Mas ninguém, posto que justificado, se deve julgar eximido
da observância dos mandamentos [cân.
20]. Ninguém deve pronunciar estas palavras temerárias, condenadas pelos Padres com anátema: é
impossível ao homem justificado observar os preceitos de Deus [cân. 18 e 22]. "Porque
Deus não manda coisas impossíveis, mas quando manda, adverte que faças o que possas e
peças o que não possas, e ajuda a poder"5. Os seus mandamentos não são
pesados (1 Jo 5, 3), o seu jugo é suave e o seu peso é leve (Mt 11, 30), pois os que são
filhos de Deus, amam a Cristo, mas os que o amam guardam (como ele testifica) as suas
palavras (Jo 14, 23), e podem seguramente executar isso com o auxílio de Deus. Pois,
também eles nesta vida mortal, por mas santos e justos que sejam, caem às vezes pelo
menos em pecados leves e quotidianos, chamados também "veniais" [cân. 23],
mas com isto não deixam de ser justos. Pois é verdadeira e humilde aquela oração dos justos:
Perdoai-nos as nossas dívidas (Mt 6, 12). E assim acontece que os justos tanto mais se
sentem obrigados a andar pelo caminho da justiça, quanto estando já livres do pecado e
feitos servos de Deus (Rom 6, 22), vivendo sóbria, justa e piedosamente (Tit 2, 12),
podem progredir por meio de Jesus Cristo, por quem tiveram acesso a esta graça (Rom 5, 2).
Porque Deus, os que uma vez foram justificados pela sua graça, "não os
desampara a não ser que seja primeiro abandonado por eles"6. Assim, portanto, ninguém deve
lisonjear-se com a fé somente [cân. 9, 19, 20], julgando estar pela fé somente
constituído herdeiro e que conseguirá a herança ainda que não padeça com Cristo para ser
glorificado com ele (Rom 8, 17). Pois o mesmo Cristo, (como diz o Apóstolo), embora
fosse Filho de Deus, praticou, contudo, obediência pelo sofrimento, e depois de
consumado, se tornou para todos os que lhe obedecem autor da salvação (Hb 5, 8 s). Por
isso o mesmo Apóstolo admoesta os justificados, dizendo: Não sabeis que os que
correm no estádio, correm, sim, todos, mas um só é que alcança o prêmio? Correi, pois, de
modo que o alcanceis. Quanto a mim, corro, não como quem não tem meta certa,
combato não como quem açoita o ar, mas castigo o meu corpo e o reduzo à escravidão,
para que não suceda que, tendo eu pregado aos outros, venha eu mesmo a ser réprobo (1
Cor 9, 24 ss). De modo semelhante, fala o Príncipe dos Apóstolos, S. Pedro: Ponde cada
vez mais cuidado em tornardes certa a vossa vocação e eleição por meio do boas
obras, porque fazendo isto, não pecareis jamais (2 Ped 1, 10). Donde se infere que
impugnam a doutrina da religião ortodoxa aqueles que dizem que o justo em todas as
obras boas peca ao menos venialmente [cân. 25] ou, (o que é ainda mais intolerável),
merece penas eternas; e [erram] também os que afirmam que os justos pecam em todas as obras,
se, despertando de sua indolência e animando-se a correr no estádio, pondo seu
intento primeiramente na glória de Deus, olham também para o prêmio eterno [cân. 26,
31], como está escrito: inclinei o meu coração para executar as vossas justificações,
por amor da retribuição (Sl 118, 112); e de Moisés diz o Apóstolo: que olhava para a
remuneração (Hb 11, 26).
A pergunta para exame é: Qual dos seguintes, abaixo listados, não poderia ter escrito o texto acima?
A pergunta para exame é: Qual dos seguintes, abaixo listados, não poderia ter escrito o texto acima?
A. Martinho Lutero
B. João Calvino
C. Ellen G. White (Igreja
Adventista do Sétimo Dia)
D. O Concílio de Trento (Igreja
Católica Apostólica Romana)
E. Charles Spurgeon
Adaptado de Haroldo Camacho em:
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