A importância de analisar o que
disseram apoiadores é relevante, pois é claro que os críticos do ministério de
Ellen G. White acreditam que ela era uma plagiadora. Que copiava
indiscriminadamente de vários autores para compor suas obras, não citava suas
fontes e apropriava-se de produções de seus colaboradores e assistentes
literários. Além disso, de maneira direta e indireta, ela negou que tivesse
agido dessa maneira.
Poderíamos falar de várias
pessoas ligadas a Igreja ao longo da história do movimento, mas a análise das
conclusões do Relatório do pesquisador Fred Veltman fala por si. Afinal de
contas, foi a própria Igreja Adventista que pediu a investigação, montou a
equipe e convidou um obreiro adventista, o Ph.D. Fred Veltman para conduzir as
pesquisas. O peso e o
impacto das declarações do relatório não podem ser subestimados.
Após mais de cem anos de
negativas oficiais, um documento oficial da Igreja é produzido por uma equipe,
liderada por um expert no assunto de análise literária, numa pesquisa que levou
mais de oito anos e consumiu mais de quinhentos mil dólares.
As afirmações são categóricas e
objetivas. Fred Veltman não utiliza a expressão ‘plágio’, mas como se pode ver
pelo teor do Relatório, os eufemismos ‘empréstimo literário’ e ‘dependência
literária’ apontam claramente nessa direção. Fred Veltman, pesquisador da
Igreja adventista, falando oficialmente na Revista destinada aos pastores
(publicação oficial) diz sem rodeios que foi
Ellen G. White “quem tomou expressões literárias das obras de outros autores
sem lhes dar crédito como suas fontes.” (Ministry, nov. de 1990, p.
11). Ou seja, não se
pode falar de uma conspiração, de alguém ‘armando’ para prejudicar a sra. White,
de assistentes literários inserindo ideias de outros autores de forma camuflada
nos escritos dela. Foi ela mesma quem fez isso.
Veltman continua e diz que “Ellen
G. White utilizou os escritos de outras pessoas consciente e intencionalmente.”
(idem). Após um trabalho exaustivo que consumiu milhares de horas, quase três
mil dias, muitos meses e anos, numa análise aprofundada, a equipe de
investigação de Fred Veltman pôde concluir claramente que a profetisa agiu de
forma consciente e intencional. “As semelhanças literárias não são o resultado
de acidente ou memória fotográfica.” (idem).
Veltman vai além e confirma que mentiras foram
contadas para acobertar o questionável procedimento. De maneira direta e
indireta, “implícita ou explicitamente, Ellen G. White e outros que falaram em
nome dela, não admitiram e até negaram a dependência literária [plágio] da
parte dela." (idem).
O comportamento errático, as
negativas oficiais, o acobertamento por parte da igreja e da liderança, levam o
Ph.D. Fred Veltman a afirmar que Ellen G. White teve abaladas a sua honra, sua
integridade e até mesmo sua confiabilidade. (idem, p. 14). Um duro golpe. Mas
fazer o quê?
Para defender Ellen G. White, nos
livros que procuraram justificá-la e no site oficial, escritores e redatores
citam as referências existentes na obra “O Grande Conflito”. Destacam também a
introdução dessa obra que afirma que no livro foram utilizadas citações de
outros autores. Mas essa postura é enganosa e evasiva, pois leva membros
sinceros e alguns incautos a pensar que sempre foi assim e que o mesmo se passa
em todas as obras da autora. O Grande Conflito recebeu diversas modificações
entre a década de 1880 e 1910. Mas uma ampla modificação da introdução e a
colocação sistemática de várias fontes de referência ocorreram somente a partir da edição de 1911.
E esse tipo de correção não
foi feito nas demais obras, após passados tantos anos.
Vários livros da autoria de Ellen
G. White têm extensas citações, pensamentos, trechos, sequência de páginas,
títulos de capítulos e construção de ideias e sentido extraídos de outros
autores anteriores ou contemporâneos dela. Patriarcas e Profetas, Profetas e
Reis e Atos dos Apóstolos são gritantes exemplos dessa prática chamada de
‘empréstimo literário’.
O projeto ‘Desire of Ages Data’
conduzido por Fred Veltman, como diz o nome, só foi feito com a obra O Desejado de Todas as Nações.
E revelou o uso de no mínimo 23 (vinte e três) diferentes fontes sem a menção dos
autores. Não foi feita nenhuma referência a eles. Ellen G. White copiou tanto
de outros autores nessa obra, que Veltman afirma que "a maior parte do
conteúdo do comentário de Ellen G. White sobre a vida e o ministério de Cristo,
O Desejado de Todas as Nações, é mais derivado do que original.” (Ministry,
nov. de 1990, p. 12). Será que isso é tudo? Não. Veltman diz que nenhuma ideia na obra é apenas dela. Nenhuma.
“Em termos práticos, esta conclusão declara que não se pode reconhecer nos
escritos de Ellen G. White sobre a vida de Cristo nenhuma categoria geral de
conteúdo ou conjunto [catálogo] de idéias que sejam somente dela." (idem).
Fred Veltman chega a ser ousado
quando faz algo que nenhum outro teólogo adventista antes dele ousou fazer.
Mesmo sabendo que a Igreja colocou Ellen G. White no patamar dos profetas e
escritores bíblicos, ele chega ao ponto de questionar e por em cheque o tipo de
inspiração dela. Questiona até mesmo o “papel dela como uma profetisa.” (idem,
p. 13). É claro que ele tem que questionar, pois além de tomar as ideias dos
outros em suas obras, ela exigiu direitos autorais para si e os deixou como
herança para filhos, netos e bisnetos.
Muito bem, foi feita a admissão
oficial, fruto de pesquisas. Ellen G. White era uma plagiadora. Ou, como deseja
a Igreja Adventista, uma tomadora de ‘empréstimos literários’. Iniciaria a
Igreja Adventista um novo capítulo em sua relação com os escritos e obra de
Ellen G. White? Seria Ellen G. White rebaixada a uma simples conselheira? O
mito Ellen G. White seria colocado no seu devido lugar?
Quanta ilusão. Nada foi feito. A
Igreja certamente deve ter avaliado que o Relatório foi uma concessão indevida,
pois incrementou ainda mais as suas táticas de defesa do ‘Espírito de
Profecia’. Um livro e uma Bíblia seriam as respostas às conclusões do Relatório
Veltman.
Patrocinou Herbert Douglass para
escrever um livro onde ele
defende e justifica de forma completa o comportamento errôneo de Ellen G. White.
Ele chama de criatividade e seletividade a prática dela de copiar e reorganizar
os textos dos outros. (Herbert Douglass, Mensageira do Senhor, p. 451).
Douglass retira de Fred Veltman frases isoladas para dar a impressão de que o
Relatório é favorável a Ellen G. White, quando na verdade uma simples leitura
do mesmo mostra o contrário.
Herbert Douglass defende Ellen G.
White fazendo comparações dela com autores bíblicos que mencionavam uns aos
outros. Entretanto a sra. White, de acordo com Fred Veltman, utilizou obras de
ficção para compor um livro sobre a vida de Cristo. Isso mesmo, ela tomou ideias de
autores que não estavam escrevendo a partir de uma perspectiva bíblica. E
escondeu esse fato. Até mesmo
Francis Nichols, um ferrenho defensor de Ellen G. White, admite que ela fez uso
do livro apócrifo de II Esdras. (Referências a Esdras em A Word to the Little Flock aparecem nos rodapés do folheto, p.
14-20, “Ellen G. White and Her Critics”, Washington: RHPA, 1951,
apêndice, p. 561-84).
Douglass afirma que os críticos
estão muito preocupados com a quantidade de fontes que Ellen G. White utilizou
e isso não é importante. (idem, p. 457). Nesse ponto Douglass tem razão. Não é
a quantidade de ‘empréstimo literário’ [plágio] que importa. O que de fato importa é que ela,
muito ou pouco, copiou de outros, não deu o devido crédito a eles, mentiu e
negou que tivesse feito isso e
além do mais, foi apoiada pela administração da Igreja ao longo de cem anos na
negativa de que ela tivesse agido assim (quando eles sabiam da verdade sobre o
assunto).
Mas para não trair sua
consciência, Douglass deixa no seu texto preciosas e esclarecedoras
informações. Na página 456 de seu livro em defesa de Ellen G. White, ele diz
que os textos e trechos de outros autores transcritos por ela sem citação de
fontes, “copiados ou parafraseados foram usados não somente na produção de seus
livros”, mas também em cartas, sermões, diários e às vezes até mesmo “para
expressar pensamentos que lhe foram diretamente inculcados em visão”. Douglass
parece não ter refletido muito bem sobre o que escreveu. Em sua pesquisa ele
descobriu que até mesmo para
descrever o que viu em visões, Ellen G. White teve que utilizar textos de
outros autores. Isso é impressionante. Não é essa uma clara confissão da prática
ampla e organizada de ‘plágio’?
A glorificação de Ellen G. White
pela Igreja Adventista ultrapassa o bom senso. Deram a ela um título divino
(Espírito de Profecia); defenderam-na da prática de qualquer erro; justificam
suas práticas antiéticas; escrevem uma Bíblia com comentários dela (Clear Word
Bible) e em reuniões quinquenais da Associação Geral, reforçam o mito para
incentivar a devoção e alavancar as vendas de seus livros.
1846 – 1915
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Período
da produção literária de Ellen G. White (Livros, artigos, cartas, livretos,
manuscritos)
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1863
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Primeiras
críticas relativas a utilização dos escritos de outros autores sem
atribuir-lhes crédito.
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1875
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Mary
Clough, sobrinha de Ellen G. White, denuncia a metodologia literária da tia,
confessando ao pr. Adventista George B. Starr o seu mal-estar em participar
de tais atividades.
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1883
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Após
ameaça de processo por causa do livro Sketches
of Life of Paul, escrito por Ellen G. White a partir do livro A Vida e as Epístolas de Paulo,
dos autores Conybeare e Howson, a Editora T. Y. Crowell Co. New York faz
acordo com a IASD e o livro foi recolhido.
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1911
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