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"Fiz uma aliança com Deus: que ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer, tanto para esta vida quanto para o que há de vir." - Martinho Lutero

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ellen G.White e o Plágio - Parte I (por Phillipe Hotman)

Índice




Introdução



2











Havia suspeitas no século XIX (dezenove) de que Ellen G. White houvesse praticado Plágio?



2











As afirmações de Ellen G. White sobre a fonte de seus escritos e inspiração são corretas?



3











Ellen G. White praticou Plágio?



4











Os líderes da Igreja tinham conhecimento do Plágio em Ellen G. White?



6











“O Grande Conflito” é fruto de Plágio?



7











Ellen G. White também copiou para compor seus outros livros e artigos?



9











Há como defender Ellen G. White nessa questão do Plágio?



10











Outros escreveram por ela ou a influenciaram diretamente?



13











Ellen G. White ou White Lie?



15











A Igreja tentou mostrar algo aos Membros numa Lição da Escola Sabatina?



18











Conclusões



21











Histórico da questão do Plágio nos escritos de Ellen G. White



24








Quem não se deixa vencer pela verdade divina será vencido pelo engano.
Agostinho, Filósofo e Bispo da Igreja em Hipona (354-430)


 Calar por  amor  ou  falar  por  causa  da  verdade?
Dr John Charles Ryle, Bispo Anglicano de Liverpool (1816-1900)


Você pode enganar todo mundo durante um tempo.
Você pode enganar algumas pessoas durante todo o tempo. 
Mas você nunca poderá enganar todo mundo durante todo o tempo.

Winston Churchill (1874-1965)


 O que é preferível: uma doce mentira ou uma amarga verdade? 
Walter Rea, Pastor e Pesquisador Adventista (1982)




Ellen G. White e o Plágio


 Estudo dividido em três partes


 Introdução

Parte I



Havia suspeitas no século XIX (dezenove) de que Ellen G. White houvesse praticado Plágio?
Os escritos de Ellen G. White eram fruto de seus sonhos e visões? 
Ellen G. White praticou Plágio?        

Parte II

Os líderes da Igreja tinham conhecimento do Plágio em Ellen G. White?  
O Grande Conflito é fruto de Plágio?           
Ellen G. White também copiou para compor seus outros livros e artigos?   
Há como defender Ellen G. White nessa questão do Plágio?          

Parte III

Outros escreveram por ela ou a influenciaram diretamente?            
Ellen G. White ou White Lie?           
Histórico da questão do Plágio nos escritos de Ellen G. White       

Introdução


Havia suspeitas no século XIX (dezenove) de que Ellen G. White houvesse praticado Plágio?

 Pode parecer surpreendente para a maioria dos adventistas, mas desde os primeiros livros sobre saúde (década de 1860) e durante várias décadas do século passado (século XX), Ellen G. White foi acusada de haver escrito seus livros a partir de trechos, ideias e textos de outros autores, sem atribuir-lhes crédito (não mencionava as fontes utilizadas). Em resposta a essa suspeita, a própria Ellen G. White, os dirigentes da Igreja e os responsáveis diretos por cuidar dos escritos dela (Depositários do Patrimônio White – White State) entraram em defesa de Ellen G. White e negaram qualquer possibilidade de que ela houvesse agido dessa forma. Essas negativas oficiais duraram desde a época em que ela ainda vivia até o ano de 1980.
I.            Muito conhecido da administração geral da Igreja Adventista e um dos encarregados de cuidar dos escritos de Ellen G. White após a morte dela, Arthur White destacava em suas afirmações a originalidade da produção de sua avó: “A sra. White não foi influenciada pelos que estavam perto dela, nem seus escritos foram manipulados. Suas mensagens não se basearam nas idéias dos que estavam perto dela nem em informação que outros pudessem lhe haver proporcionado”. (Arthur L. White, "Who Told Sister White?" Review (21 de Maio de 1959, pt. 2, p. 8-9).
II.            Muitos anos mais tarde, mesmo quando as críticas de um possível plágio eram mais fortes e sabendo que havia uma investigação em curso desenvolvida pelo pr. adventista Walter Rea sobre o assunto, Robert Olson, secretário do Patrimônio White negou enfaticamente que Ellen G. White tivesse copiado de outros. (Robert W. Olson, "Ellen G. White and Her Sources", Adventist Forum, com período de perguntas e respostas, na igreja da Universidade de Loma Linda, janeiro de 1979). 


Parte I

Ellen G. White escreveu muito e sobre quase todos os assuntos que poderiam interessar aos adventistas do sétimo dia. Para os adventistas ela é uma fonte autorizada de verdade porque seus escritos vêm diretamente da inspiração proporcionada pelos sonhos e visões que ela recebeu de Deus. Este é um assunto muito sério para os adventistas que têm preservado e divulgado os seus escritos. O que Ellen G. White falou sobre a autoria e a fonte de seus escritos?

I.            Ellen G. White afirmou de seus escritos: "Tenho escrito muitos livros e eles têm tido ampla circulação. Eu sozinha não poderia haver revelado a verdade nestes livros, mas o Senhor tem me dado a ajuda do seu Santo Espírito. Estes livros, dando as instruções que o Senhor tem me dado durante os passados sessenta anos contém luz do céu e suportarão a prova da investigação." (Mensagens Escolhidas, p. 35).
II.            Minhas visões foram escritas independentemente de livros e opiniões de outros.” (Manuscrito 27 de 1867). "Nestas cartas que escrevo, nos testemunhos que dou, estou vos apresentando aquilo que o Senhor me tem apresentado. Eu não escrevo nenhum artigo, expressando meramente minhas próprias idéias. Eles são o que Deus me tem exposto em visão - os preciosos raios de luz brilhando do trono." “Isto é verdade quanto aos artigos de nossas revistas e aos muitos volumes de meus livros. Tenho sido instruída em harmonia com a Palavra nos preceitos da lei de Deus.” (Testimonies, vol. 5, pág. 67, Mensagens Escolhidas, p. 29 e “Ellen G. White, Mensageira da Igreja Remanescente”, p. 35). "O Espírito Santo tem traçado verdades em meu coração e em minha mente." (Testimonies, Vol. 5, p. 64,67; Carta 90, 1906)
III.            Ellen G. White deixa claro que sua fonte de inspiração é o Espírito Santo. "O Espírito Santo é o autor das Escrituras e do Espírito de Profecia.” (Selected Messages, vol 3, p. 30) "Antigamente Deus falava por meio dos profetas e apóstolos. Nestes tempos Ele tem falado por meio dos testemunhos de seu Espírito." (Testimonies, vol 4, p. 148; vol 5, p. 661).  
 IV.            "Deus estabeleceu em sua Palavra e nos Testemunhos o que Ele tem enviado ao Seu povo." (Battle Creek Letters, p. 74). "Deus tem falado a vocês. Tem estado brilhando luz desde a sua Palavra e desde os Testemunhos, e ambos têm sido desprezados e desatendidos." (Testimonies, Tomo 5, p. 217).  
V.            "Estes livros contém a verdade clara, honesta e inalterável e certamente devem ser apreciados. As instruções que eles contém não são produção humana." (Carta H-339, 26 de dezembro, 1904) "Em meus livros se afirma a verdade, protegida por um ‘Assim diz o Senhor." – (Carta 90, 1906, citada en Ellen G. White, por Arthur L. White, tomo 4, p. 393)  Numa referência aos ‘testemunhos’: “É Deus, e não um falho mortal, quem fala para salvá-los da ruína.” (Testemunhos Seletos. vol. II, pág. 292).
VI.            Sei que a luz que tenho recebido vêm de Deus, nenhum homem me ensinou sobre ela.” (EGW a Bates, 13 de julho de 1847, MS B-3-1847 (Washington: EGW Estate).  
VII.            Em defesa de sua inspiração, Ellen G. White fez inclusive reivindicação de inspiração verbal mostrando que sua fonte era somente Deus: "Quando minha pena vacila um momento, vêm a minha mente as palavras apropriadas... Quando escrevia estes preciosos livros, se eu titubeava, recebia a palavra mesma que eu queria para expressar a idéia." (3MS, páginas 51, 52).

Para alguns adventistas, pelo fato da própria Ellen G. White haver afirmado que sua fonte de inspiração era unicamente seus sonhos e visões, o assunto já estaria encerrado. Como havia a suspeita de plágio, tornou-se necessário realizar uma séria verificação para inocentar ou comprovar o que foi afirmado. Assim, pela seriedade do assunto, e por ser esta uma maneira utilizada pelos críticos para denegrir a imagem e o ministério de Ellen G. White, a organização adventista patrocinou uma cara e grande investigação sobre o assunto. Em se tratando especificamente da produção de livros, o plágio é definido hoje como a apropriação de idéias ou trechos das obras de outros autores sem atribuir-lhes o devido crédito, bem como o camuflar a obra de qualquer outro e atribuir a si a autoria ou paternidade.  
 I.            Por volta de 1980, o pastor adventista norte-americano Walter Rea afirmava, após haver pesquisado por muitos anos, que Ellen G. White utilizou outras fontes que não as visões e sonhos para escrever os 'testemunhos', chegando mesmo a praticar plágio (utilizando e apropriando-se de escritos e idéias de outros autores sem dar-lhes o devido crédito).  
II.            Em 1980 um Comitê foi designado para analisar as questões levantadas por Walter Rea (que ainda não haviam sido publicadas como livro). Reunidos na cidade americana de Glendale em janeiro daquele ano, eles concluíram que era muito grande a dependência literária de Ellen G. White e foi decidido encarregar um especialista para conduzir uma investigação mais ampla. Assim a IASD pediu ao Ph.D., Dr. Fred Veltman, chefe do departamento de Religião do Pacific Union College e especialista em análise literária, que fizesse uma investigação sobre as acusações de plágio dirigidas contra Ellen G. White por Walter Rea e outros. Depois de oito anos, sendo seis de pesquisa intensiva e U$ 500.000 de despesas o trabalho foi concluído (1988). (Nota: Dependência Literária: algumas vezes também é utlizada a expresão “empréstimo literário”, mas ambas as expressões traduzem o mesmo problema do ‘plágio’, e empréstimo literário seria ainda um eufemismo, pois ‘empréstimo’ traduz a idéia de futura devolução, o que não era o caso).  
 III.            Observe a seguir que, para surpresa e espanto da maioria dos adventistas os resultados da investigação do Dr. Fred Veltman revelaram que Ellen G. White praticou Plágio em diversos níveis e graus sem atribuir absolutamente nenhum crédito aos autores dos quais ela se valeu.   
 IV.            Tudo indica que por quase dois anos houve dúvidas com relação a publicação da pesquisa conduzida pelo Dr. Veltman. Entretanto (e finalmente), o resultado da investigação do Dr. Fred Veltman foi publicado na revista Ministry de novembro de 1990, a revista oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia para seus pastores nos Estados Unidos. A seguir, alguns relatos tais como aparecem na revista:  
 "É de suma importância notar que foi Ellen G. White mesma, não seus assistentes literários, quem compôs o conteúdo básico do texto do livro O Desejado de Todas as Nações. Ao fazer isto foi ela quem tomou expressões literárias das obras de outros autores sem lhes dar crédito como suas fontes.”
 “Segundo, deve-se reconhecer que Ellen G. White utilizou os escritos de outras pessoas consciente e intencionalmente (...). As semelhanças literárias não são o resultado de acidente ou memória fotográfica.” 
“Implícita ou explicitamente, Ellen G. White e outros que falaram em nome dela, não admitiram e até negaram a dependência literária (plágio) da parte dela." (p. 11).  
“Eu penso que qualquer tentativa de direcionar este problema (do plágio) deveria incluir uma consideração séria do que está se entendendo pelo tipo de inspiração de Ellen G. White e do papel dela como uma profetisa.”  
"A maior parte do conteúdo do comentário de Ellen G. White sobre a vida e o ministério de Cristo, O Desejado de Todas as Nações, é mais derivado do que original (...). Em termos práticos, esta conclusão declara que não se pode reconhecer nos escritos de Ellen G. White sobre a vida de Cristo nenhuma categoria geral de conteúdo ou conjunto [catálogo] de idéias que sejam somente dela." (p. 12).  
"Devo admitir desde o começo que, na minha opinião, este é o problema mais sério a ser deparado com relação à dependência literária de Ellen G. White. Isto atesta um golpe ao coração de sua honradez, sua integridade, e portanto, sua confiabilidade." (p. 14).  
A "conclusão" de nº 4 no estudo é: "Ellen G. White empregou um mínimo de 23 fontes de vários tipos de literatura, inclusive ficção, em seus escritos sobre a vida de Cristo". "Na verdade, não há meios de saber quantas fontes [exatamente] estão representadas na obra de Ellen G. White sobre a vida de Cristo". (p. 13).  
V.            Os comentários do Dr. Fred Veltman procedem de alguém amigo, não de algum oponente da Igreja Adventista do Sétimo Dia. E ele não era só um amigo, como também um atuante obreiro adventista antes e depois da pesquisa. A Revista Ministry indagou a Robert Olson, na ocasião secretário do Patrimônio White, se estava satisfeito com a investigação  levada a cabo por Fred Veltman: "Estou totalmente satisfeito com esse estudo. Ninguém poderia ter feito um melhor trabalho. Ninguém. Ele [Fred Veltman] o fez como o faria uma pessoa neutra, não como um apologista". (op. cit., p. 16).   
VI.            Como se viu, sobre a obra "O Desejado de Todas as Nações" também é revelado pelo relatório do Dr. Fred Veltman que 23 diferentes obras foram utilizadas em sua composição, inclusive contos de ficção, como um romance fictício de uma jovem que escrevia sobre Jesus para o seu pai, um rico comerciante judeu que morava no Egito. (Veltman’s Report).  
VII.            Observe esta conclusão feita pelo Dr. Fred Veltman, que destacamos novamente aqui: "Devo admitir desde o começo que, na minha opinião, este [o plágio e sua negativa] é o problema mais sério a ser deparado com relação à dependência literária de Ellen G. White. Isto atesta um golpe ao coração de sua honradez, sua integridade, e portanto, sua confiabilidade." (Revista Ministry, nov. de 1990, pág. 14).

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