministerial dos Adventistas do Sétimo Dia. Também, veja-se Spectrum 11, não. 2 (Novembro de 1980), o órgão da Associação de Foros Adventistas.


31  . Earl W. Amundson, "Authority and Conflict - Consensus and Unity" [Autoridade e Conflito - Consenso e Unidade], trabalho lido durante a Consulta Teológica, 15-20 de Agosto de 1980, em Glacier View Ranch, Ward, Colorado.


32  . Vejam-se os Quadros Comparativos do Capítulo 8 no Apêndice.


33. Ibid.


34  . Robert W. Olson e Ronald D. Graybill aos historiadores da Pacific Union Conference, no recinto universitário A Serra da Universidade de Loma Linda, sessão de verão de 1980.


35  . Ibid.




 

Capítulo 8 / Quadros Selecionados
Livros Escritos Por:
Fontes Que Utilizou:
White, Ellen G.
The Great Controversy (O Grande Conflito)
Mountain View, Calif., Pacific Press, 1911.

The Spirit of Prophecy, tomo 4. 
Oakland, Calif., Pacific Press, 1884. 
Andrews, J. N
History of the Sabbath
Battle Creek, Steam Press, 1862.

March, Daniel 
Night Scenes in the Bible
Philadelphia, Zeigler, McCurdy, 
(1868-1870).

Walks and Homes of Jesus
Philadelphia, Presbyterian Pub. Committee, 1856. 

Merle d'Aubigne, J. H
History of the Reformation, tomo 4, lib. 9, 
Glasgow and London, Collins, 1841. 

Smith, Uriah 
The Sanctuary
Battle Creek, Steam Press, 1877.

White, James 
Sketches of the Christian Life and Public Labors of William Miller
Battle Creek, Steam Press, 1875.

Wylie, J. A . 
History of the Waldenses
London, Cassell, Petter & Galpin, sem data. 


Nenhum comentário: